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A comunidade médica e científica discute em todo o mundo qual a conduta ideal para identificação de biomarcadores de seleção terapêutica: se as amostras dos tumores devem ser analisadas por testes individuais para busca de marcadores únicos ou por painéis capazes de abranger mais genes em uma mesma leitura. A decisão é importante porque o custo e o tempo necessário para saber se o perfil do paciente permite que ele receba uma droga alvo-direcionada podem ser determinantes para o sucesso do tratamento.

Os testes individuais baseiam-se em técnicas mais antigas (PCR, FISH e outros), enquanto esses painéis utilizam o sequenciamento de nova geração (Next Generation Sequence, NGS). Até então, se pensava que o custo dos testes individuais era menor e, portanto, esta opção seria a mais adequada em um país com restrição de recursos, como o Brasil. Contudo, dados preliminares apresentados por pesquisadores brasileiros no Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) mostram o contrário.

De acordo com o estudo “Cost-effectiveness analysis comparing companion diagnostic tests for EGFR, ALK and ROS-1 versus next-generation sequence (NGS) in advanced adenocarcinoma lung cancer patients”, os testes individuais podem acrescentar até 800,76 dólares por caso em comparação aos painéis NGS. Além disso, os autores utilizaram uma unidade específica de economia de saúde (incremental cost-effectiveness ratio, ICER) para comprovar que a adoção dos painéis NGS tem um custo-efetividade viável, mesmo na realidade brasileira.

“A repercussão foi muito grande no ASCO porque esta discussão sobre utilizar ou não os painéis é global”, afirma o Dr. Carlos Gil, vice-presidente para Pesquisa Clínica e Estudos Cooperativos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Ele é um dos autores da pesquisa, ao lado de Luciene Schluckebier, Rosangela Caetano e Veronica Aran.

O especialista acrescenta que, em adenocarcinoma de pulmão avançado, é mandatório hoje pesquisar mutação do EGFR e a translocação de ALK e ROS-1 para oferecer a melhor intervenção, que são as drogas alvo-direcionadas, e fazer cada um destes testes individualmente utiliza três vezes mais amostras do tumor e leva de 30 a 45 dias a mais.

Outra grande vantagem evidenciada pelo estudo dos brasileiros é a maior sensibilidade dos painéis NGS. Nesta pesquisa, eles foram capazes de detectar corretamente 24% casos a mais, ou seja, que seriam classificados como falsos-negativos nos outros tipos de teste molecular. A previsão é que o estudo completo seja publicado em agosto.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) está realizando uma pesquisa online para identificar o conhecimento dos profissionais de saúde brasileiros que atuam no cuidado de pacientes oncológicos (oncologistas, onco-hematologistas, cirurgiões oncológicos e radioterapeutas) a respeito de medicamentos biossimilares.

A iniciativa tem a colaboração da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT). As informações são confidenciais e os dados obtidos serão utilizados exclusivamente para finalidades científicas.

Para responder a pesquisa, os associados devem acessar o link enviado por e-mail.

Ainda estão abertas às contribuições dos associados as diretrizes da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) sobre adenocarcinoma colorretal, adenocarcinoma de pâncreas, bexiga, melanoma, próstata e rim. Os oncologistas podem enviar sugestões de acréscimo, exclusão ou ajuste. Para participar, basta logar-se no site da SBOC. Todos os comentários serão analisados e considerados para incorporação nos documentos.

O Dr. André Sasse, que coordena a iniciativa ao lado da Dra. Rachel Riechelmann, conta que, desde maio até agora, foram recebidas pela SBOC algumas contribuições pontuais bastante pertinentes, mas que o número de mensagens é pequeno. “A participação dos associados por enquanto está aquém do que consideramos ideal para este processo de construção coletiva do conhecimento”, afirma o oncologista.

Mais cinco diretrizes estão em fase de diagramação e entrarão nos próximos dias para avaliação dos oncologistas brasileiros: cabeça e pescoço, estômago, mama, ovário e pulmão.

