O professor Christian Blank, da University of Regensburg, na Holanda, trará ao XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, em outubro, novos dados sobre imunoterapia em melanoma no contexto adjuvante e combinação entre drogas alvo-direcionadas e imunoterapia para essa doença. Nesta entrevista, Blank também revela sua visão a respeito das perspectivas para a oncologia. O especialista formou-se na Technical University Munich, na Alemanha, e teve passagens por centros médicos da Escócia, Inglaterra e Estados Unidos. Em Amsterdã, é membro do Departamento de Oncologia e líder da Divisão de Imunologia do Netherlands Cancer Institute – Antoni van Leeuwenhoek Hospital. Também já foi palestrante convidado em mais de 60 congressos nacionais e internacionais e é autor de 70 publicações. Confira:
Qual é o papel da imunoterapia no melanoma no cenário adjuvante?
Até agora, temos dados apenas com o ipilimumabe adjuvante, nos quais vemos benefícios em sobrevida global, mas com o custo de alta toxicidade. Esperamos que sejam apresentados na ESMO dados de adjuvância com nivolumabe e também de dabrafenibe mais trametinibe. Ambos os estudos parecem ser positivos e, com certeza, irei discuti-los no Congresso no Rio.
Qual a sua maior aposta para o tratamento do melanoma metastático num futuro próximo?
Veremos mais combinações de terapias, como a combinação de terapia-alvo e imunoterapia, mas também diferentes combinações de imunoterapia. Neste aspecto, penso não apenas em combinações de inibidores de checkpoint, mas também, por exemplo, em vacinas, citocinas ou inibição de indoleamina 2,3-dioxigenase (IDO) em combinação com inibidores de checkpoint.
Poderia comentar a mudança de paradigma no tratamento do melanoma metastático do sistema nervoso central com o uso de terapia sistêmica?
A combinação de ipilimumabe mais nivolumabe proporciona altas taxas de resposta em metástases cerebrais assintomáticas (equivalente à taxa de resposta em órgãos fora do sistema nervoso central). Isso muda o dogma de que as metástases cerebrais sempre respondem menos do que as periféricas.
Como você imagina a oncologia em 5 anos?
Imagino que veremos a imunoterapia tornar-se parte da estratégia de terapia em todas as doenças malignas, principalmente em combinação com terapias-padrão atuais, ou como terapias de consolidação para alcançar resultados positivos no longo prazo. Além disso, temos que caminhar cada vez mais para a imunoterapia personalizada de modo a usar esses tratamentos tóxicos – no sentido literal e também financeiramente – da melhor maneira e somente para os pacientes certos.
O que de mais interessante pretende trazer para o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica?
Eu acho que os dados mais empolgantes que produzimos atualmente são sobre imunoterapias neoadjuvantes em doença inicial. Existem taxas de resposta impressionantes. Este é o caminho a seguir para aprender sobre requisitos de respostas e se eles podem ser aplicados a todas as doenças malignas. Dessa forma, esses dados são um marco também para outros tipos de câncer.
Qual é a principal mensagem que gostaria de transmitir aos jovens oncologistas?
Vivemos uma época empolgante ao nos afastar das terapias paliativas não direcionadas para terapias direcionadas e até curativas. Estou convencido de que, se entendermos melhor como usar as imunoterapias, a proporção de pacientes que vamos curar aumentará consistentemente. Para encontrar os biomarcadores certos, a modulação correta do microambiente que permita ao sistema imune curar os pacientes do seu câncer, precisamos de todo o poder intelectual dos jovens.
Participe do XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica!
O evento será realizado de 25 a 28 de outubro, no Hotel Windsor Oceânico, no Rio de Janeiro (RJ). A programação e a área de inscrições estão disponíveis no site www.semanaonco.com.br/oncologiaclinica. #CongressoSBOC