O presidente eleito da SBOC, Dr. Gustavo Fernandes, 37 anos, conversou com o jornal diário do 19° Congresso Brasileiro de Onocologia Clínica. Ele falou de seus planos para a entidade, de sua preocupação com a disparidade dos custos de tratamento oncológico e das dificuldades do sistema de saúde brasileiro. O médico toma posse neste sábado (31/10), às 18h, durante o evento. Confira a entrevista!
JSBOC | O que você espera de sua atuação na SBOC?
GF – Espero trabalho e problemas. A situação no Brasil é de crise; as instituições estão em crise; há uma crise de confiança em todos os lugares. Na medicina não é diferente. Todas as instituições estão sendo questionadas, e nós temos que enfrentar essa crise com muito trabalho.
JSBOC | A evolução no tratamento oncológico exige custos cada vez mais altos. Como resolver?
GF – Temos um caminho delicado entre nos posicionar a favor de tratamentos que são eficazes, mas de custo inatingível, ou a favor de tratamentos que são razoáveis do ponto de vista econômico, mas menos eficazes.
JSBOC | Como serão estruturadas as diretrizes de tratamento?
GF – Pretendemos divulgar uma primeira versão dos dez tipos de tumores mais comuns em seis meses e depois soltar mais cinco a cada seis meses. Para isso, vamos aproveitar os grupos que existem em cada área. O objetivo é fornecer diretrizes que sejam inclusivas, mas que não omitam o tratamento ideal.
JSBOC | Investir mais na prevenção não seria um caminho?
GF – O Brasil ainda tem um espaço grande para crescer em termos de prevenção e diagnóstico precoce. Uma coisa é a disponibilidade; outra é a cobertura. Estamos falando de avanços no uso do Nivolumab, quando não temos equipamento para mamografia em parte das cidades brasileiras. Temos ilhas de excelência, como o Inca e Icesp, em que não há citopatologistas para ler um exame de Papanicolau. É uma disparidade obscena.
JSBOC | Quais outros objetivos?
GF – Temos o projeto de abrir um espaço no site para pacientes por meio do planejamento de campanhas, vídeos, etc. E queremos trazer o jovem oncologista para a sociedade. Nesse momento de crise, com dificuldade de acesso a eventos internacionais, é importante que eles compareçam. A sociedade é deles: dos que vêm depois.
*Texto produzido pela Revista Onco &, com colaboração da jornalista Andrea Penna para o jornal diário do 19° Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica.