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Brasileiros destacam realidade das pacientes com tumores ginecológicos

Notícias Sexta, 05 Maio 2017 19:26

Oncologistas membros da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participaram do encontro anual da Society of Gynecologic Oncology, em Washington (EUA), de 11 a 15 de março. Baixa prevenção, diagnóstico tardio e demora para início do tratamento estão entre os problemas destacados pelos especialistas brasileiros, segundo os oncologistas Andréia Melo, Angélica Nogueira Rodrigues e Eduardo Paulino, do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA).

Eduardo Paulino (Grupo EVA/COI/Inca) e Angélica Nogueira Rodrigues (Grupo EVA/UFMG/DOM) apresentaram o panorama epidemiológico do câncer ginecológico no Brasil. Segundo os pesquisadores, a cada dois anos, o Instituto Nacional de Câncer divulga dados sobre a incidência de câncer de colo uterino, endométrio e ovário, porém sem informações detalhadas sobre os aspectos clínicos e demográficos. Para os estudos apresentados, foram colhidos dados de uma coorte de 193.647 pacientes tratadas entre os anos de 2000 e 2015 no país. Para cada tumor ginecológico, foram avaliadas as seguintes variáveis: idade mediana ao diagnóstico, anos de estudo, raça, estado civil, tipos histológicos, estágio ao diagnóstico e tempo decorrido entre o diagnóstico e o primeiro tratamento.

Foi identificada alta proporção de estágios avançados ao diagnóstico. Por exemplo, 79% dos tumores de colo uterino e vagina e 48% dos tumores de endométrio em estágios II a IV na época do diagnóstico. Além disso, foi detectado significativo atraso para o início do tratamento. Em 38% dos casos de tumor de endométrio e 36% dos de colo uterino, o tempo entre o diagnóstico e o primeiro tratamento ultrapassou 90 dias. Outro dado alarmante é que 22% das pacientes com câncer de colo do útero têm mais de 65 anos no momento do diagnóstico, indicando necessidade de maior atenção à prevenção em mulheres com mais de 50 anos1,2.

Por sua vez, a pesquisadora Audrey Tsunoda (Grupo EVA e Hospital Erasto Gaertner) apresentou a queda na segunda dose de vacinação anti-HPV no país de 99,9% da meta para 58,9% em 2014, ano de sua incorporação pelo Sistema Único de Saúde (SUS)3. De acordo com a cirurgiã oncológica, iniciativas de educação voltadas para a população com o objetivo de aumentar a taxa de adesão ao esquema completo são essenciais para o sucesso do programa.

Outro destaque foi o Dr. Reitan Ribeiro, do Hospital Erasto Gaertner, que apresentou uma técnica cirúrgica inovadora durante a plenária. Para pacientes jovens que desejam preservação de fertilidade e que apresentam tumores pélvicos não ginecológicos cujo tratamento envolve radioterapia, a transposição uterina retira o útero e os ovários do campo a ser irradiado. Após o término do tratamento, esses órgãos são reimplantados, de forma a preservar a capacidade reprodutiva dessas pacientes4.

Referências:

  1. Paulino E. Current demographics of gynwcologic câncer in Brazil. Presented at Special Interest Session II: Comtemporary Issues in Gynecologic Oncology: An International Focus on March 11, 2017. Abstract 501

  2. Nogueira Rodrigues A. Cervical câncer in a sub-optimally screened cohort: A population-based epidemiologic study of 133,771 women in Brazil. Presented at Special Interest Session II: Comtemporary Issues in Gynecologic Oncology: An International Focus on March 11, 2017. Abstract 500

  3. Tsunoda A. Discrepancies in brazilian HPV national vaccination coverage. Presented at Special Interest Session II: Comtemporary Issues in Gynecologic Oncology: An International Focus on March 11, 2017. Abstract 482

  4. Reitan R. Uterine transposition. Presented at Scientific Plenary V: The Farr Nezhat Surgical Innovation Session (Unintended Cosequences and Cool Outcomes) on March 14, 2017. Abstract 21
Última modificação em Segunda, 05 Junho 2017 19:53

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