Natural de Paranavaí (PR), Paulo M. Hoff é médico, pesquisador e professor. Em 1991, graduou-se em medicina pela Universidade de Brasília e, em seguida, realizou residência em medicina interna no Jackson Memorial Hospital, da University of Miami.
Entre 1995 e 1998, concluiu a especialização em hematologia no Baylor College of Medicine e em oncologia no M.D. Anderson Cancer Center, centro vinculado à Universidade do Texas, onde também realizou seu pós-doutorado.
De 1998 a 2000, atuou como professor associado e vice-coordenador do Departamento de Oncologia Gastrointestinal do M.D. Anderson Cancer Center. De volta ao Brasil, obteve o título de doutor em ciências pela Universidade de São Paulo (2007) e, no ano seguinte, conquistou a livre-docência pela mesma instituição (2008).
Atualmente, é Professor Titular da disciplina de Oncologia Clínica do Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Presidente da Oncologia D’Or, Diretor Técnico da Divisão de Oncologia e membro do Conselho Diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Também é membro titular da Academia Nacional de Medicina, ocupando a cadeira de número 58.
É associado SBOC desde 1999 e foi presidente da instituição na gestão de 2021-2022, além de membro de outras instituições internacionais, como a American Society of Clinical Oncology (ASCO) e European Society for Medical Oncology (ESMO).
Com mais de 300 artigos publicados e centenas de citações em pesquisas científicas, o oncologista tem contribuído de forma expressiva para o avanço da oncologia no país. Sua contribuição também se estende à literatura médica, com dez livros publicados, entre eles, o Tratado de Oncologia, vencedor do Prêmio Jabuti de 2014 na categoria Melhor Obra Acadêmica e Científica.
Pelo conjunto de sua trajetória, ele recebe neste ano o Prêmio Ronaldo Ribeiro de Carreira em Oncologia Clínica. Este é o mais tradicional prêmio da SBOC, criado em 2017 em homenagem ao cientista e oncologista clínico fortalezense falecido em 2015 e o maior reconhecimento da entidade a profissionais líderes em sua área de atuação, tendo exercido cargos ou atividades importantes em oncologia clínica.
Os vencedores anteriores desse prêmio foram Dr. Wadih Arap (2017), Dr. Jorge Sabbaga (2019), Dr. Antônio Carlos Buzaid (2021), Dr. Auro del Giglio (2022), Dr. Nelson Teich (2023) e Dr. Carlos Simon (2024).
Prof. Dr. Paulo Marcelo Gehm Hoff e os demais contemplados pelos Prêmios SBOC 2025 serão homenageados na sessão plenária do XXVI Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica.
A SBOC conversou com o Prof. Dr. Paulo Marcelo Gehm Hoff e fez a ele três perguntas sobre sua trajetória na especialidade. Confira a seguir:
Como a oncologia surgiu na sua vida e por que escolheu esta especialidade?
Desde pequeno tinha um grande interesse em ciência e em ajudar o próximo, o que eventualmente me levou a estudar medicina. Ao entrar na faculdade tive a oportunidade de visitar meu padrinho, que faleceria por câncer logo em seguida, e a experiência foi muito impactante. Durante a minha residência em Clínica Médica essa memória foi acordada quando fui exposto a disciplina de Oncologia, e pude ver como é uma especialidade fascinante. O conhecimento era muito limitado, mas já havia um interesse enorme na área, indicando que seria uma especialidade que me permitiria muitas oportunidades para estudo e pesquisa. Além disso, pude ver que é uma das áreas da Medicina que mais exige esforço e conhecimento clínico, mas que pode ter um impacto muito positivo na vida de pacientes e familiares.
Na sua opinião, qual será o futuro da oncologia clínica?
A oncologia mudou dramaticamente desde minha residência, e hoje temos exames e tratamentos com que nem sonhávamos poucas décadas atrás. Acredito que continuaremos avançando cada vez mais rápido, nas áreas de prevenção, diagnóstico e tratamento. A combinação de biópsias líquidas, patologia molecular, inteligência artificial e novas modalidades terapêuticas devem alterar para melhor, e muito, os resultados para nossos pacientes. O câncer não deve desaparecer nem deixar de ser um problema de saúde pública no futuro próximo, mas já temos conhecimento e tecnologia para começarmos a inverter as curvas de incidência e de desfechos desfavoráveis. O grande desafio será garantir que todos tenham acesso a essas inovações.
Poderia nos indicar alguma frase, música, poema ou qualquer outro trecho de texto que você goste muito?
“Se não fosse pela grande variabilidade entre indivíduos, a Medicina poderia ser uma ciência e não uma arte.” Gosto muito dessa frase do [médico canadense] Sir William Osler, porque mostra que ele já entendia a complexidade dos processos patológicos, e que a individualização do tratamento é muito difícil, mas fundamental. Para nossa sorte, com as novas tecnologias de avaliação molecular, dos pacientes e dos tumores, e do uso intenso de inteligência artificial, possivelmente com ajuda de redes neurais, finalmente temos a oportunidade de fazer cada vez mais ciência, sem esquecer da arte.

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