Outras sete diretrizes estão sendo elaboradas para apresentação das versões preliminares em agosto: tumores neuroendócrinos, hepatocarcinoma, sarcomas de partes moles, gliomas malignos, câncer de pênis, de testículo e de canal anal. A ideia é que por um mês também fiquem abertas à colaboração dos associados.

De acordo com o Dr. André Sasse, a SBOC pretende lançar no XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica (25 a 28 de outubro, no Rio de Janeiro) o texto definitivo dessas 18 diretrizes.

“Ao elaborar as novas diretrizes estamos cumprindo uma obrigação estatutária da SBOC. E, ao convocar os associados para participar, queremos que as diretrizes sejam resultado da discussão da SBOC como um todo, não somente de sua diretoria”, afirma o Dr. Gustavo Fernandes, presidente da SBOC.

Adaptadas à realidade brasileira

As diretrizes são guias de orientação de conduta oficiais da SBOC cujo objetivo é dar segurança aos especialistas no manejo dos pacientes. As sugestões de conduta são classificadas de acordo com as forças de recomendação e evidência na literatura. Além de estar em português, diferenciam-se por refletir a realidade brasileira, considerando a relevância clínica e o impacto econômico.

As versões preliminares foram elaboradoras por oncologistas experientes de diversas regiões do país, com produção acadêmica e científica significativa e líderes de opinião em suas áreas. As recomendações terapêuticas devem ser aplicáveis tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar.

Acesse as diretrizes aqui.

A edição nº 2 da revista científica Brazilian Journal of Oncology (BJO) já está disponível no site www.brazilianjournalofoncology.com.br. Dois dos artigos originais publicados discutem diretamente questões de saúde pública. Um deles destaca o resultado de uma pesquisa do Instituto Oncoguia intitulada “Diferenças no tratamento sistêmico do câncer no Brasil: meu SUS é diferente do teu SUS”. O estudo revela que não há padrão de oferta de drogas para tratamento do câncer no país. Um dos problemas apontados é que os hospitais são livres para seguir ou não as recomendações do Ministério da Saúde, inclusive para decidir se compram ou não determinados medicamentos.

Outro artigo da BJO apresenta uma análise dos 20 anos do modelo de remuneração do SUS para a radioterapia. Os autores questionam se é preciso haver mudanças e quais seriam os caminhos viáveis. A Brazilian Journal of Oncology publica também recomendações sobre a imunização no paciente adulto com tumores sólidos. As sugestões de conduta são adaptadas à realidade brasileira.

Sinais e sintomas vestibulares em pacientes que receberam tratamento com drogas derivadas da platina é tema de outro dos textos. A edição traz, ainda, um artigo a respeito da avaliação do estado nutricional, consumo alimentar e capacidade funcional em pacientes oncológicos.

Divulgação científica

A BJO é uma iniciativa conjunta das Sociedades Brasileiras de Oncologia Clínica (SBOC), Cirurgia Oncológica (SBCO) e Radioterapia (SBRT). A revista foi lançada este ano com o objetivo de divulgar o conhecimento gerado no país de forma a contribuir para o desenvolvimento da oncologia brasileira como um todo.

De acordo com a diretora executiva da SBOC, Dra. Cinthya Sternberg, as três instituições estão concentrando esforços para o aprimoramento da revista e sua indexação a bases de dados internacionais. “Para atingir este grande objetivo, precisamos também que os pesquisadores abracem a ideia e submetam seus trabalhos para publicação no periódico”, ressalta.

O Dr. Artur Katz, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) de 1995 a 1997, é o único brasileiro convidado a integrar o atual grupo do Membership Advisory Committee, comitê da American Society of Clinical Oncology (ASCO) que assessora a diretoria sobre o relacionamento dos associados com a instituição. Os 12 demais membros atuam nos Estados Unidos.

