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SBOC propõe projeto para coletar dados de pacientes oncológicos com COVID-19 Destaque

Notícias Quarta, 01 Abril 2020 22:39

Para tornar mais preciso o conhecimento sobre os impactos da COVID-19 entre os pacientes oncológicos, mais vulneráveis a complicações, e com isso subsidiar estratégias de proteção a essa população, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) desenvolveu o projeto ONCOVID 19.1 - Consórcio Nacional de COVID-19 em Pacientes com Câncer. Submetida na última quarta-feira (01/04) à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), ligada ao Ministério da Saúde, a proposta pretende reconhecer potenciais fatores de risco e prognósticos da infecção.

A iniciativa tem como base a experiência de países como a China, epicentro da pandemia, e a Itália, primeiro da Europa a ser acometido de forma muito intensa pela COVID-19, de onde vieram os registros iniciais de pacientes com câncer sob maior risco de infecção grave, por estarem em tratamento ativo com medicamentos imunossupressores.

Em fevereiro, quando os primeiros dados foram coletados na China, os números eram baixos, mas já indicavam o risco: entre 1.099 casos de infecção, 10 pacientes tinham câncer (0,9%) e, destes, três desenvolveram a forma mais agravada da COVID-19. Em outra análise de 1590 casos em 31 províncias chinesas, 18 pacientes tinham câncer, sendo o de pulmão o mais frequente (28%).

Para a presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, os dados trazem um conhecimento importante sobre como o vírus se comporta na presença de comorbidades. “Estamos aprendendo a respeito dessa nova doença em tempo real. Como representantes dos oncologistas clínicos brasileiros, que estão entre os profissionais à frente do controle da pandemia e do atendimento à população, precisamos reunir também o mais rápido possível todo o conhecimento capaz de nos ajudar em nossas estratégias de cuidado – como quais tipos de câncer ou tratamento favorecem o surgimento de complicações, por exemplo”, justifica.

Para isso, o estudo ONCOVID 19.1 pretende avaliar a prevalência de COVID-19 em pacientes durante e após o tratamento oncológico ativo, além da ocorrência de acordo com cada neoplasia. Também serão elaboradas orientações técnicas aos oncologistas e profissionais de saúde, a partir do reconhecimento de potenciais fatores de risco, a fim de proteger e minimizar a infecção nesse segmento da população ao longo da história da pandemia no Brasil.

O estudo será de coorte retrospectivo, com pacientes de idade a partir dos 18 anos em tratamento ou acompanhamento oncológico e que tenham recebido diagnóstico laboratorial positivo para COVID-19. Eles serão recrutados em hospitais e clínicas brasileiros que atendem pacientes com câncer, nos setores público e privado. Oncologistas titulares da SBOC em todo o país poderão revisar os prontuários para obtenção de dados secundários, que serão submetidos à entidade por meio de um questionário.

Os custos serão financiados pela SBOC, sem onerar médicos e instituições participantes. A entidade também desenvolverá a plataforma para registro dos casos. “A iniciativa é parte dos nossos esforços para dar mais força à oncologia clínica nacional no atendimento da população e no desenvolvimento da nossa capacidade científica e profissional”, reforça Dra. Clarissa Mathias, pesquisadora responsável pela proposta submetida à CONEP.

O projeto é assinado pela Diretoria da SBOC, bem como por dois membros da entidade: Dr. Bruno Wance, oncologista que agrega conhecimento técnico em ciência de dados, além de plataformas e softwares em saúde, como RedCap; e Dr. Gilberto Lopes, membro SBOC que atua no exterior, onde projetos do gênero já estão sendo realizados.

“O ONCOVID-19.1 será um estudo inédito para a SBOC e para o Brasil. Iremos aprender em tempo real sobre a pandemia e como ela impacta diretamente na saúde pública, em especial no paciente oncológico. Todas as instituições médicas brasileiras estão focadas em atuar de forma rápida e eficaz, e a SBOC acredita que com esse estudo poderemos traçar melhores rumos para as políticas em oncologia nos próximos meses e anos”, ressalta Dr. Renan Clara, diretor executivo da SBOC.

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