Em continuidade à série de diálogos com os diversos atores envolvidos na produção e distribuição de vacinas contra a COVID-19, para garantir a imunização segura dos pacientes oncológicos na pandemia, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participou, na noite da última terça-feira (25), de reunião entre especialistas do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz), do grupo farmacêutico britânico AstraZeneca e de sociedades médicas.
O objetivo foi apresentar e discutir evidências científicas que comprovam a eficácia e a segurança das vacinas contra a COVID-19 aprovadas para uso em território nacional pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) – entre elas, a Covishield, desenvolvida pela parceria entre a AstraZeneca e a Universidade de Oxford. Os especialistas reunidos apresentaram dados relacionados ao monitoramento da segurança da vacina e à farmacovigilância no Brasil, além de aspectos técnicos da síndrome de trombose com trombocitopenia – evento raro se comparado à ocorrência de outros eventos trombóticos associados a fatores conhecidos, como o uso de anticoncepcionais orais e o tabagismo.
O oncologista Dr. Sandro Cavallero, membro da Comissão de Ética da SBOC e coordenador de um manual sobre imunizações que a entidade publicará em breve, reforçou na reunião o engajamento pela inclusão dos pacientes oncológicos nos grupos prioritários para vacinação. “Diante de todos os riscos de agravamento do quadro clínico dessa população no caso de infecção pelo novo coronavírus, é de extrema importância que todos os aspectos relacionados à imunização de pacientes com câncer sejam amplamente discutidos, e a SBOC recebeu com grande entusiasmo a iniciativa da Fiocruz de envolver as sociedades médicas na discussão ética e transparente sobre a segurança da imunização”, diz.
Ainda de acordo com o especialista, não há recomendação de restrição ao uso da vacina por pacientes oncológicos. “A SBOC acompanha as mais recentes evidências científicas ao dizer que a vacinação dos brasileiros que enfrentam um câncer, seja ele qual for e em qualquer estágio do tratamento, não só é segura como urgente”, defende.
Antecipando-se às discussões sobre a eficácia e a segurança das vacinas contra a COVID-19 em pacientes oncológicos, a SBOC produziu, em janeiro, um guia com orientações para a imunização dessa parcela da população, disponível para download gratuito. Além disso, a entidade tem estado em contato direto com representantes do Ministério da Saúde e do Congresso Nacional para garantir que os pacientes oncológicos constem expressamente no grupo de comorbidades do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a COVID-19. Todas as iniciativas da SBOC para o controle da pandemia entre pacientes oncológicos podem ser acompanhadas no especial coronavirus.sboc.org.br.
Participaram da reunião Dr. Maurício Zuma, diretor do Bio-Manguinhos/Fiocruz; Dra. Sandra Maria Deotti, responsável pela área de eventos adversos pós-vacinação da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde; Dra. Helaine Capucho, gerente de Farmacovigilância da Anvisa; Dra. Patrícia Mouta Nunes de Oliveira, médica pediatra da Farmacovigilância da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos/Fiocruz; Dra. Michelli Franco, gerente de Farmacovigilância e Informações Médicas da AstraZeneca; Dra. Marina Santorso Belhaus, diretora médica da Covishield; Dra. Bárbara Emoingt Furtado, líder médica da Covishield; Dr. Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); e Dr. Erich de Paula, membro da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH) e do Comitê de Hemostasia da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).