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Estadão Summit Saúde 2025: Presidente da SBOC, Dra. Angélica Nogueira, reforça importância da prevenção e do rastreamento de tumores

Notícias Terça, 21 Outubro 2025 20:47

A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, defendeu a importância de programas de rastreamento organizados no país nesta terça-feira, 21 de outubro, durante o Estadão Summit Saúde 2025 – Os desafios de viver mais, realizado pelo jornal em São Paulo (SP).

Participando do primeiro painel do dia – dedicado ao rastreamento de tumores – a oncologista clínica afirmou que o Brasil precisa urgentemente superar as barreiras de desinformação e de organização do sistema de saúde para melhorar as taxas de rastreamento de câncer e, consequente, diminuir as taxas de incidência e mortalidade.

Em apenas três estados brasileiros, exemplificou Dra. Angélica, a cobertura de mamografia passa de 30% do público-alvo, ainda que haja numericamente mamógrafos suficientes para todas realizarem o exame. A falta de adesão também se repete na prevenção do câncer de colo do útero: menos de 20% das mulheres realizam o exame Papanicolau com o intervalo trianual defendido pelo Ministério da Saúde.

Nesses casos, o problema mais do que acesso é a conscientização populacional e a organização do sistema. Citando pesquisa do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), que entrevistou 600 pacientes de câncer de colo do útero, ela indicou que acesso não esteva entre as três principais barreiras defendidas pela para realizar o Papanicolau. As respostas mais recorrentes foram desconhecimento, vergonha ou atribuir pouca importância ao exame.

“Se eu tenho vergonha ou acho pouco importante um exame que evita o terceiro câncer mais comum na mulher, eu não tenho conhecimento suficiente. A gente tem que conscientizar a população e estruturar um rastreio organizado, no qual a mulher seja alertada regularmente sobre os exames a serem realizados, pois o rastreio oportunístico não tem consigo atingir a cobertura necessária”, argumentou a Presidente da SBOC. Ela apontou que a integração das plataformas do SUS e ferramentas de inteligência artificial podem ser aliadas para avisar que as mulheres que se encaixam nos critérios de rastreio sobre não estarem com os exames em dia.

“Igualmente em relação à mamografia. A mulher não sabe se fez o exame há cinco ou dois anos. Agora, o Ministério da Saúde definiu que o rastreio acima dos 50 anos passa a ser organizado e não oportunístico”, disse. “Ou seja, o sistema de saúde passa a ser envolvido para enviar alertas às pacientes. Sem alerta e conscientização, não mudamos essa história”, completou Dra. Angélica.

Câncer colorretal: próxima prioridade

A oncologista clínica também enfatizou a necessidade de o Brasil adotar, com urgência, um programa de rastreamento para o câncer colorretal, que já é o segundo mais incidente na população brasileira, com mais de 45mil casos anuais. Essa tem sido, comentou, uma das pautas do comitê da SBOC junto ao Ministério da Saúde, que discute as principais necessidades dos cuidados com o câncer para o país.

Sobre a melhor estratégia, considerando-se custox benefício, ela defendeu o rastreamento a partir dos 45 anos e a implementação do exame de sangue oculto nas fezes, com a colonoscopia como ferramenta aliada. “Acredito que essa deverá ser a opção do Ministério da Saúde. A SBOC entende esse tema como prioritário e tem dialogado com o ministério para isso ser colocado em prática”, complementou Dra. Angélica.

Antes do final do painel, a oncologista clínica reforçou algumas medidas preventivas gerais que servem para homens e mulheres: realizar dieta e atividade física, não fumar, consumir o mínimo de álcool possível e manter as vacinações em dia – principalmente as de hepatite e de HPV.

Sobre os exames preventivos essenciais com evidência para redução de doença avançada e/ou mortalidade, defendeu: mamografia anual para mulheres a partir de 40 anos; Papanicolau de três em três anos após dois exames negativos ou teste de HPV-DNA a partir dos 30 anos; rastreio do câncer colorretal com PSOF ou colonoscopia a partir dos 45 anos; rastreio de câncer de pulmão para fumantes e ex-fumantes com alta carga tabágica; e discussão individualizada com o urologista a partir dos 40 anos para rastreio de câncer de próstata. “Com isso, homens e mulheres estamos fazendo o que existe de evidência para redução de incidência e mortalidade por câncer”, concluiu Dra. Angélica.

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