O Brasil tem números desafiadores na cobertura vacinal contra o Papilomavírus Humano (HPV), uma das principais causas do câncer de colo uterino. Dados do Ministério da Saúde mostram que a vacinação nas meninas está em 46,2% para a segunda dose neste ano. Para os meninos, a vacina foi introduzida em 2017 e o índice é ainda mais baixo: 20,2% até junho. Em ambos os casos, a realidade está muito aquém da meta de 80%.
Nenhuma unidade federativa atingiu a meta em relação às meninas. Dois dos dez Estados mais populosos do país têm os piores índices: Pará (33,1%) e Bahia (33,7%), seguidos de Rio Grande do Norte (36,1%) e Piauí (37,9%). Outros que concentram boa parte da população e estão abaixo da média nacional são Rio de Janeiro (42,4%), Rio Grande do Sul (42,6%), Paraná (42,9%) e Maranhão (46,1%). Na outra ponta, com os maiores percentuais estão Espírito Santo (57,6%), Amazonas (59,6%), Roraima (67,6%) e Distrito Federal (68,3%).
Esses números foram apresentados pela Dra. Ana Goretti Kalume Maranhão, médica coordenadora substituta do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, durante workshop promovido pelo Instituto Oncoguia, no início de setembro. O mês é dedicado à conscientização sobre o câncer ginecológico. A especialista alerta que, entre os municípios, a situação é ainda mais grave. Em praticamente a metade deles, ou 2.802, a cobertura é inferior a 50%. Apenas 4% (226) chegaram à meta de 80%.
Campanha na mídia
Goretti lembra que a vacina contra o HPV é de rotina e está disponível nos 37 mil postos distribuídos pelo país durante o ano inteiro para a população-alvo (veja descrição abaixo). Em março e em setembro, são feitas campanhas na mídia para lembrar as famílias e os adolescentes sobre a importância dessa medida de prevenção. Até o dia 22 deste mês, a mensagem está sendo reforçada nas propagandas do Ministério da Saúde. Sábado, 16, será o dia D da vacinação. Os postos estarão abertos de manhã e à tarde. Além do HPV, todas as outras vacinas do calendário nacional de imunização estarão disponíveis para quem tiver a carteirinha incompleta.
Em meados de agosto, a baixa procura pela vacina contra o HPV fez com que o Ministério da Saúde tomasse uma medida emergencial para não perder 233 mil doses com prazo de validade até setembro. O custo para a União é de R$ 42 a dose. Nas cidades onde há estoque, a vacinação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) passou a incluir mulheres e homens entre 15 e 26 anos.
PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO HPV NO BRASIL: GRUPO-ALVO E ANO
2014
Meninas de 11 a 13 anos
2015
Meninas de 9 a 11 anos e de 15 a 26 anos vivendo com HIV-Aids
2016
Meninas de 9 a 13 anos
2017
Meninas de 9 a 15 anos; meninos de 11 a 14 anos; pessoas de 9 a 26 anos imunodeprimidas
INDICAÇÕES DAS VACINAS CONTRA HPV
Fonte: Slide da apresentação da Dra. Ana Goretti Kalume Maranhão no evento do Instituto Oncoguia realizado em 04/09/17