A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) apoiou o Getting Ready – III Programa Roche para Residentes em Oncologia Clínica e Hematologia, que reuniu 300 médicos em seu último ano de formação nessas especialidades e 40 palestrantes. O evento ocorreu de 11 a 13 de maio, em São Paulo (SP). A programação englobou orientação profissional e atualização científica. “Para a SBOC, é uma ótima oportunidade de nos aproximar dos residentes. Para eles, é um momento especial para discutir os problemas e os dilemas da vida real”, descreve o Dr. Gustavo Fernandes, presidente da SBOC. “Refletir, por exemplo, sobre as vias de entrada no mercado de trabalho e como se posicionar. ”
“Vocês nunca aprenderão tanto quanto no primeiro ano pós-residência”, disse aos jovens médicos o Dr. Paulo Hoff, diretor do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e diretor do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês. “Serão as suas primeiras condutas sem ter um preceptor para consultar”, lembrou. “Para chegar aqui vocês foram obrigados a fazer muitas escolhas e as decisões continuam. ”
Para o Dr. Gustavo Fernandes, ninguém precisa ter medo de não encontrar seu espaço no mercado de trabalho. “Às vezes uma cidade ou um centro está lotado, mas o país certamente precisa de muitos oncologistas”, afirma. “Talvez o espaço não seja aquele que você queria num primeiro momento. ” O presidente da SBOC considera importante que o residente trace os seus objetivos de carreira e os persiga. “É preciso ter um ‘olhar de leão’. Escolha seus caminhos em vez de outros escolherem por você”, aconselha.
Perspectivas
Sobre complementar a formação no exterior, o Dr. Paulo Hoff classificou o ganho como limitado de forma geral. “A formação em Oncologia Clínica no Brasil hoje tem qualidade excelente, comparável à de qualquer país do mundo, inclusive Estados Unidos. Só aconselho complementar a formação no exterior se quiser se aprofundar em uma área muito específica ou como experiência pessoal”, afirma.
O diretor do Icesp considera benéfico participar da vida associativa. “É importante para a defesa profissional e para defendermos o que consideramos importante para os nossos pacientes”, explica Hoff. Como exemplo, o especialista cita a participação em discussões nacionais e internacionais para elaborar diretrizes, indispensáveis na disseminação do conhecimento prático baseado em evidências científicas.
A respeito da vida acadêmica, ele relata ser “muito gratificante”. Professor titular de Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Hoff recomenda que os residentes não percam os laços com o ensino. “É possível participar de grupos de estudo”, exemplifica. “Nada nos obriga mais a estudar e nos manter atualizados do que um residente ou um colega nos fazendo perguntas”, define.
“Quando estiverem diante de uma oportunidade e tiverem que decidir entre ganho financeiro e perspectiva de crescimento na carreira, escolham alguém mais experiente para se aconselhar”, sugere.
Na opinião do Dr. Paulo Hoff, não existem respostas certas ou erradas. “Procurem trabalhar em um lugar em que se sintam bem e empolgados, pois o comprometimento terá de ser 24 horas por dia”, resume.