Dezoito especialistas do maior hospital de câncer do mundo, o MD Anderson Cancer Center, sediado no Texas, Estados Unidos, estiveram no Brasil durante 2° Encontro Internacional do Instituto COI (Clínicas Oncológicas Integradas).
Entre os inúmeros temas abordados nos dias 15 e 16 de abril (RJ), dois tiveram destaque: a medicina personalizada e a importância de uma equipe multidisciplinar no tratamento do câncer.
Hoje, os Estados Unidos gastam no cuidado em saúde cerca de U$9 mil anuais por pessoa, enquanto o Brasil investe menos de U$1 mil. Para o oncologista e presidente do Grupo COI, Nelson Teich, como temos que fazer mais com menos recurso financeiro, “a única solução é o investimento em educação e infraestrutura e fica cada vez mais claro que esta é uma responsabilidade que a iniciativa privada tem que assumir”.
Anualmente, o MD Anderson Cancer Center recebe cerca de 35 mil novos pacientes e, para atender tamanha demanda, conta com 20 mil pessoas.
No atendimento realizado pela Clínica Multidisciplinar do MD Anderson, o primeiro contato do paciente é com um enfermeiro, que preenche um documento a ser usado por toda equipe. Esta equipe se reúne periodicamente para debater seu caso e o paciente recebe uma carta personalizada explicando cada tratamento possível, com todos os detalhes, incluindo prós e contras de cada um deles. Após o paciente decidir junto com a equipe médica, é entregue a ele um Mapa do Tratamento, explicando detalhadamente o que acontecerá dali em diante. Estudos mostram que, com esta abordagem, os desfechos dos pacientes são consideravelmente melhores. No Brasil, ainda há poucas instituições com este formato de cuidado.
Além de equipes integradas e multidisciplinares, os discursos durante o encontro focaram na importância de identificar alterações genéticas para que cada paciente receba o tratamento mais adequado, com medicamentos personalizados. Sabe-se, por exemplo, que 59% dos pacientes com câncer têm alguma alteração molecular. Hoje, o MD Anderson consegue sequenciar de 10 a 30% de todos os seus pacientes. O objetivo é que, em alguns anos, 100% deles sejam sequenciados.
Nos Estados Unidos, o governo previu um investimento de U$215 milhões, somente em 2016, para a medicina personalizada (não só para o câncer, mas para diversas doenças). No Brasil, o COI é uma das instituições que desenvolve projetos voltados para este cenário.
Outros assuntos importantes na oncologia foram abordados como a opção de não intervenção após diagnóstico do câncer de próstata; o aumento do número de pacientes com câncer de mama que optam pela retirada da mama livre de câncer; os efeitos cardíacos após o tratamento de câncer de mama; o rastreamento do câncer de pulmão — ou não — de pessoas sem sintomas (mas no grupo de risco); as melhores práticas do tratamento do câncer colorretal no MD Anderson etc.
Fonte: http://saudebusiness.com/noticias/md-anderson-cancer-center-defende-medicina-personalizada/