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Folha de S. Paulo: Conhecimento sobre câncer de mama é menor entre mulheres pretas e pardas, diz Datafolha
A disseminação do conhecimento sobre câncer de mama já atinge 9 em cada 10 (97%) mulheres no país, das quais 69% se consideram bem informadas e 28% mais ou menos informadas. Porém, essas taxas caem entre as mulheres negras, com até o ensino fundamental completo, e das classes D e E, nas quais os índices daquelas que se consideram menos informadas sobre o câncer de mama são maiores. As mulheres pretas (28%) e pardas (33%) relatam mais dificuldade para obter informação sobre câncer de mama em comparação às brancas (20%).
"Essa pesquisa foi muito clara em mostrar como essa população que tem menor escolaridade, menor renda, e que tem essa coincidência que obviamente não é uma coincidência, ser a população negra, tem menor acesso à informação", avaliou Dra. Ana Amélia Viana, membro do Comitê de Diversidade da SBOC.
O Trimodal é uma série de eventos online com discussão multidisciplinar em oncologia, promovidos em conjunto por SBOC, SBRT e SBCO.
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Na última quarta-feira, 20 de setembro, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) foi representada por Dra. Laura Testa (membro do Comitê de Tumores Mamários) em audiência pública da Câmara dos Deputados sobre a incorporação de medicamentos para tratar o câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS).
O evento foi convocado pela vice-presidente da Comissão de Saúde da Casa, a deputada federal Silvia Cristina. Segundo a parlamentar, a motivação da discussão foi um relatório recente da Controladoria-Geral da União que apontou como 624 dias o prazo médio decorrido entre a data de incorporação do remédio e a efetiva disponibilidade para os pacientes.
Sobre a participação da SBOC em fóruns de incorporação, Dra. Laura Testa detalhou algumas das formas como esse apoio é prestado. Uma delas são as Diretrizes SBOC. “Na Sociedade, somos divididos em comitês especializados. Avaliamos anualmente todas as evidências científicas, as atualizamos e publicamos em forma de diretrizes de recomendações”, detalhou.
Em relação aos medicamentos para o tratamento de tumores mamários, a especialista ressaltou que eles têm sido e serão mais necessários do que nunca, dado o fato de que – desde a pandemia de Covid-19 – as mulheres são diagnosticadas cada vez mais em estadios avançados do câncer.
Parte do que tem impedido o efetivo acesso do tratamento no SUS, explicou Dra. Laura, é a falta de financiamento, afinal, uma nova incorporação não gera uma atualização nos valores de procedimentos da Tabela SUS. Segundo um dos exemplos apresentados, a partir de levantamento da SBOC, o valor mensal repassado para o tratamento com inibidores de ciclinas é de R$ 2.376,90, enquanto o custo real é de R$ 12.896,40.
“Hoje, o valor da APAC [modelo de financiamento de tratamentos oncológicos] é incompatível. Por isso, a SBOC tem um documento propondo outros mecanismos além dela. Cito aqui apenas a compra centralizada, um recurso de aquisição pelo Ministério da Saúde, que tem a logística de repassar isso para os serviços de saúde. Nossa experiência em câncer de mama, é que a compra centralizada funciona”, completou Dra. Laura.
Também participou da mesa a diretora da Sociedade, Dra. Angélica Nogueira. A oncologista clínica apresentou um panorama dos números e dos tratamentos de câncer de mama no Brasil e lembrou que o SUS não recebe atualização de tratamentos para câncer de mama hormonal há 20 anos – este é o tipo mais comum da doença, afetando 70% das pacientes.
“Apesar de toda a revolução no tratamento oncológico, o SUS está parado com essas incorporações. Temos que trazer esse importante grito: uma medicação aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) não pode não ter sua viabilização organizada para que o medicamento chegue aos pacientes”, afirmou Dra. Angélica.
Além dos tumores ginecológicos, o mês de setembro é dedicado a conscientização sobre o câncer de intestino. A campanha Setembro Verde tem como objetivo levar à população informações sobre rastreamento, diagnóstico precoce e prevenção neste tema. No cenário brasileiro, o câncer de intestino é o segundo mais comum entre homens e mulheres. De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), somente em 2023, serão diagnosticados mais de 45 mil novos casos da doença em todo o país.
Embora a prevalência dos casos ocorra em pessoas acima dos 50 anos, existe uma percepção dos especialistas e evidências científicas confirmando o aumento de casos de câncer de intestino na população mais jovem.
Dra. Maria Ignez Braghiroli, diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), percebe esse aumento de diagnósticos no consultório, ainda que, até o momento, não existam dados que apontem para uma causa mais especifica. "A crescente incidência entre os mais jovens tem sido tema de discussão frequente em congressos de oncologia, e embora ainda não haja uma resposta definitiva quanto aos fatores desencadeantes, diversos aspectos podem estar contribuindo para essa tendência. Acredita-se que os hábitos de vida, incluindo dieta, obesidade e outros fatores relacionados ao estilo de vida, desempenhem um papel importante nesse aumento entre os mais jovens", enfatiza a oncologista.
Os exames de rastreamento são importantes porque quanto mais cedo o câncer é diagnosticado, maiores são as chances de cura do paciente. "Existem exames de rastreamento disponíveis para detectar o câncer de intestino, com destaque para o teste do sangue oculto nas fezes, um exame acessível que busca vestígios de sangue. Outro exame importante é a colonoscopia, realizado com o paciente sedado, durante o qual o médico inspeciona o interior do intestino por meio de uma microcâmera, garantindo uma avaliação detalhada, com este exame é possível fazer o diagnóstico através da biópsia", explica a especialista.
