Valorizando a ciência e aqueles que se dedicam para o enfrentamento do câncer no Brasil, nesta sexta-feira, 17 de novembro, durante o XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, aconteceu a cerimônia oficial de entrega dos Prêmios SBOC 2023.
Os vencedores foram:
Os troféus foram entregues pelo presidente da SBOC, Dr. Carlos Gil Ferreira, pela diretora-executiva, Dra. Marisa Madi, e as diretoras Dra. Andreia Melo, Dra. Anelisa Coutinho e Dra. Angélica Nogueira.
Confira a galeria de fotos da sessão:
Dados do Censo SBOC da Oncologia Clínica no Brasil, divulgados nesta quinta-feira, 16 de novembro, revelam que 65% dos médicos oncologistas estão satisfeitos com a carreira. No entanto, dos 761 participantes da pesquisa realizada com profissionais de todos os estados do país, 55% relataram vivenciar estresse no dia a dia. A dificuldade de acessar novos medicamentos (54%), o alto custo dos tratamentos (46%) e o subfinanciamento e/ou gestão ineficiente dos sistemas de saúde (36%) foram apontados como maiores desafios desses especialistas.
Os diagnósticos tardios do câncer, por sua vez, foram lembrados por 42% como um obstáculo entre aqueles que atuam, integralmente ou na maior parte do tempo, no serviço público. Na parcela de entrevistados que atuam, majoritariamente ou somente no serviço privado, esse índice cai para 26%. Outra reclamação comum é o excesso de demanda por WhatsApp, sendo mais frequente (35%) entre os que atuam principalmente no serviço privado do que no serviço público (18%).
No sistema público, 36% dos oncologistas têm acesso parcial a novas tecnologias e 44% obtêm acesso apenas por meio de judicialização. No serviço privado, a judicialização cai para 2%, e 58% disseram ter acesso parcial a novas tecnologias.
O maior estudo já feito no Brasil sobre a prática da oncologia clínica no Brasil foi lançado durante o primeiro dia de XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontece até 18 de novembro na cidade do Rio de Janeiro. “A partir dos dados do Censo, será possível atuar de maneira mais direcionada para atender às demandas e às necessidades dos profissionais, no sentido de fortalecer a oncologia clínica brasileira”, avaliou o presidente da SBOC, Dr. Carlos Gil Ferreira.
Segundo Dra. Aline Lauda, integrante do grupo da Diretoria da SBOC responsável pela realização da iniciativa, o estudo teve por objetivo entender exatamente quem são os associados da SBOC. “A entidade está cada vez mais profissionalizada, mas precisamos conhecer quem são as pessoas que representamos e que queremos ajudar. A ideia do Censo foi essa”, explicou.
O Censo mostrou uma igualdade numérica de gênero na atuação da oncologia clínica, sendo 50% dos participantes mulheres e 50% homens; a maioria atua no Sudeste do país (54%), seguido por Nordeste (18%), Sul (17%), Centro-Oeste (9%) e Norte (3%); e nas capitais e regiões metropolitanas (70%).
Segundo Dra. Maria Ignez Braghiroli, diretora da SBOC, a distribuição de gênero da entidade é relevante não apenas no quadro associativo, mas também pela representação na Diretoria e nas coordenações de comissões e comitês. “Me sinto valorizada por essa divisão, em que metade das oncologistas são mulheres, se refletir dentro da Sociedade”, afirmou.
A média de idade do oncologista clínico associado à SBOC é de 43 anos, sendo que 45% têm até 39 anos e apenas 22% têm 50 anos ou mais. “Esses números nos revelam que grande parte dos oncologistas clínicos que atuam no país são jovens”, comentou Dra. Aline, responsável por esmiuçar os achados durante a sessão de apresentação no SBOC 2023.
Entre os entrevistados, 81% se autodeclararam brancos, 16% pardos, 2% amarelos e 1% preto. Sessenta e sete por cento têm filhos, 94% disseram ser heterossexuais e 6% homossexuais ou bissexuais.
