Os desafios do combate ao câncer

Este artigo foi assinado pelo Dr. Evanius Wiermann, oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). O texto foi publicado originalmente no dia 26 de novembro no caderno "Opinião" do jornal Hoje em Dia. 

Apesar de toda a evolução nos tratamentos contra o câncer, milhares de brasileiros ainda morrem decorrentes de tumores. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que os cânceres são a segunda maior causa de morte no país, muitas vezes por falta de informação ou diagnóstico precoce. Para ampliar o conhecimento da população sobre a importância do tratamento e, principalmente, sobre a prevenção da doença, o INCA criou,em 1998, o Dia Nacional de Combate ao Câncer, comemorado no dia 27 de novembro. A data é uma oportunidade de mobilizar a população quanto aos aspectos educativos e sociais da luta contra o câncer.

Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, neste ano, 576 mil pessoas serão diagnosticadas com a doença no Brasil. Entre os tipos de cânceres que mais matam, estão o de pele não melanoma, mama, estomago, pulmão,próstata e o de colo do útero. Destes tumores mais incidentes e de maior mortalidade, alguns deles apresentam seguramente associação de risco com hábitos pouco saudáveis.

Muitas pessoas têm a impressão de que os casos aumentaram recentemente, porém o que cresceu foram os números de diagnósticos. Com aparelhos mais modernos, ficou mais fácil detectar a doença e iniciar os tratamentos. Sobre o futuro do combate ao câncer, acredito que o maior obstáculo será adaptar os tratamentos a cada tipo de doença, pois cada pessoa terá uma variante única da doença, o que tornará o tratamento mais oneroso.

Um dos maiores desafios na luta contra o câncer é esclarecer os mitos que cercam a doença. A população ainda não tem clareza o suficiente sobre a importância do estilo de vida para a prevenção da doença. Além disso, pacientes que convivem com o câncer enfrentam inúmeros problemas para garantir o acesso a um tratamento rápido e de qualidade como falta de infraestrutura e também de mais transparência e agilidade nos processos regulatórios. Esses temas têm ganhado ampla discussão e destaque inclusive no Congresso Nacional.

Para mudar esse cenário, muitas ações devem ganhar força. É preciso que a sociedade, governos e entidades se voltem para o problema e realizem ainda mais serviços de assistência a este público. Campanhas de conscientização também devem ser enfatizadas e ganhar destaque em nosso país. A prevenção é a melhor maneira de se evitar o desenvolvimento da doença. Hábitos saudáveis; vencer a obesidade e o sedentarismo com atividades físicas; comer fibras, frutas e vegetais, reduzir o consumo de carne vermelha; não fumar e reduzir o consumo de álcool são o primeiro passo para afastar o fantasma do câncer de nossas vidas. A realização de exames específicos conduzidos regulamente por profissionais de saúde, também são importantes aliados no combate à doença.