Entidades ligadas ao tratamento de câncer pediátrico vão se reunir nesta terça-feira para discutir a interrupção da venda do medicamento L-asparaginase, contra leucemia linfoide aguda (LLA). A droga já havia faltado em 2011, mas agora a empresa que a comercializa no Brasil, o laboratório Bagó, comunicou a entidades médicas que o produto deixaria de ser vendido por um problema mundial de produção.
Participarão do encontro o Comitê de Hematologia e Hemoterapia Pediátrica da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope). Para a hematologista Maria Lucia de Martino Lee, da ABHH, a falta da medicação deve trazer grande impacto nos resultados do tratamento do câncer pediátrico. A LLA representa 25% dos casos de câncer em crianças.
"Para combater a LLA, é fundamental entrar com a L-asparaginase no primeiro mês. Caso isso não ocorra, os resultados do tratamento podem ser comprometidos, interferindo nas chances de cura", afirma Maria Lucia.
Desinteresse
Na opinião do presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc), Anderson Silvestrini, existe pouco interesse comercial na droga. "O medicamento existe há 30 anos, o custo é baixo e, como a incidência não é tão alta, o consumo também é pequeno, o que leva a um desestímulo para que o laboratório continue produzindo."
O médico Carmino Antonio de Souza, presidente da ABHH, diz que a preocupação é antiga. "Como o Brasil não detém tecnologia e é muito dependente de importações, de fornecedores (às vezes há laboratórios que só envasam e vendem, mas não têm domínio da produção e da matéria-prima), fica muito vulnerável à falta esporádica ou definitiva de produtos na área de câncer", disse Souza. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.