A atuação dos associados se dá, de forma majoritária, no serviço privado: 38% somente atuam no serviço privado, 32% na maior parte do tempo no privado, 26% na maior parte em serviço público e 4% apenas em serviço público. Quarenta e dois por cento dos participantes atendem, em média, até 10 novos pacientes (primeiras consultas) por mês; e 11% mais de 30 novas consultas.
O Trimodal é uma série de eventos online com discussão multidisciplinar em oncologia, promovidos em conjunto por SBOC, SBRT e SBCO.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) quer construir junto com os congressistas as recordações do XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica! Por isso, a instituição irá promover, pela primeira vez, um concurso para escolher a melhor foto do evento.
Para participar, basta seguir os seguintes passos:
1) Tirar uma foto no Congresso.
2) Publicar, durante o evento, no Instagram, Facebook, Twitter, LinkedIn ou Threads;
3) Marcar a SBOC e utilizar a hashtag #SBOC2023.
Uma equipe técnica irá selecionar a imagem que mais se destacou e o vencedor irá receber uma inscrição para o Congresso SBOC 2024. A identidade do premiado e a foto escolhida serão anunciadas no último dia de evento, lembrando que o Congresso ocorrerá de 16 a 18 de novembro, na cidade do Rio de Janeiro.
Ainda é possível se inscrever acessando este endereço.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 20 de novembro, a Consulta Pública (CP) Nº 46.
A tecnologia avaliada é:
Pembrolizumabe
Indicação: Tratamento de primeira linha em pacientes com câncer colorretal (CCR) metastático com instabilidade microsatélite alta (MSI-H) ou deficiência de enzimas de reparo (dMMR) do DNA
Fortalecendo sua responsabilidade social, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) irá apadrinhar duas Organizações Não-Governamentais (ONGs) cariocas que atuam no cuidado oncológico durante as atividades do XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontecerá de 16 a 18 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ).
A ação tem como intuito reforçar o tripé social das políticas de ESG da entidade. A sigla (em inglês) refere-se à sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa, políticas que foram centralizadas no planejamento estratégico da SBOC.
Dessa forma, durante os três dias de evento, representantes das ONGs estarão presentes no estande da SBOC para apresentar a sua atuação para os mais de 4 mil congressistas esperados. No local, também será possível contribuir financeiramente com os projetos, que dependem de doações para manterem-se.
Uma das ONGs contempladas é a Casa de Apoio à Criança com Câncer Santa Teresa (CACCST). Fundada em 2000, a instituição tem por finalidade apoiar as crianças portadoras de neoplasia e seus familiares, oferecendo hospedagem, alimentação, transporte até hospitais, orientação psicológica e pedagógica, recreação e outras atividades de cunho social.
Suas atividades começaram após a detecção que crianças pobres tinham imensa dificuldade em iniciar e dar continuidade em seus tratamentos, seja por questões financeiras, seja por questões relacionadas à permanência de acompanhantes e à necessidade de transporte contínuo.
Outro projeto apadrinhado é o Favela Compassiva, que atua na Rocinha e no Vidigal oferecendo cuidados paliativos aos moradores. Trata-se de uma iniciativa comunitária, realizada por meio de trabalho voluntário e formada por locais, que com apoio de profissionais de saúde de diversas áreas criam uma rede focada na construção de uma nova realidade social ao proporcionar dignidade para pacientes que sofrem com doenças que ameaçam a vida.
O trabalho é baseado no conceito de comunidade compassiva, criado pelo sociólogo Allan Kellehear nos anos 2000, com o objetivo de inspirar a criação de redes solidárias dentro de comunidades como ferramentas de transformação social. Assim, cada intervenção é sempre baseada nos laços comunitários e em seu contexto específico.
