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Saiba como é ser oncologista (e pesquisador!) em Roraima

Notícias Quarta, 17 Janeiro 2018 19:51

Você sabe quantos oncologistas havia em Roraima dez anos atrás? Nenhum. Hoje são três. E são três também os ensaios clínicos fase 3 em andamento no Estado, dois em Oncologia (avaliação das mulheres que tiveram câncer de colo de útero e pesquisa de imunoterapia para câncer de bexiga) e outro em Infectologia (vacina contra a dengue). O oncologista clínico Allex Jardim da Fonseca, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) é de Niterói (RJ) e decidiu ir para Boa Vista (RR) depois de sofrer três assaltos no Rio de Janeiro. Ele e a esposa, neurologista, decidiram buscar trabalho longe da violência das grandes cidades. A oportunidade veio por meio do projeto Expande, do Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Hoje agradecemos ao ladrão”, brinca o oncologista clínico. Em Roraima desde 2007, ele fez mestrado, doutorado e pós-doutorado. Já soma 15 artigos publicados sobre a experiência no norte do país.

Para uma das pesquisas, o Dr. Allex visitou 13 aldeias indígenas de avião monomotor. Os achados foram impactantes: as variantes genéticas do Papilomavírus Humano (HPV) identificadas nas índias da aldeia Yanomami têm origem asiática, e não europeia. Segundo o oncologista, isso sugere que o vírus vem coevoluindo com esse grupo étnico há milênios. “As civilizações pré-colombianas trouxeram o HPV durante a migração Ásia-América na última era glacial, há aproximadamente 15 mil anos”, conta o Dr. Allex. “Isso quebra um paradigma de que todas as doenças infecciosas dos indígenas haviam sido trazidas pelos europeus”, completa. Leia o artigo aqui.

Outro trabalho publicado buscou elucidar as causas da baixa adesão à vacina contra o HPV. O Dr. Allex ressalta que houve divergências na comparação entre escolas públicas e privadas. “Enquanto nas públicas, onde a adesão foi substancialmente maior, foram mais frequentes posturas passivas dos pais, como desconhecer a vacina, esquecer ou não ter tempo, nas particulares surgiram motivos como percepção de que a vacina é de má qualidade, medo de induzir comportamento sexual de risco ou iniciação precoce da vida sexual”, relata. Confira também esse artigo.

O centro de pesquisa onde trabalha o Dr. Allex Jardim foi inaugurado em 2015 como parte da estrutura da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Também atuam lá as doutoras Cibelli Navarro, outra indicada pelo Inca, e Daliane Renale, formada em medicina pela UFRR e em Oncologia Clínica pelo Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (SP). “Atuamos juntos na assistência e na pesquisa”, orgulha-se o médico.

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