Este artigo foi assinado pelo Dr. Evanius Garcia Wiermann, oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e publicado originalmente no caderno Opinião, do jornal Estado de Minas, no dia 15/07/2014.
No dia 15 de julho, comemora-se o Dia Nacional no Brasil. A criação da data foi incentivada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO),e tem como objetivo incentivar os homens a cuidar da saúde de forma preventiva.Segundo estatísticas anuais da Organização Mundial da Saúde (OMS), os homens vivem, em média, seis anos a menos que as mulheres, isso ocorre devido a falta de cuidados com a saúde e o desinteresse em consultas regulares. Os dados são ainda mais preocupantes. Em 2014, o Brasil deve registrar 576.580 mil novos casos de câncer. Do total, a previsão é que 52% da ocorrência da doença seja registrada entre homens, de acordo com levantamentos realizados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Muitas doenças poderiam ser evitadas se os homens procurassem os centros de saúde com frequência, mas grande parte deles resiste em buscar ações preventivas. Uma das principais barreiras vem da cultura machista de achar que o homem é “forte” e procurar ajuda é sinal de fraqueza ou fragilidade. Consequentemente, os serviços de saúde seriam dirigidos para os mais frágeis como as crianças, mulheres e idosos. O Ministério da Saúde vem criando políticas e ações para tentar quebrar estes paradigmas e aumentar a procura dos serviços de saúde pelos homens brasileiros. Ter cuidado consigo é extremamente importante. É esta lógica que nós oncologistas estamos tentando trazer para o sistema.
Dados da Organização mundial da Saúde mostram que os homens morrem mais cedo que as mulheres, vivendo aproximadamente até os 70 anos de idade. Dos 20 anos aos 40, as causas da mortalidade são acidentes, violência e homicídios; após os 40 anos, entre os principais fatores estão os acidentes vasculares cerebrais, infartos e o câncer de próstata.
Estudos demonstram que, embora as mulheres relatem piores condições de saúde que os homens, esse padrão é, na verdade, mais complicado. As diferenças de morbidade existentes entre os sexos podem variar, dependendo dos sintomas ou condições de saúde estudadas ou, então, segundo a fase do ciclo de vida que está em avaliação. Estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anualmente 62.3% das mulheres fazem consultas de rotina, em contrapartida, 46,7% dos homens visitam os consultórios. As estatísticas também apontam que as mulheres buscam mais serviços para realização de exames de rotina e prevenção (40,3% mulheres e 28,4% homens), enquanto os homens procuram serviços de saúde principalmente por motivo de doença já manifesta (36,3% homens e 33,4% mulheres).
Ainda temos muito que progredir para incentivar o sexo masculino a buscar a prevenção. A criação de campanhas de conscientização em prol desta causa são indispensáveis. O fato é que a dor ainda é o principal motivo que os leva a procurar um médico, mas se os homens adotassem o hábito de irem a consultas de rotina, e procurassem especialistas frequentemente, antes mesmo dos sinais da dor, os números poderiam ser mais favoráveis.