De acordo com a ASCO, menos de um terço (32%) dos seus mais de 40 mil membros residem fora dos Estados Unidos. A primeira reunião deste grupo ocorrerá em agosto por teleconferência. “Sinto-me muito feliz pela oportunidade de contribuir, de forma pessoal e representando o nosso país, para as decisões da ASCO”, ressalta. “Não existe uma sociedade mundial de oncologia; a ASCO acaba desempenhando este papel por ser a maior”, avalia.

Os membros dos comitês atuam de forma rotativa como voluntários em comissões para as quais têm experiência relevante. Graduado em 1981 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o Dr. Artur Katz fez clínica médica na mesma instituição e especializou-se em oncologia clínica no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York (EUA). Seus principais campos de atuação são câncer de mama e de pulmão. Tem quatro livros e centenas de artigos científicos publicados. Atualmente, coordena a Oncologia Clínica do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde também é membro do Conselho do Instituto de Ensino e Pesquisa.

Segundo o site da sociedade americana, o Membership Advisory Committee fornece orientação estratégica para a captação e retenção de membros, orienta a revisão dos pedidos de adesão e faz recomendações ao Conselho de Administração sobre os pedidos de adesão de acordo com o Estatuto Social da ASCO, além de recomendar mudanças nos critérios de associação e benefícios quando necessário. “Na reunião de agosto, saberemos qual a expectativa da ASCO sobre a minha participação como representante do Brasil no grupo e, ainda, a pauta específica a ser desenvolvida”, finaliza Katz.

Nos dias 27 e 28 de junho, o Instituto Oncoguia realizará o 7º Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia. Com inscrições gratuitas e vagas limitadas, o evento ocorrerá no auditório do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Representantes da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participarão de duas mesas de discussão. Na terça-feira (27), o Dr. Sergio Simon, presidente eleito para 2017-2019, é um dos debatedores do tema “Conhecendo as demandas das principais sociedades médicas e definindo prioridades”. A proposta é esclarecer os posicionamentos específicos da SBOC e das Sociedades Brasileiras de Cirurgia Oncológica, Radioterapia e Oncologia Pediátrica quanto às necessidades de aprimoramento das políticas de atenção oncológica. Um documento oficial formalizando essas demandas deve ser entregue ao Ministério da Saúde após o evento.

A outra participação da SBOC será na quarta-feira (28). O Dr. Rodrigo Munhoz, oncologista clínico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), do Hospital Sírio-Libanês e vice-presidente eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para Ensino 2017-2019 estará na mesa “A Oncologia e o rol de procedimentos de cobertura obrigatória pelos planos de saúde suplementar". O objetivo é repensar o modelo de incorporação de procedimentos na saúde suplementar. De acordo com os organizadores do fórum, algumas tecnologias dependem única e exclusivamente do registro na Anvisa para serem oferecidas aos pacientes, como é o caso dos antineoplásicos endovenosos. Outras, como métodos cirúrgicos e radioterápicos e medicamentos antineoplásicos de uso oral em domicílio, devem constar expressamente do rol de procedimentos, cuja atualização ocorre somente a cada dois anos. A reivindicação é que esses processos sejam readequados para garantir a cobertura necessária aos usuários.

O Dr. Paulo Hoff, diretor do Icesp e do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, fará uma palestra na abertura do evento sobre oportunidades e desafios para atenção oncológica no Brasil. O fórum discutirá, ainda, temas como desafios para garantia de diagnóstico rápido e de qualidade; desigualdade e falta de equidade na assistência oncológica comparando diversos serviços; avaliação e incorporação de tecnologias ao SUS; acesso universal aos avanços da medicina personalizada; tratamento adequado da dor, atendimento multidisciplinar e cuidados paliativos; e direitos dos pacientes com câncer.

Ainda há vagas disponíveis. Mais informações e inscrições aqui. 

No Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017), três estudos chamaram a atenção da Dra. Rachel Riechelmann na área de tumores gastrointestinais. Na opinião dela, os resultados têm potencial para mudar a conduta dos oncologistas. A médica é diretora científica do Grupo Brasileiro de Tumores de Gastrointestinais e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

O primeiro trabalho destacado pela especialista é uma análise combinada de seis estudos fase III, somando 12.834 participantes, que avaliou a não-inferioridade de três meses versus 6 meses de adjuvância com oxaliplatina em termos de taxa de sobrevida livre de recorrência aos três anos em pacientes com câncer de cólon em estádio inicial. Os resultados de três meses de tratamento foram não inferiores a seis meses para pacientes com tumores T1-3N1. Para pacientes T4 ou N2, seis meses de adjuvância permanecem o padrão. Contudo, ressalta a oncologista, é preciso lembrar que a neurotoxicidade associada a seis ciclos de oxaliplatina pode ser limitante em uma proporção significativa de pacientes.

Segundo a Dra. Rachel, outro estudo relevante para a conduta clínica é o BILCAP, um ensaio fase III de oito ciclos de capecitabina adjuvante versus observação em pacientes com tumores de vias biliares ressecados. Em um seguimento mediano de 39 meses, o medicamento aumentou a sobrevida mediana em 15 meses. Na análise por intenção de tratamento, obteve-se 51 meses versus 36 meses (p=0.097). O resultado foi semelhante na análise por protocolo: 53 meses versus 36 meses, mas estatisticamente significativo (p=0.028). Na análise ajustada para fatores prognósticos, a capecitabina também aumentou a sobrevida global (p=0.007). Não houve piora de qualidade de vida com o medicamento. Portanto, o padrão para pacientes com tumores de vias biliares ressecados é capecitabina adjuvante por oito ciclos.

Mais um estudo que muda a prática clínica, de acordo com a oncologista, é o FLOT4 fase III de quimioterapia perioperatória FLOT versus ECF/ECX em 716 pacientes com adenocarcinoma gástrico ou da junção operados. Completaram o tratamento pré e pós-operatório 91% e 37% (ECF/X) e 90% e 50% (FLOT) dos pacientes, respectivamente. Após um seguimento mediano de 43 meses, a sobrevida mediana foi de 35 meses para ECF/X e de 50 meses para FLOT (p=0.012), com taxa de sobrevida livre de recorrência aos três anos de 48% para ECF e de 57% para FLOT. Taxas de complicações pós-operatórias foram semelhantes em ambos os grupos.

Além desses, outros estudos mostraram resultados encorajadores, segundo a da Dra. Rachel. Um exemplo é o estudo SWOG1406, randomizado de fase II, em que a adição de verumafenibe a cetuximabe mais irinotecano em segunda ou terceira linha para pacientes com câncer colorretal metastático e com mutação no oncogene BRAF demonstrou ganho significativo em sobrevida livre de progressão mediana.

Mais novidades da ASCO 2017

O Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) aconteceu de 2 a 6 de junho, em Chicago (EUA). Acompanhe as novidades aqui no site da SBOC.

O próximo exame de suficiência para obtenção do Título de Especialista em Cancerologia (TECA) será realizado durante o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, no Hotel Windsor Oceânico, no Rio de Janeiro (RJ). O evento ocorrerá de 25 a 28 de outubro. O dia da prova será definido em breve. O edital com informações completas deve ser publicado em julho.

De acordo com o Dr. Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, o Título de Especialista credencia o médico a praticar a Oncologia e a ser membro titular da SBOC. “É o reconhecimento da Sociedade, a validação de tudo o que aprendeu, a valorização da sua formação”, define.

O Dr. Gustavo Fernandes lembra que mesmo aqueles médicos que tenham concluído programas de residência credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica podem e devem candidatar-se ao título.

O Dr. Fernando Santini, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e fellow em oncologia torácica avançada pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center, traz mais novidades da sessão oral em câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado do Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017). Ele comenta sobre a capacidade do osimertinibe em anular o efeito prognóstico deletério da metástase no sistema nervoso central, os resultados que levaram lorlatinibe a ser designado como terapia inovadora pelo Food and Drug Administration (FDA) para um determinado grupo de pacientes, os dados de dacometinibe versus gefitinibe em portadores de mutação ativadora do EGFR e também escolha de alectinibe em primeira linha para pacientes portadores de CPNPC avançado com rearranjo do ALK. Confira a seguir.

