A evolução do conhecimento científico em oncologia é rápida e constante, e impacta diretamente a prática clínica. Nesse contexto, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) promove encontros que visam a atualização sobre os principais tipos de câncer.
E nos dias 21 e 22 de setembro, aconteceu, no Maksoud Plaza Hotel, em São Paulo, o último Board Review SBOC do ano, que tem justamente esse objetivo. O evento, voltado a jovens oncologistas e residentes, concentrou a revisão de tudo o que é tido como padrão no tratamento de pacientes oncológicos no Brasil, nas áreas de rastreamento, prevenção e síndromes hereditárias; tumores geniturinários; neurológicos; ginecológicos; gastrointestinais; de pulmão; de cabeça e pescoço; de pele; e de mama. O conteúdo abordado no evento foi organizado em módulos que foram conduzidos de forma objetiva e dinâmica.
A diretora da SBOC e palestrante do módulo de tumores de cabeça e pescoço no evento, Dra. Aline Lauda Chaves, considera o Board Review uma ferramenta de reciclagem para todos os oncologistas, tanto os recém-formados quanto os mais antigos. “Com a quantidade impressionante de informações que temos em mãos hoje, não há como ser especialista em tudo. No Brasil ainda é muito incipiente a subespecialidade na oncologia. Na maioria das vezes, principalmente longe dos grandes centros, o oncologista trata todos os tipos de tumores. Então, o Board Review é uma oportunidade única para a revisão dos principais conceitos, além de possibilitar a discussão de novos estudos”, disse a médica.
E é em busca de atualização, que o Dr. Alessandro Henrique Previde Campos, oncologista de Cuiabá (MT), participou do encontro na capital paulista. “O que me trouxe para o Board Review foi a atualização de conteúdo e o conhecimento de novas práticas na oncologia. O evento foi muito bem planejado com aulas objetivas, focadas no que realmente importa na prática clínica e com embasamento nos principais estudos”, contou o especialista. Já a Dra. Bruna Raphaeli Silva Mattos, residente do A.C.Camargo Cancer Center (SP), se disse impressionada com a atualidade do conteúdo apresentado. “Algumas palestras comentaram sobre estudos publicados há 10 dias. Então, é evidente que o curso traz um conteúdo que realmente agrega e solidifica o conhecimento que adquirimos na residência em oncologia”. E para o Dr. Guilherme Nader Marta, oncologista de São Paulo (SP), o diferencial do evento foi a programação, a estrutura das aulas e o conteúdo. “A qualidade das aulas, dos materiais e dos palestrantes foi de altíssimo nível. Uma oportunidade imperdível de atualização nas principais áreas da especialidade”.
Para o vice-presidente da SBOC para ensino da oncologia, Dr. Rodrigo Munhoz, o encontro também é uma forma de padronizar as condutas num país que é tão heterogêneo quanto o Brasil. “É natural que se tenha variações no tratamento dessas especialidades em um país como o nosso. Então, ter um curso como esse, que contempla diferente áreas e que busca trazer aquilo que é padrão e que pode ser aplicado em nível nacional, é muito importante”, explica o especislista, que também ministrou o módulo de tumores de pele e sarcomas no evento.
O Board Review de São Paulo foi o quarto realizado neste ano pela SBOC. Os anteriores aconteceram em Salvador (BA), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF). Em breve, o conteúdo apresentado nos encontros estará disponível no portal da entidade para acesso exclusivo dos associados.
Foco na educação em oncologia
O Board Review está entre as iniciativas da Escola Brasileira de Oncologia (EBO). Lançada no ano passado para solidificar os programas, ações e eventos educacionais da SBOC, a EBO tem a missão de ampliar e fortalecer o conhecimento técnico e científico de todos os profissionais de saúde envolvidos com a prática da oncologia clínica.
Para o Dr. Gilberto de Castro Junior, oncologista clínico membro da SBOC e palestrante do módulo de tumores de pulmão no Board Review, a EBO promove a difusão do conhecimento em oncologia, que é tão fundamental, fazendo com que ele não fique restrito ao ambiente acadêmico ou de pesquisa. “A EBO dissemina o conhecimento não só para os oncologistas, mas para toda a comunidade que lida com câncer no Brasil, desde o médico que atende aos pacientes em suas diferentes especialidades, pessoas envolvidas com pesquisa básica ou translacional, epidemiologistas, até toda a equipe multidisciplinar. E o mais importante: possibilita o acesso de todas essas pessoas a conteúdos de alto nível, pautados por rigor científico, ética e principalmente por isenção, que são marcas da SBOC”, disse o oncologista.
E o Dr. Artur Katz, oncologista clínico ex-presidente da SBOC, que também ministrou sobre câncer de pulmão no Board Review, concorda sobre a relevância da EBO. Ele conta que havia uma necessidade de se ocupar um espaço educacional absolutamente isento, dirigido tanto aos médicos, sob a forma de educação continuada, quanto aos mais jovens, que vão prestar a prova do título de especialista, e que a gestão atual da SBOC concretizou essa iniciativa. “Até então, grande parte dos eventos aos quais os oncologistas mais jovens tinham acesso era promovida pela indústria que, evidentemente, procura fazer da forma mais isenta e honesta possível, mas, muitas vezes, com foco no lançamento e na atualização de produtos. Nos eventos da EBO, da SBOC, o foco é diferente. Pode se fazer uma avaliação do ponto de vista da patologia, independentemente da terapêutica empregada, e isso é um ganho muito grande para a oncologia”, afirmou o especialista.
Além dos Board Reviews, fazem parte da EBO o novo PROC (Programa de Residência Médica em Oncologia Clínica), diversos programas específicos para jovens oncologistas e residentes, a Gincana Nacional da Residência e as videoaulas SBOC.