Após diversas discussões e reflexões sobre diagnóstico e tratamento do câncer de pele, as diretorias das Sociedades Brasileiras de Oncologia Clínica (SBOC), de Cirurgia Oncológica (SBCO) e de Radioterapia (SBRT) se reuniram, no final da tarde desta sexta-feira (08), para a cerimônia oficial de abertura do II Congresso Brasileiro de Câncer de Pele.
Dra. Andréia Melo, vice-presidente da SBOC, lembrou que no ano passado, quando compôs a Comissão Organizadora da primeira edição do evento, as discussões foram apenas virtuais por conta da pandemia, mas que desta vez foi possível o encontro presencial.
“Eventos como esse são fundamentais para nossa atualização”, enfatizou a vice-presidente da SBOC. “Temos aqui uma programação cuidadosamente adequada para cobrir os mais diversos tópicos relacionados aos pacientes com neoplasias cutâneas, de maneira interdisciplinar. Agradeço aos presidentes do evento e das sociedades, ao staff das sociedades, aos patrocinadores, aos palestrantes e a todos os debatedores”, completou, antes de parabenizar antecipadamente os oncologistas, cujo dia é celebrado em 9 de julho.
A oncologista clínica destacou, ainda, que na última década foram grandes os avanços no conhecimento de diagnóstico, manejo, seguimento, técnicas cirúrgicas e de tratamento sistêmico dos tumores de pele.
Todo esse progresso científico não seria possível sem a contribuição de diversos médicos, cientistas e pesquisadores que doam parte de suas vidas à ciência. Foi esse o comentário inicial do Dr. Rodrigo Guedes, presidente do Congresso pela SBOC, que assumiu a palavra a seguir. “Para que os pacientes sejam beneficiados com esses importantes tratamentos, preparamos um congresso completo, com debates multidisciplinares e casos clínicos reais, para haver troca de experiências entre diferentes profissionais, de diversos serviços e regiões do país.”
Homenagens
Um dos momentos mais aguardados na cerimônia foram as homenagens feitas a profissionais que mais se destacaram, ao longo dos anos, na busca de excelência, agilidade e coerência no atendimento dos pacientes com neoplasias de pele.
O oncologista clínico Dr. Sergio Jobim de Azevedo, diretor da SBOC entre 2017 e 2019, foi um dos homenageados. Professor Auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), professor Assistente Voluntário da Universidade de Miami (EUA) e chefe do serviço de oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, ele recebeu a placa celebrativa das mãos do Dr. Rodrigo Guedes.
Antes de iniciar seu discurso de agradecimento, Dr. Azevedo parabenizou os organizadores do evento, que ele acredita que auxiliará no crescimento da especialidade e das discussões sobre câncer de pele. Em relação à homenagem, declarou-se extremamente honrado pela coroação de uma longa trajetória.
“São 43 anos trabalhando e 43 anos estudando. Um médico estuda sempre. Se parar de estudar, deixa de ser médico. Sempre trabalhando muito, formando grupos, estimulando jovens. Desde que voltei ao Brasil, participo do Programa de Residência Médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Vários aqui foram nossos residentes e hoje tenho relação de orgulho e amizade”, comentou.
O oncologista lembrou que sempre estimulou a pesquisa clínica, sobretudo nos últimos 18 anos. “Talvez a coisa mais importante, porém, ao longo desses anos tenha sido a oportunidade que eu tive de fazer amigos. Muitos estão aqui hoje. Vários são os promotores dessa homenagem. Muito obrigado”, agradeceu Dr. Azevedo.
Também foram homenageados o Dr. Luiz Antônio Negrão Dias, sócio-fundador do Instituto de Oncologia do Paraná e vice-presidente da SBCO, e Dr. Miguel Aboriham Gonçalves, oncologista clínico e radioterapeuta do Hospital de Amor de Barretos.
Conferência internacional
A cerimônia de abertura do Congresso contou ainda com a conferência internacional da Dra. Sandra L. Wong, chefe do Departamento de Cirurgia do Dartmouth-Hitchcock Medical Center (EUA) e professora do The Dartmouth Institute for Health Policy e Clinical Practice (EUA).
Para imaginar o futuro do tratamento do melanoma, a palestrante iniciou fazendo uma retrospectiva do conhecimento acerca dessa patologia. “Quando não olhamos o passado, não vemos o quão difícil foi chegar onde estamos. Saber sobre a história, nos faz apreciar mais o agora e nos auxilia a continuarmos fazendo progressos”, disse.
Nesse sentido, Dra. Wong relatou, por exemplo, que há relatos que apontam para Hipócrates, “pai da Medicina”, quando o tema é a descoberta do melanoma – possivelmente cinco séculos antes de Cristo. Lembrando que uma análise etimológica revela a influência grega em melas (que significa escuro) e oma (tumor).
A primeira ressecção de um melanoma, porém, ocorreu em 1787, pelo cirurgião britânico John Hunter. Na época, ele descreveu o procedimento com uma excrescência de um fungo canceroso da mandíbula de um homem de 35 anos. Um tumor até hoje em exposição no Hunteria Museum, na Inglaterra. Uma análise posterior, em 1968, confirmou o diagnóstico.
Já a primeira descrição de um melanoma foi realizada por René Laennec. O médico francês – inventor do estetoscópio – foi o primeiro a usar o termo “melanosis”. Sua descrição da doença aconteceu em 1804, durante uma leitura. Dois anos depois, ele escreveu sobre o tema pela primeira vez. ]
O II Congresso Brasileiro de Câncer de Pele segue neste sábado, 09 de julho, em São Paulo, com destaques para as aulas sobre melanoma avançado e tumores de pele não-melanoma.