AURA 3

Este é um estudo de fase III que incluiu pacientes com CPNPC avançado T790M positivos portadores de mutação ativadora do EGFR pós-progressão a inibidor de tirosina cinase. Os pacientes foram randomizados entre quimioterapia a base de platina e osimertinibe 80 mg diariamente. Osimertinibe apresentou sobrevida livre de progressão no sistema nervoso central mais prolongada (11,7 meses versus 5,6 meses) e maior taxa de controle de doença do que no braço quimioterapia (93% versus 63%). Probabilidade de progressão no sistema nervoso central foi menor com osimertinibe, que também apresentou atividade contra acometimento leptomeníngeo. O grupo de pacientes com metástase no sistema nervoso central ao diagnóstico que receberam osimertinibe possuem resultados semelhantes ao grupo sem metástase no sistema nervoso central que também receberam o medicamento. Sugere-se, assim, que este potente inibidor irreversível do EGFR de terceira geração conseguiria anular o efeito prognóstico deletério da metástase no sistema nervoso central.

Lorlatinibe

Lorlatinibe foi testado em quatro coortes do estudo fase II que incluíram pacientes portadores de CPNPC avançado e do rearranjo ALK que progrediram após um a três inibidores do ALK +/- quimioterapia. O desfecho primário consistia em taxa de resposta sistêmica e intracraniana. A taxa de resposta sistêmica foi de 32%, enquanto a de controle de doença em 12 semanas ficou em 56%. Por sua vez, a taxa de resposta intracraniana foi de 48% e a de controle de doença intracraniana em 12 semanas atingiu 75%. Quatro de sete pacientes que progrediram a três inibidores do ALK previamente apresentaram resposta intracraniana. Hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia configuram os principais efeitos colaterais relacionados ao tratamento. Alterações cognitivas e de humor são, na maioria dos casos, graus 1 e 2 e reversíveis após redução de dose. Sendo assim, lorlatinibe apresentou respostas duradouras nesta população politratada e recebeu a designação de terapia inovadora (breakthrough designation) pela agência americana Food and Drug Administration (FDA) para pacientes que progrediram após um ou mais inibidores do ALK, o que significa que os estudos subsequentes são considerados prioritários.

ARCHER 1050

Neste estudo de fase 3 sobre tratamento de primeira linha, pacientes com CPNPC avançado portadores de mutação ativadora do EGFR foram randomizados entre dacometinibe e gefitinibe. Pacientes com metástase no sistema nervoso central foram excluídos. Dacometinibe representa inibidor de EGFR de segunda geração, irreversível e com potencial de inibição de HER1, 2 e 4. Vale enfatizar que aproximadamente 75% dos pacientes eram asiáticos. Pacientes no grupo dacometinibe apresentaram sobrevida livre de progressão mediana de 14,7 meses versus 9,2 meses no grupo gefitinibe. As taxas de respostas são semelhantes, aproximadamente 70%, mas as respostas são maiores e mais duradouras com dacometinibe (14,8 meses versus 8,3 meses), justificadas pela sua maior potência. Este benefício traduziu-se em maior toxicidade cutânea e gastrintestinal. Em contrapartida, apresentou menor taxa de elevação de transaminases quando comparados com gefitinibe. Taxa de suspensão do tratamento foi de 10% para dacometinibe e de 7% com gefitinibe. É importante ressaltar a taxa de redução de dose de 66% nos pacientes que receberam dacometinibe. Sendo assim, dacometinibe apresentou-se superior ao gefitinibe às custas de maior toxicidade. Principalmente para a população asiática, representa nova opção para tratamento de primeira linha.

ALEX

Alectinibe e crizotinibe foram testados em primeira linha para pacientes portadores de CPNPC avançado com rearranjo do ALK. O estudo já foi publicado no The New England Journal of Medicine*. Alectinibe demonstrou ser superior ao crizotinibe e menos tóxico, com potente ação no sistema nervoso central, e tornou-se droga de escolha em primeira linha neste grupo de pacientes. Outros inibidores de ALK também estão sendo testados em primeira linha.

