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Às vésperas do Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no próximo domingo, 29 de agosto, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participou de duas audiências na Câmara dos Deputados para discutir estratégias de combate ao tabagismo e os impactos do consumo de tabaco no desenvolvimento de diversos tipos de câncer.
Um dos mais relacionados ao fumo, o de pulmão, foi tema da audiência pública extraordinária convocada pela Comissão Especial de Combate ao Câncer no Brasil, criada pela Câmara para discutir ações de controle da doença em todo o território nacional. Com o tema “Agosto Branco: conscientização sobre câncer de pulmão”, a reunião contou com a participação da oncologista Dra. Ana Gelatti, diretora da SBOC, que apresentou as iniciativas da entidade na área.
Em paralelo, a presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, discutiu na Comissão de Seguridade Social e Família o impacto do uso do tabaco na saúde e as medidas necessárias para prevenir o tabagismo – em especial, em meio à pandemia do novo coronavírus. “A COVID-19 aprofundou ainda mais outra pandemia que o mundo enfrenta há tempos, a do consumo do tabaco em suas diversas formas e do surgimento de diferentes tipos de câncer associados ao hábito”, comentou. “É preciso garantir políticas públicas que protejam a população deste mal tão antigo, mas que cada vez mais temos enfrentado”, acrescentou.
O deputado Dr. Zacharias Calil (DEM-GO), que propôs a audiência, citou pesquisas que apontam que 34% dos fumantes aumentaram o consumo de tabaco durante a pandemia, alertando que o tabagismo eleva o risco de desenvolvimento do quadro grave da doença. “O tabagismo é reconhecido como doença e também fator de risco para as doenças crônicas não transmissíveis, categoria que inclui o câncer, mas também as doenças cardiovasculares, respiratórias crônicas, diabetes e transtornos mentais”, contou o parlamentar, que também é médico.
Na audiência da Comissão Especial de Combate ao Câncer no Brasil, a deputada Flávia Morais (PDT-GO), que solicitou a reunião, destacou que cerca de 13% de todos os novos casos de câncer são de pulmão, sendo o segundo tipo de câncer com maior incidência de morte entre homens e mulheres.
“Apesar de ser responsável por uma em cada cinco mortes por câncer no Brasil, ainda temos dificuldade em conseguir diagnosticar precocemente o câncer de pulmão”, diz Flávia Morais. “Se descoberto em estágio inicial, a taxa de sobrevida de pacientes com este tipo de câncer aumenta em 56%”, ressalta.
Para Dra. Ana Gelatti, um dos maiores desafios é o diagnóstico precoce. “Trata-se de um câncer que evolui rápido e que, na maioria dos casos, só apresenta sinais e sintomas em estágio já avançado da doença”, contou. “Por isso, precisamos ampliar nossa capacidade de realizar tomografia computadorizada de baixa dosagem (TCBD), que reduz a mortalidade por câncer de pulmão em torno de 20%, além de avançarmos no tratamento sistêmico e no impacto das políticas locais antitabaco.”
Segundo dados do Radar do Câncer, 86,2% dos brasileiros diagnosticados com câncer de pulmão em 2016 já estavam em estágios 3 e 4.
Também participaram da audiência da Comissão Especial de Combate ao Câncer no Brasil Dr. Arn Migowski Rocha dos Santos, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), representando o Ministério da Saúde; Dr. Gustavo Faibischew Prado da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT); Luciana Holtz, do Instituto Oncoguia; e Dr. Ricardo Sales, médico cirurgião torácico.
Da reunião da Comissão de Seguridade Social e Família, Dr. Diogo Alves, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS-OMS); Dr. Felipe Mendes, da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco; Dra. Maria das Graças Rodrigues de Oliveira, da Comissão de Controle do Tabagismo da Associação Médica Brasileira (AMB); Dra. Suzana Tanni, da SBTP; Dr. Luiz Maltoni, da Fundação do Câncer; e Dra. Mônica Andreis, da ACT Promoção da Saúde.
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