A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Angélica Nogueira, defendeu a importância da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) como principal ferramenta para a eliminação do câncer colo de útero no Brasil. A declaração foi realizada na manhã desta sexta-feira, 31 de outubro, durante o Fórum Estadão Think, realizado pelo jornal em São Paulo (SP).
O encontro teve como tema “Unindo Forças no Combate ao Câncer do Colo de Útero” e reuniu atores de diferentes instituições de saúde e da sociedade civil para discutir meios de fortalecer a prevenção contra estes tumores – o terceiro mais incidente entre as brasileiras, com mais de 17 mil casos ao ano.
Questionada sobre o papel das sociedades médicas diante desse desafio, Dra. Angélica afirmou que cabe aos médicos acompanhar se há adequada condução de estudos clínicos sobre o tema, bem como analisar os dados de vida real e disseminar informações científicas de qualidade.
“A Organização Mundial de Saúde (OMS) reafirma a segurança e eficácia das vacinas contra o HPV e é papel das Sociedades de especialidades difundir essa informação. Os médicos precisam prescrever vacinas e falar sobre isso no consultório e nas redes sociais. Há muita desinformação, então quem tem a informação correta precisa se manifestar”, apontou a oncologista clínica.
Ela também mencionou o Movimento Brasil Sem Câncer de Colo do Útero, criado em 2020, que reúne instituições médicas e da sociedade civil. O grupo atua no combate à desinformação e na produção do Radar de Câncer de Colo do Útero – o primeiro corpo de dados sobre o tema –, que foi apresentada ao Ministério em novembro último e será, novamente, levado à pasta este ano.
Rastreamento
A Presidente da SBOC afirmou que há duas incorporações que têm mudado o panorama do câncer de colo do útero no Brasil. A primeira é o retorno da vacinação contra o HPV na rede de escolas públicas. A outra é a incorporação do exame HPV-DNA, teste molecular que detecta o material genético do vírus, sendo mais sensível que o Papanicolau.
“Esses movimentos do Governo trazem a perspectiva real de eliminarmos o câncer de colo do útero, que segundo a OMS é quando temos menos de quatro casos da doença a cada 100 mil habitantes”, detalhou Dra. Angélica.
A especialista também lembrou que o Brasil tem que ter estratégias para essa eliminação, não apenas as novas ferramentas. “Temos a vacina para prevenção primária e as melhores tecnologias incorporadas. Nosso receio é como garantir adesão da população. Temos possibilidades como uso de inteligência artificial e a integração das redes do Sistema Único de Saúde que poderão ajudar no alavancamento da adesão”, disse a Presidente da SBOC.
Dra. Angélica participou do painel “A importância da União de Esforços no Combate ao Câncer de Colo de Útero”, ao lado do Secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Dr. Mozart Sales, da diretora de Parcerias do Grupo Mulheres do Brasil, Dra. Fabiana Peroni, a diretora do Instituto Vencer o Câncer, e a jornalista do Estadão Rita Lisauskas. Ao longo da manhã, o evento do Estadão também debateu os avanços na prevenção ao HPV, estratégias de rastreamento e diagnóstico precoce, tratamento e conscientização.

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