*Acessível pela Biblioteca da SBOC

Mais novidades da ASCO 2017

O Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) aconteceu de 2 a 6 de junho, em Chicago (EUA). Acompanhe as novidades aqui no site da SBOC.

A Dra. Aline Lauda Freitas Chaves, oncologista do Hospital São João de Deus e professora da Universidade Federal de São João del Rey, em Minas Gerais, conta que o Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) trouxe novidades, tratamentos promissores e respostas a dilemas antigos dos oncologistas que tratam pacientes com câncer de cabeça e pescoço.

Na sessão oral, o estudo fase III sobre o uso de cisplatina (semanal ou a cada 21 dias) concomitante a radioterapia foi, segundo ela, um dos mais comentados. A conclusão é que a dose semanal é menos eficaz do que a dose a cada 21 dias. O ensaio recebeu algumas críticas, por utilizar dose de 30 mg/m2 por semana, e não 40 mg/m2, como é preconizado, e também pelo fato de incluir pacientes em tratamento adjuvante pós-operatório associado a radioterapia e pacientes com tumores localmente avançados com cisplatina concomitante a radioterapia como tratamento definitivo.

Alguns estudos fase III negativos chamaram ainda a atenção, de acordo com a especialista. O uso de afatinibe adjuvante após quimio e radioterapia em pacientes com tumores irressecáveis não demonstrou ganho em sobrevida livre de doença comparado a placebo. Em outro estudo, a inclusão de bevacizumabe a uma associação de quimioterapia com platina para tumores recidivados ou metastáticos não demonstrou ganho na sobrevida global (end point primário do estudo), apesar de ter demonstrado ganho em sobrevida livre de progressão e taxa de resposta. Por fim, um estudo muito interessante, também fase III, analisou a inclusão ou não de quimioterapia adjuvante para pacientes com câncer de nasofaringe – em remissão completa após quimio e radioterapia concomitantes – que apresentavam DNA do vírus Epstein Bar detectável no plasma. O uso de quimioterapia adjuvante com cisplatina e gemcitabina não melhorou a sobrevida global e nem a sobrevida livre de recidiva (end point primário do estudo) comparado ao seguimento clínico exclusivo.

Sobre novas drogas, a oncologista destaca um estudo fase I/II sobre a associação de pembrolizumabe à nova droga epacadostat, um potente inibidor seletivo da IDO1 (indoleamine 2,3-dioxygenase 1), enzima que induz imunotolerância por meio da supressão de células T. A superexpressão de IPO 1 prediz pior prognóstico em tumores de cabeça e pescoço. Os resultados deste estudo, segundo ela, são preliminares, mas promissores.

Política pública contra o HPV

Um estudo transversal com impacto imediato nas políticas públicas foi a avaliação de infecção oral pelo vírus do HPV após vacinação de adultos jovens, ressaltou a especialista. Em indivíduos que reportaram tomar pelo menos uma dose da vacina contra o HPV (subtipos 16/18/6/11), a prevalência de infecção oral pelo vírus do HPV foi significativamente reduzida em comparação aos não vacinados (0,11% versus 1,61%; p=0.008), correspondendo a uma redução de 88% na prevalência da infecção. Notadamente, a prevalência de infecção pelos subtipos de HPV 16/18/6/11 em homens vacinados em comparação a não vacinados foi significativamente menor (0,0% versus 2,13%; p=0.007). Conclui-se que a vacinação reduz substancialmente a prevalência de infecção oral pelo HPV entre adultos jovens. Reforça, ainda, a necessidade de maior adesão à vacina pelos adultos jovens para que seja realmente efetiva em nível populacional.

Mais novidades da ASCO 2017

O Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) aconteceu de 2 a 6 de junho, em Chicago (EUA). Acompanhe as novidades aqui no site da SBOC.

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