Com temas diversos, maior participação feminina e representantes de todas as regiões do país, centenas de trabalhos foram submetidos ao XXII Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, realizado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), de forma híbrida, entre os dias 17 e 20 de novembro de 2021, em Salvador (BA).
As mulheres são maioria entre os autores de trabalhos que serão apresentados, com 230 inscrições contra 96 de homens – um crescimento de 10% na participação feminina comparando-se os dados deste ano com os da última edição do evento, em 2019. “Essa ampliação da presença da mulher na ciência é reflexo da representatividade feminina na oncologia clínica brasileira e nas demais profissões da saúde, amparada pelas melhores evidências científicas – algo pelo que a SBOC tem trabalhado intensamente nos últimos anos”, avalia a presidente da entidade e da Comissão Executiva do evento, Dra. Clarissa Mathias.
A valorização da contribuição feminina para o avanço da oncologia clínica nacional é uma preocupação da SBOC também nas premiações que serão entregues no evento. “A ideia é evitar o preconceito recorrente contra as contribuições femininas nas ciências. Isso porque o conhecimento científico se beneficia da diversidade e se enriquece com ela”, defende Dra. Angélica Nogueira, diretora da SBOC, presidente da Comissão Científica em Oncologia Clínica e coordenadora, ao lado do Dr. Rodrigo Dienstmann, da área de trabalhos científicos e da seleção para o inédito Prêmio SBOC de Ciência, ao qual concorrerão todos os resumos enviados.
Representatividade
São Paulo liderou a submissão de trabalhos, com 92 autores, seguido por Minas Gerais, com 43, e Rio de Janeiro, com 35. Mas todas as regiões do país serão representadas: no Centro-oeste, o Distrito Federal teve 22 submissões, e os demais estados - Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul - também terão representantes. No Sul, o estado que lidera é o Rio Grande do Sul, com 19, enquanto Santa Catarina terá 15 e o Paraná, 5. O Nordeste terá trabalhos vindos da Bahia (21), Rio Grande do Norte (11), Ceará (9), Paraíba (8), Pernambuco (8), Maranhão (2), Alagoas (1) e Sergipe (1). E o Norte tem o Pará como maior representado pelos trabalhos, com 7, seguido por Tocantins (3), Amapá (2), Acre (1) e Rondônia (1).
Para Dr. Rodrigo Dienstmann, a representatividade das regiões enriquece a ainda mais a programação do evento. “A SBOC é do tamanho do Brasil, e a realidade de cada região precisa ser retratada pela produção científica que nosso Congresso apresentará, construindo pontes entre saberes tão diversos quanto os aspectos sociais, econômicos e culturais que formam o país”, defende.
Entre os temas apresentados nos trabalhos, os mais frequente são os relacionados a tumores cutâneos e sarcomas, em 67 trabalhos, seguidos pelos de mama, em 64, e os do trato gastrointestinal (TGI) superior, incluindo estômago, esôfago, pâncreas, fígado, vias biliares e duodeno, em 51. No entanto, há dezenas de trabalhos abordando todos os principais tipos de câncer que acometem a população brasileira, como os do TGI inferior (cólon, reto e ânus), torácicos, de cabeça e pescoço, ginecológicos e urológicos, e mesmo mais raros, como os neuroendócrinos e os do sistema nervoso central.
Temas relacionados ao tratamento oncológico integral e sistêmico também estão presentes, como cuidados paliativos, suporte e terminalidade; enfermagem, farmácia e nutrição em oncologia clínica; odontologia oncológica; oncogenética; onco-hematologia; pesquisa clínica; políticas públicas, acesso, farmacoeconomia e gestão em saúde; prevenção, rastreamento e diagnóstico; e psiconcologia.
“Ainda precisamos avançar na conquista de novos espaços para a produção científica oncológica nacional, e o evento deste ano dá passos largos em direção a isso ao receber trabalhos tão ricos e diversos e possibilitar a troca entre realidades tão distintas quanto as da população brasileira”, celebra Dra. Clarissa Mathias.