Na última década, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram queda de, pelo menos, 14% na cobertura vacinal no Brasil. Após o início da pandemia de COVID-19, esses números são ainda mais expressivos, principalmente devido ao impacto da propagação de fake news.
Para combater a desinformação, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) defende que todas as condutas médicas sejam baseadas na ciência e nas pesquisas clínicas. “Infelizmente, por conta do alastramento da desinformação por grandes lideranças, parte da população ficou no escuro, sem saber no que acreditar. Com isso, no meio de uma crise de saúde global, tivemos também uma crise política, ampliando o cenário de incertezas”, comenta Dr. Sandro Cavallero, diretor da SBOC e coordenador do Comitê de Tumores do Sistema Nervoso Central da entidade.
A crescente disseminação de fake news impactou a confiança da população em vacinação, principalmente em torno dos testes realizados para a vacina contra o coronavírus. Para Dr. Cavallero, as notícias falsas se disseminaram como um vírus. “Não só os médicos, mas todo cidadão, têm como dever o combate às fake news. Disseminá-las é grave em todos os aspectos, desde moral e ético até gerar riscos para a saúde da população.”
A SBOC mantém orientações atualizadas sobre vacinação e determinou metas e estratégias para incentivar a imunização contra o HPV e erradicar o câncer de colo de útero, alinhadas à campanha global lançada recentemente pela OMS e adaptadas para a realidade do Brasil. É preciso atingir 90% de cobertura vacinal em meninas e meninos, 70% de rastreamento da doença e 90% de acesso a diagnóstico e tratamento precoce, até 2030.
Vacinação em pauta
A imunização da população tem sido tratada rotineiramente pela SBOC. No último episódio de 2020 do Podcast SBOC, “Ciência como proteção à vida”, a forte atuação da entidade foi discutida pelo Comitê de Defesa Profissional, coordenado por Dr. Rafael Kaliks, e com os membros Dr. Helano Freitas e Dr. Alvaro Machado. O episódio contou ainda com a participação especial da presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, que enfatizou a importância de o conhecimento científico estar no centro das tomadas de decisão sobre a vacina contra a COVID-19 e das demais medidas para o enfrentamento da novo coronavírus. O conteúdo está disponível em sboc.org.br/entrevistas-podcasts.
Desde o princípio da pandemia, a SBOC tem se colocado em conformidade com os posicionamentos da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) – como o recente informe “Atualizações e recomendações sobre a COVID-19”, publicado no dia 9 de dezembro. “A SBOC defende que toda tomada de decisão para enfrentamento do novo coronavírus seja pautada pela ciência, e a SBI, como entidade representativa da infectologia nacional, é o porta-voz das evidências científicas que temos até aqui e das que ainda estão sendo desbravadas”, enfatiza Dra. Clarissa Mathias.