Em 9 de abril, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) esteve presente em dois importantes encontros relacionados a políticas de saúde, um dos focos de atuação da entidade.
O Dr. Gustavo dos Santos Fernandes, Vice-presidente SBOC para Relações Nacionais e Internacionais, representou a Sociedade em uma sessão solene, realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília, em homenagem ao Dia Mundial de Combate ao Câncer. O evento, que foi solicitado pela deputada Silvia Cristina (PDT-RO), abordou as estimativas de câncer no país; as leis em aprovação relativas a câncer, como a lei dos 60 dias; as questões de acessos à medicação, principalmente para pacientes do SUS; e a importância das campanhas de prevenção e diagnóstico precoce.
O Dr. Gustavo falou sobre os números alarmantes do câncer, 600 mil novos casos por ano somente no Brasil, e sobre as dificuldades dos médicos oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, radioterapeutas, entre outros, que, na maioria das vezes, trabalham em estruturas que não são as mais apropriadas, mas que são as que o sistema é capaz de prover. “Apesar das dificuldades, vale lembrar que o SUS é o maior sistema de saúde pública do mundo e que devemos defendê-lo e tentar aprimorá-lo”, ressaltou. Também abordou a importância da prevenção de tumores de mama, câncer colorretal e de colo de útero e sugeriu o estímulo à criação de programas educacionais para que a população entenda o valor da prevenção.
No mesmo momento, o Dr. Sergio Simon, Presidente da SBOC, esteve presente no evento “As Novas Tecnologias e a Saúde Suplementar – Benefícios aos Pacientes e Seus Custos”, realizado em São Paulo, para debater com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a sustentabilidade do sistema de saúde. O encontro foi promovido pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).
O Dr. Sergio falou sobre a evolução do tratamento do câncer de mama no mundo e o impacto das tecnologias na sobrevida das pacientes. E exemplificou: no século XIX, na Inglaterra, a sobrevida mediana era de 2,7 anos, ou seja, 50% das pacientes com câncer de mama morriam após 2,7 anos do diagnóstico, e 90% morriam após 7 anos do diagnóstico. Hoje, 98% das pacientes com tumores de mama de até três centímetros, tipo HER-2 positivo - o mais agressivo, não apresentam recidiva após cinco anos do diagnóstico. “A curva de sobrevida subiu de maneira incrível, mas isso tem um custo. A sociedade tem que decidir como vai pagar por isso, como consegue arcar com a introdução de novas tecnologias para tratamento do câncer que estão cada vez mais caras”, concluiu.
No evento foram apresentados dados de um estudo sobre os impactos dos medicamentos nos custos atuais da saúde suplementar, como o crescimento da demanda dos planos de saúde entre 2014 e 2017; os gastos e variações de preços de com medicamentos; exames em excesso e desperdícios.
Embora os gastos com medicamentos tenham passado de R$ 8 bilhões para R$ 12,7 bilhões, entre 2014 e 2017, configurando um incremento de 58,7%, eles seguem com baixa representatividade nos gastos totais dos planos. Representam atualmente 6,5% do faturamento das operadoras, um índice baixo, se comparado a diversos outros, como o índice de fraudes e desperdícios, por exemplo, que supera 19%.