A nova iniciativa em ESG soma-se, por exemplo, à neutralização das emissões de carbono do Congresso, em parceria com o Carbon Free Brasil. As organizações irão comprar créditos de carbono do Projeto de Substituição de Combustíveis Poluentes das pequenas cerâmicas Argibem, São Sebastião e Vulcão, localizado na Barra do Piraí – região Sul do estado do Rio de Janeiro. Elas utilizavam óleo pesado como combustível para queima das peças, mas desde 2006, com apoio de créditos de carbono, elas passaram a usar biomassa renovável, que é uma fonte limpa de energia.
Conheça e apoie as ONGs
Casa de Apoio à Criança com Câncer Santa Teresa
Chave Pix para doações: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Chave Pix para doações: 48.106.890/0001-47
Uma em cada três publicações sobre câncer nas redes sociais contém informação incorreta, segundo o National Cancer Institute (NCI). Ao longo deste ano, a SBOC foi contatada diversas vezes pela imprensa para desmentir fake news ou explicar associações equivocadas a partir de postagens de grande repercussão nas redes sociais.
Em entrevista ao jornal Estado de Minas, Dr. Carlos Gil, presidente da SBOC, fala sobre a importância da divulgação de informações com base em evidências científicas: “Isso reflete o compromisso da SBOC com a condução de estudos clínicos rigorosos, revisões sistemáticas e análises científicas para avaliar a eficácia e a segurança de todas as terapias, independentemente de serem convencionais ou alternativas”.
Entre os impactos relacionados à prevenção, Dra. Angélica Nogueira Rodrigues, coordenadora do Comitê de Tumores Ginecológicos da SBOC, afirma que a prevenção do câncer também pode ser afetada pela desinformação, principalmente quando o tema é vacinação contra o HPV.
Dra. Daniela Rosa, coordenadora do Comitê de Tumores Mamários da entidade, reforça a importância da divulgação científica responsável: “Sabemos que o modo no qual uma questão de saúde é enquadrada afeta a opinião pública, influencia o comportamento individual e desempenha um papel central no processo da formação das políticas de saúde”.
Rodrigo Ramella Munhoz nasceu em Campinas, interior de São Paulo, em 1983. Sua trajetória na medicina começou na cidade, mais especificamente na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde graduou-se em 2006 e terminou a Residência em Clínica Médica em 2010.
Dr. Munhoz especializou-se em Oncologia Clínica pelo Hospital Sírio-Libanês em 2013. Nos dois anos seguintes, continuou sua preparação profissional como oncologista, sendo aceito como advanced clinical fellow no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque (EUA). Em 2023, concluiu o programa de doutorado em oncologia na Universidade de São Paulo (USP), tendo sido premiado pela sua tese acerca do papel da imunoterapia no carcinoma de células escamosas da pele.
Desde 2015, Dr. Munhoz trabalha para o Hospital Sírio-Libanês, onde é oncologista titular e pesquisador clínico do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, além de coordenar o Programa de Residência Médica e o curso de Especialização em Dermatologia Oncológica na área de Ensino e Pesquisa da instituição.
Ele também é assessor científico dos Institutos Melanoma Brasil e Oncoguia, criador do Oncoportal – iniciativa de disseminação de informações sobre a especialidade, vice-presidente do Grupo Brasileiro de Melanoma, presidente-fundador do Grupo Brasileiro de Sarcomas, integra o Comitê Latino-americano da American Society of Clinical Oncology (ASCO) e o Grupo Educacional de Imunoterapia da European Society for Medical Oncology (ESMO).
Na Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), à qual é associado desde 2010, ou seja, desde os seus 27 anos idade, ele já ocupou cargos na diretoria, como de vice-presidente para Ensino e presidente da Escola Brasileira de Oncologia (EBO), e atualmente é membro do Comitê de Ensino da instituição.
Essa enorme experiência, apesar da pouca idade, acaba de lhe garantir o Prêmio Jovem Oncologista SBOC 2023 – principal conhecimento da entidade a oncologistas de até 40 anos que sejam reconhecidos pela contribuição à especialidade e que tenham atuação comprovada em pesquisa e divulgação científica.
Nos anos anteriores, receberam essa premiação o Dr. Denis Jardim (2019), o Dr. Romualdo Barroso (2021) e o Dr. Pedro Henrique Isaacson Velho (2022).
