Em dezembro passado, o Dr. Gilberto de Castro Junior, chefe da área de Oncologia Torácica e Câncer de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), apresentou os resultados do estudo ASCEND-4 na 17ª Conferência Mundial de Câncer de Pulmão da International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC), em Viena, na Áustria.
O estudo mostrou a superioridade do ceritinibe quando comparado à quimioterapia como tratamento de primeira linha para câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) metastático com translocação da cinase do linfoma anaplásico (ALK+). “Os resultados são muito animadores. A sobrevida livre de progressão, que era o desfecho principal do estudo, foi de 8,1 meses no braço da quimioterapia e 16,6 meses no braço do ceritinibe”, explica o Dr. Gilberto.
Comparador atual
O ASCEND-4, estudo de fase III, randomizou 376 pacientes com CPNPC metastático ALK+ para receberem ceritinibe de primeira linha ou o tratamento padrão – pemetrexede com cisplatina ou carboplatina – por quatro ciclos, seguido de manutenção com pemetrexede. Ao todo, os pacientes foram tratados durante uma média de 66 semanas com ceritinibe e 29 semanas com a quimioterapia. Pacientes do Icesp participaram do estudo, que começou há dois anos e meio e segue agora na investigação da sobrevida global. “É interessante observar que o pemetrexede é uma medicação moderna, portanto, o resultado do ceritinibe foi frente a um comparador bastante atual”, afirma o Dr. Gilberto.
O ceritinibe é um inibidor de ALK aprovado em 2014 pelo Food And Drug Administration (FDA) para CPNPC ALK+. No estudo, a taxa de resposta à droga foi de 72,5% contra 26,7% no braço da quimioterapia. Atualmente, no Brasil, a única alternativa para o tratamento de pacientes diagnosticados com CPNPC ALK+ – que correspondem a 4% dos casos de adenocarcinoma de pulmão – é o crizotinibe (ainda não disponível para pacientes do Sistema Único de Saúde – SUS). “Participar de protocolos internacionais como este é fundamental para o Brasil”, avalia o Dr. Gilberto. “Um dos principais motivos é dar a chance de pacientes serem tratados com medicamentos potencialmente eficazes e aos quais eles dificilmente teriam acesso, seja no serviço público, na saúde suplementar ou mesmo privada”, conclui.