Como parte da campanha Contra o Câncer e Sem COVID-19, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) realizou ao longo dos meses de julho e agosto uma pesquisa nacional entre seus associados para entender melhor os impactos da pandemia no tratamento oncológico. Partes do estudo ganharam destaque em alguns dos principais veículos de comunicação do país, mas agora são revelados na íntegra pela entidade:
- 74% dos participantes tiveram um ou mais pacientes que interromperam ou adiaram o tratamento por mais de um mês.
- 10% afirmaram que a redução de pacientes observada foi de 40 a 60%.
- 28% dos oncologistas afirmaram que tiveram redução salarial.
- 25% das reduções salarias foram previstas para um período de três meses ou mais.
Em relação aos procedimentos, as cirurgias enfrentaram a maior dificuldade de serem conduzidas, segundo 67% dos participantes da pesquisa. Mas não só isso, para 22,5% dos oncologistas, os exames de seguimento também encararam obstáculos e menos de 1% dos entrevistados afirmaram que nenhum procedimento sofreu consequências.
Para a presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, o levantamento revelou o grande impacto negativo que a pandemia de COVID-19 trouxe ao tratamento oncológico. “Muitos pacientes com câncer acabaram não sendo atendidos de forma adequada, retardando o diagnóstico e o início dos cuidados necessários”, comenta. “Por isso, a SBOC decidiu lançar a campanha ´Contra o Câncer e Sem COVID-19’ e enfatizar que os oncologistas clínicos estão preparados para ajudar em ambas as lutas - porque, na verdade, ela é uma só: contra a doença e pela vida, de forma plena e segura”, completa.
Soluções para enfrentar a pandemia
Entre as mudanças que a pandemia provocou ou acelerou, uma delas foi o uso da telemedicina. No início de abril, uma lei federal foi aprovada e passou a autorizar a prática da telemedicina durante a pandemia. Essa tendência também foi registrada pela pesquisa da SBOC, pois 64% dos oncologistas participantes declararam que passaram a utilizar as teleconsultas.
Segundo o levantamento, 9 a cada 10 médicos afirmaram que as instituições em que atuam conseguiram adotar medidas eficazes para contornar às dificuldades impostas pela COVID-19. As mais citadas foram: uso de máscaras entre equipe médica, pacientes e acompanhantes (46%); checagem de temperatura e outros sintomas na entrada da instituição (19%); setores, andares ou prédios “covid-19 free” (18,5%); e checagem de sintomas, por telefone, antes do comparecimento dos pacientes ao serviço de saúde (15%).
“A maioria das instituições de saúde estão preparadas e seguindo rígidos protocolos de higiene e segurança para seguir tratando os pacientes com outras enfermidades, como câncer”, avalia Dra. Clarissa. “Os cuidados oncológicos não podem parar”, acrescenta a presidente da SBOC.
A SBOC se mantém comprometida na divulgação de informações relevantes sobre a COVID-19 e continuará buscando, durante a pandemia e depois dela, maneiras de melhorar o cenário atual de diagnóstico e tratamento contra o câncer e qualificação profissional dos oncologistas clínicos.
Durante a pandemia, a entidade criou o Programa de Saúde Mental para Oncologistas – Equilíbrio na Travessia e o Consórcio Nacional de COVID-19 em Pacientes com Câncer (ONCOVID-19.1), que pretende pretende servir como base para a elaboração de estratégias, protocolos e políticas de combate ao novo coronavírus e de cuidado dos pacientes oncológicos.