A SBOC conversou com Dr. Rodrigo Munhoz e fez a ele três perguntas sobre a sua carreira como oncologista clínico. Confira a seguir:
Por que escolheu oncologia?
Eu escolhi a oncologia fascinado pela complexidade, pelo desafio dessa doença, e, sobretudo, pela proximidade e vínculo que o câncer estabelece, em pouco tempo, entre o médico e aquele que ele cuida – e justamente essa proximidade ou vínculo é que permitem ao oncologista realmente fazer a diferença na vida das pessoas; os tratamentos ajudam, a tecnologia e os avanços contribuem, mas a diferença vem, efetivamente, do cuidado.
Você tem algum sonho?
Meu sonho é que, no futuro, meus filhos entendam apenas vagamente, como uma lembrança, mas não sem um certo orgulho, o motivo pelo qual, ao longo de tantos anos, eu acordei cedo e cheguei tarde em casa.
Uma frase que te inspira?
“If you made your bed every morning, you will have accomplished the first task of the day. It will give you a small sense of pride and it will encourage you to do another task and another and another. And by the end of the day, that one task completed will have turned into many tasks completed. Making your bed will also reinforce the fact that the little things in life matter. If you can’t do the little things right, you’ll never be able to do the big things right. And if by chance you have a miserable day, you will come home to a bed that is made, that you made. And a made bed gives you encouragement that tomorrow will be better.” – Admiral McRaven, em discurso para formandos da Universidade do Texas
Nascido em 1979, em Estrela (RS), Dr. Rodrigo Dienstmann formou-se médico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No seu estado natal, também fez residência em clínica médica, entre 2002 e 2004, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Seu caminho enveredou para a área da oncologia clínica depois desse período, quando fez residência médica nesta especialidade no Instituto Nacional de Câncer (INCA), concluída em 2006. Na instituição federal, emendou uma especialização em Pesquisa Clínica Oncológica, realizada entre 2006 e 2009.
Ávido por conhecimento, Dr. Dienstmann cursou diversas formações complementares, entre as quais estão especializações em: Ciências de Dados em Oncologia (Vall d’Hebron Instituto of Oncology – Barcelona, Espanha), Oncologia Computacional (Sage Bionetworks – Seattle, EUA) e Patologia Molecular (Massachusetts General Hospital – Boston, EUA).
Possi ainda um MBA pela Esade Business School, em Barcelona (Espanha).
Atualmente, é diretor do programa de Medicina de Precisão da Oncoclínicas em São Paulo (SP) e pesquisador do grupo Oncology Data Science no Vall d’Hebron Instituto of Oncology. Membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica desde 2019, é coordenador do Comitê de Oncogenética e Oncogenômica da entidade.
Em celebração a essa extensa carreira, Dr. Rodrigo Dienstmann acaba de ser agraciado com o Prêmio SBOC de Pesquisa Oncológica Translacional. A categoria enaltece quem é reconhecido por sua contribuição à medicina translacional com aplicação na oncologia clínica.
Nos anos anteriores, receberam essa premiação, o Dr. Alessandro Leal (2019), Dr. Carlos Gil Ferreira (2021) e o Prof. Dr. Roger Chammas (2022).
A SBOC conversou com Dr. Rodrigo Dienstmann e fez a ele três perguntas sobre a sua carreira como oncologista clínico. Confira a seguir:
Por que escolheu oncologia?
Porque era a disciplina mais desafiadora, com muitas oportunidades de gerar conhecimento e impactar direta e pragmaticamente na vida dos pacientes.
Você tem algum sonho relacionado a essa especialidade?
Medicamentos e novas tecnologias somente funcionam se chegarem até os pacientes. Meu sonho é que acesso não seja a maior barreira para concretizar a promessa da medicina de precisão em oncologia.
Uma frase que te inspira?
“It is not the strongest of the species that survives, nor the most intelligent that survives. It is the one that is most adaptable to change.” – Charles Darwin