A frequência do rastreamento pode variar de acordo com os resultados dos exames, podendo ser realizado a cada dois anos, conforme orientação médica. No entanto, em casos de predisposição genética, é recomendado que o rastreamento seja conduzido anualmente. Essa adaptação da periodicidade dos exames é fundamental para garantir a saúde e a detecção precoce de possíveis problemas.
Sintomas
Esta é uma doença silenciosa, muitas vezes passando despercebida, pois os primeiros sinais, como alterações intestinais, tendem a ser subestimados. "Um exemplo comum é quando alguém que anteriormente tinha constipação agora experimenta uma frequência maior de movimentos intestinais soltos, ou quando alguém que tinha evacuações regulares diárias passa a tê-las a cada seis dias, por exemplo. No entanto, é crucial observar que esses sintomas devem ser considerados preocupantes quando se tornam recorrentes e não são esporádicos", pontua Dra. Maria Ignez.
Além disso, outros sintomas a serem observados incluem perda de peso inexplicada, inchaço abdominal e a presença de sangue nas fezes. Mas, é importante notar que nem todos os tipos de tumores causam sangramento nas fezes, e isso geralmente ocorre em estágios avançados da doença. A anemia também pode ser um sinal indicativo de câncer colorretal.
Tratamento
O tratamento do câncer colorretal é altamente personalizado, adaptando-se à situação específica de cada paciente. Quando o tumor está localizado no intestino, a abordagem inicial envolve geralmente uma cirurgia. Se o câncer já tiver se espalhado para além do intestino, é necessária uma avaliação detalhada pelo oncologista para determinar se a cirurgia ainda é necessária ou se o tratamento deve começar com quimioterapia.
Essa decisão é altamente individualizada e depende das características do paciente e do estágio da doença. No caso de tumores no reto, a radioterapia é frequentemente uma opção recomendada, juntamente com outras abordagens descritas acima.
Para pacientes que não são candidatos à cirurgia, o tratamento do tumor muitas vezes envolve sessões intermitentes de quimioterapia que deve ser adaptada a características moleculares avaliadas nos tumores.
Prevenção
Dra. Maria Ignez destaca que a incidência do câncer colorretal está diretamente associada ao estilo de vida, por isso, entre os pilares da prevenção está a mudança de hábitos alimentares. Isso inclui a redução do consumo de carnes processadas e vermelhas, alimentos ultraprocessados, a inclusão de uma dieta rica em fibras e a manutenção de um peso adequado para a idade e estatura.
Além disso, a oncologista clínica ressalta que é necessário incorporar atividades físicas à rotina e evitar sempre o consumo de cigarro e álcool.
O XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontecerá de 16 a 18 de novembro na cidade do Rio de Janeiro, irá neutralizar as suas emissões de carbono em parceria com o Carbon Free Brasil. A ação evidencia que, além do enfrentamento do câncer, o tradicional evento realizado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) está comprometido com as transformações climáticas mundiais, buscando assim um horizonte mais positivo para gerações presentes e futuras.
Durante os três dias de evento, que neste ano tem a previsão de receber mais de 4 mil pessoas, serão levados em consideração os meios de consumo de energia elétrica no local, geração de efluentes e resíduos sólidos, assim como o deslocamento de staffs, palestrantes, convidados e fornecedores.
Para o cálculo da emissão dos gases de efeito estufa gerados, será usado o ''GHG protocol Brasil'' – uma metodologia usada mundialmente e adaptada ao contexto brasileiro pela Fundação Getúlio Vargas. Essa ferramenta estima a quantidade de gases de efeito estufa gerados e, com base nesse resultado, o Carbon Free Brasil indica a quantidade de créditos de carbono a ser adquirido para neutralizar suas emissões. No caso do Congresso SBOC, já foi estabelecido que a neutralização das emissões dos gases de efeito estufa ocorrerá por meio de repasses ao Projeto de Substituição de Combustíveis Poluentes das pequenas cerâmicas Argibem, São Sebastião e Vulcão, localizado na Barra do Piraí – região Sul do estado do Rio de Janeiro. Elas utilizavam óleo pesado como combustível para queima das peças, mas desde 2006, com apoio de créditos de carbono, elas passaram a usar biomassa renovável, que é uma fonte limpa de energia. Além de reduzir emissões de gases causadores do efeito estufa, esse projeto também tem promovido o desenvolvimento sustentável da comunidade e diminuido a exposição dos trabalhadores a poluentes que causam danos ao sistema respiratório.
“Como instituição que valoriza e estimula a saúde e o bem-estar social, a SBOC tem implementado diferentes ações de ESG [sigla em inglês que representa a sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa]”, comenta o Presidente da entidade, Dr. Carlos Gil Ferreira. “A parceria com o Carbon Free Brasil no nosso maior evento é um exemplo claro dessa nossa preocupação”, acrescenta.
Ao se juntar ao Carbon Free Brasil, o Congresso SBOC também irá gerar automaticamente um cashback ambiental. Para cada tonelada de CO2 compensado, o Carbon Free Brasil reverterá 5 reais para a compra de mudas de plantas nativas do IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas - e plantio em áreas degradadas.
Este texto foi editado e atualizado em 08/11/2023.
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) promove, até 9 de outubro, a Consulta Pública (CP) Nº 37.
A tecnologia avaliada é:
Pembrolizumabe (em monoterapia ou associado à quimioterapia)
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) promove virtualmente, no dia 22 de setembro, das 10h às 11h, a Audiência Pública Nº 34, recebendo contribuições para as recomendações preliminares relacionadas às propostas de atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde.
A tecnologia avaliada é:
Teste molecular para nódulos de tireoide por perfil de microRNA (TMTmicroRNA)