Acontece em São Paulo o Congresso Brasileiro de Câncer do Aparelho Digestivo, uma iniciativa inédita proposta pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). O evento teve início na quinta-feira (25/08) e segue até amanhã (27/08).
O objetivo do congresso é promover uma discussão conjunta das neoplasias do trato gastrointestinal. O Programa Científico apresentado teve ainda a colaboração de outras sociedades médicas. Cada tópico da programação está sendo abordado de forma multidisciplinar, mesclando aulas com casos clínicos dirigidos, sempre com amplo tempo para debates.
Segundo o cirurgião oncológico Felipe José Fernández Coimbra, presidente da SBCO, o tratamento multidisciplinar dos pacientes com câncer é um caminho sem volta na busca do melhor resultado para os pacientes. “A intenção do Congresso é mostrar que essa maneira de trabalhar pode ser disseminada por todo o Brasil”, afirma o Dr. Coimbra. “A multidisciplinaridade no cuidado de pacientes complexos, como os que possuem tumor do aparelho digestivo, é fundamental e já é prática em alguns centros de tratamento de câncer no Brasil. Mas há muitos lugares onde existem profissionais de diferentes áreas que trabalham afastados por falta de reconhecimento de que este é o melhor modelo”, diz o oncologista clínico Gustavo Fernandes, presidente da SBOC. “O Congresso pode mostrar que é possível implantar ou melhorar o trabalho multidisciplinar sem a necessidade de grandes mudanças nas estruturas já existentes”, completa.
Confira o que dizem sobre o congresso alguns membros da SBOC presentes no evento.
“Na maioria dos congressos, é frequente a participação de especialistas de áreas diferentes da que está na organização. Existem oncologistas discutindo nos congressos de cirurgiões e vice-versa, mas este é interessante por ser um congresso dedicado a uma doença, que é tratada por vários especialistas. Todos eles estão em pé de igualdade aqui discutindo o tema. Este é um ponto muito positivo”.
Jorge Sabbaga, oncologista clínico membro da atual diretoria da SBOC e diretor científico do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais
“É um Congresso bastante inovador porque cobre todos os contextos e disciplinas. As reuniões multidisciplinares ainda não existem em todos os serviços de tratamento oncológico no país, mas sabemos o quão benéfica é a implantação desse modelo que está sendo discutido aqui”.
Renata D’Alpino Peixoto, oncologista clínico membro da SBOC
“Para mim, este Congresso foi uma surpresa positiva. Não vi iniciativas como essa em outros lugares, como nos Estados Unidos ou na Europa. Geralmente, as discussões acontecem separadas e esse diálogo é algo que deve acontecer”.
Rodrigo Dienstmann, oncologista, pesquisador atuante na Espanha e membro da SBOC
“A comissão científica do Congresso foi formada por membros das duas sociedades e essa iniciativa parte de uma necessidade de que os olhares de especialidades diferentes que se debruçam sobre o mesmo problema (o câncer do aparelho digestivo) precisam interagir já que eles se complementam. As soluções para tratamento dos pacientes têm se tornado cada vez mais complexas e necessitam dessas múltiplas visões e formações. A tendência é que os congressos se tornem cada vez mais interdisciplinares e multidisciplinares”.
Markus Gifoni, oncologista clínico membro da atual diretoria da SBOC e da coordenação científica do Congresso
“Nós do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais vimos com muito bons olhos essa iniciativa. É algo que há muito tempo desejávamos. Ter as duas áreas juntas, pensando e decidindo, é o melhor dos mundos. Atualmente não podemos pensar em oncologia sem multidisciplinaridade. Cirurgia e clínica têm de andar sempre juntas”.
Anelisa Coutinho, oncologista clínica membro da SBOC e vice-presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais
“O que se está discutindo aqui é uma realidade que a gente busca na prática diária. Por causa da complexidade das doenças e o maior volume de conhecimento, dentro de cada grande área começam a surgir especialidades. E esses especialistas não trabalham sozinhos. Para se ter excelência na tomada de decisão, cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, enfermeiras especializadas, nutricionistas etc. têm de dialogar. O Congresso reforça a necessidade desse diálogo”.
Rui Weschenfelder, oncologista clínico membro da atual diretoria da SBOC
“A oncologia é uma área que prima pela multidisciplinaridade. Um congresso com possibilidade de discussão com outras áreas é primordial e faz parte do que buscamos fazer no dia a dia, que é promover o diálogo entre equipes de cirurgia, radioterapia, radiologia, radiologia intervencionista. Isso é benéfico para o resultado do tratamento e para o paciente”.
Maria Ignez Freitas Melro Braghiroli, oncologista clínica membro da SBOC