Publicação científica é um dos destaques mais recente da revista Brazilian Journal of Oncology
A tomada de decisão sobre como conduzir o tratamento de pacientes com câncer de mama durante a pandemia de COVID-19 tem se revelado, para muitos oncologistas clínicos, um território de grandes incertezas. Fatores como o risco de infecção e mesmo a disponibilidade de hospitais, leitos e equipes para cirurgia se impõem à necessidade de seguir com o cuidado da paciente. Para auxiliar os profissionais nessa jornada, a Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC) publicou hoje (30), na revista científica Brazilian Journal of Oncology, recomendações elaboradas pelo Comitê de Tumores Mamários da entidade.
“A pandemia transformou a realidade do atendimento em saúde em todo o território nacional, ainda que em diferentes níveis. No entanto, as mulheres que estão em plena batalha contra o câncer de mama não podem ter seus tratamentos parados ou comprometidos, ainda que precisem ser protegidas dos riscos da infecção. Nosso trabalho tem o propósito de equalizar esse desafio”, conta Dr. Gilberto Amorim, membro do Comitê de Tumores Mamários da SBOC e primeiro autor do artigo.
As recomendações da publicação abordam, entre outros aspectos:
• O tratamento sistêmico.
• As decisões cirúrgicas relacionadas a subtipos biológicos do câncer de mama.
• Os esquemas de quimioterapia.
• O uso da terapia anti-HER2 e endócrina adjuvante.
• A cirurgia de mama.
• A radioterapia.
• As rotinas de exames.
• O uso dos cateteres venosos centrais de longo prazo.
• O bisfosfonato e o denosumabe.
• O aconselhamento genético.
• Os casos de doença metastática.
Para câncer de mama recém-diagnosticado, por exemplo, o Comitê orienta que seja iniciado o tratamento sistêmico com terapia endócrina neoadjuvante ou quimioterapia neoadjuvante com bloqueio anti-HER2, se houver doença positiva para o receptor. A cirurgia deve ser prontamente considerada se houver progressão da doença durante a quimioterapia neoadjuvante, tumor filodal maligno ou sarcoma da mama.
Dra. Daniele Assad, também do Comitê de Tumores Mamários da SBOC, ressalta que as recomendações devem ser adaptadas à realidade de cada serviço, público ou privado, e da pandemia do novo coronavírus. “Trata-se de uma realidade que muda constantemente e que afeta populações de maneira distintas, a depender de condições epidemiológicas e da maneira como enfrentamos a pandemia. Por isso, as recomendações abrem espaço para adaptações e podem ser revisadas em breve pelo Comitê.” Ainda de acordo com a especialista, “todos os casos devem ser discutidos individualmente, com a equipe multidisciplinar, e as decisões devem ser compartilhadas entre a equipe médica e o paciente”.
O diretor executivo da SBOC, Dr. Renan Clara, celebrou a agilidade com que as recomendações foram elaboradas e publicadas pelo Comitê. “Os especialistas reunidos pela SBOC têm trabalhado diuturnamente para acompanhar a dinâmica da pandemia e não deixar nossos profissionais e pacientes descobertos, mantendo todos atualizados a respeito dos melhores recursos de que dispomos para passar por esse momento tão delicado, sempre baseados em evidências científicas sólidas.”
Dr. Gilberto Amorim também destacou o papel da Brazilian Journal of Oncology, “que contribuiu com a agilidade necessária à disseminação das recomendações e enriquece a literatura científica sobre o combate à pandemia com a publicação.”
O artigo está disponível em open access.