Em resposta à ausência de dados sobre a eficácia e a segurança das vacinas contra COVID-19 em pacientes oncológicos, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) produziu um guia com orientações para a Imunização de pacientes em tratamento de diferentes tipos de câncer. O documento, lançado no dia 20 de janeiro, acaba de ser atualizado e já está disponível para download gratuito.
O material, que tem sido destacado por diversos veículos da imprensa e utilizado por hospitais e outros centros de atendimento oncológico, reforça o consenso da comunidade oncológica de que as vacinas aprovadas no Brasil são eficazes e imprescindíveis para a proteção daqueles que vivem com câncer e no combate à pandemia de forma geral. A recém-atualização esclarece sobre os tipos de vacina disponíveis até o momento: Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo (SP), em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac; e a ChAdOx1 nCoV-19, desenvolvida pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford.
De acordo com os especialistas da SBOC responsáveis pela elaboração e atualização do guia, ambas são seguras e não possuem restrições de aplicação em pacientes oncológicos, ainda que em tratamentos imunossupressores, como quimioterapia e radioterapia, que afetam o funcionamento do sistema imunológico. “A dúvida surge especialmente porque a segurança e a eficácia das vacinas contra a COVID-19 disponíveis ao redor do mundo ainda não foram avaliadas nessa população em específico – mas há diversos outros dados que as garantem, como estudos com vacinas similares e em pacientes imunossuprimidos por outros tratamentos”, explica a presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias.
Diante de todas as evidências reunidas pela entidade, o guia esclarece que: “Todos os pacientes devem ser orientados que a população de imunossuprimidos foi excluída dos estudos de ambas as vacinas. Portanto, a segurança e a eficácia das vacinas contra a COVID-19 ainda não foram avaliadas nesta população. Ainda assim, como nenhuma destas vacinas possui qualquer parte ativa do Sars-CoV-2 (Coronavac é considerada de vírus não vivo, enquanto ChAdOx utiliza um vetor viral não replicante, ou seja, não capaz de se replicar, por isso considerada inativada também), todas as agências nacionais e internacionais não têm feito distinção alguma entre ambas no que diz respeito a preferência nesta população. Outro ponto importante a ressaltar é que nesta população a resposta imune pode ser atenuada, quando comparada à população geral; dessa forma, necessitam ser educados a manter rigorosamente todas as medidas de prevenção de contágio da COVID-19, independente da vacinação.”
Segundo o diretor da SBOC Dr. Sandro Cavallero, que coordenou a elaboração do material, o guia seguirá sendo atualizado a cada novo avanço do conhecimento científico sobre as vacinas. “A SBOC está em constante diálogo com todos os players envolvidos nos processos de desenvolvimento, produção e distribuição de cada vacina aprovada para uso em território nacional. Todas as informações seguirão sendo transmitidas para a comunidade oncológica pelos nossos canais de comunicação, com a credibilidade que é parte da nossa marca”, garante.
A SBOC tem buscado atualizações constantes e promovido reuniões com diretorias médicas das vacinas aprovadas até o momento, e já se antecipa em relação ao imunizante desenvolvido pela Pfizer em parceria com a BioNTech. “Como se trata de mais uma possível alternativa no horizonte da imunização da população brasileira, a SBOC deve estabelecer contato direto com a empresa responsável antes de publicar novas recomendações para nossa população de pacientes oncológicos”, conta Dra. Ignez Braguirolli, secretária-geral da SBOC, que tem liderado os encontros da entidade com gestores das detentoras de registro das vacinas contra COVID-19 no Brasil.
Novas informações a respeito da imunização de pacientes oncológicos contra a COVID-19 serão disponibilizadas nas atualizações do guia, em sboc.org.br/prevencao.