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Conheça a única mulher a ocupar a presidência da SBOC

Notícias Segunda, 19 Março 2018 19:25

A Dra. Lucilda Cerqueira de Lima, de Florianópolis (SC), é a única mulher até hoje a ter presidido a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), enquanto os presidentes homens são 15. Foram dois mandatos consecutivos de 1997 a 2001. Logo que concluiu a residência, em 1985, tornou-se membro da instituição. Sua primeira participação na diretoria foi como secretária geral em 1991 e depois foi vice-presidente para Ensino. “Quando decidi fazer oncologia, poucos escolhiam o mesmo caminho; a especialidade estava começando e ainda não era bem vista”, revela. Ela conta que não se sentiu intimidada; pelo contrário, tem prazer em desbravar.

“Sou de uma geração de médicas que queriam estar no que havia de novo”, conta. “Queríamos provar que éramos capazes de fazer tudo o que os homens faziam e vencer esse preconceito”, pontua. Muitas de suas colegas de turma na graduação e na residência, inclusive, optaram por não ter filhos como forma de priorizar a carreira. “Hoje vejo que isso mudou; as médicas que desejam ser mães e não abrem mão da carreira buscam equilibrar as atividades para tornar as duas coisas possíveis”, diz. Ela mesma tem uma filha professora de literatura francesa e tradutora. “Mesmo me acompanhando para lá e para cá quando criança, optou por outra profissão, mas é muito realizada e isso é o mais importante.” Perguntada se sofreu preconceito por ser mulher e ocupar cargos de gestão, ela responde: “Sempre fiz o que queria e nunca dei atenção a isso”.

Na época em que presidiu a SBOC, a agenda era bem carregada. Como oncologista e pesquisadora, dedicava-se com intensidade ao Centro de Pesquisas Oncológicas de Santa Catarina (Cepon). Como líder da Sociedade, montou um escritório na capital catarinense, onde despachava todos os dias. “Tínhamos uma boa estrutura e fazíamos muito pelos oncologistas”, orgulha-se. Os destaques de novos estudos e artigos científicos, por exemplo, eram enviados aos associados pelo “fax news”. “É interessante lembrar disso diante de uma realidade atual tão online.” A revista científica também demandava muita energia e teve um crescimento notável. As viagens de representação da SBOC em eventos e fóruns nacionais eram frequentes. “Minha filha sentia bastante, mas são escolhas que a gente faz”, reflete.

Conquistas

Ao lembrar daquela época, frisa o empenho dos vice-presidentes e de toda a diretoria para trazer mais oncologistas para a Sociedade. “Os presidentes das regionais também foram super atuantes nas minhas duas gestões. Tínhamos reuniões a cada três meses, quando eles apresentavam as peculiaridades e necessidades locais. Assim, sempre houve retorno e uma união nacional.”

A ex-presidente destaca, ainda, o protagonismo da SBOC na organização das políticas de oncologia. “Debatíamos com intensidade e frequência as necessidades da especialidade. As reuniões com o Inca eram mensais e com o Ministério da Saúde a cada dois ou três meses”, descreve. “Muitas das portarias que regem as políticas do SUS são daquele período, inclusive a elaboração das APACs [Autorizações de Procedimentos de Alta Complexidade] para custeio dos tratamentos de quimioterapia, depois infelizmente pouco reavaliadas por desinteresse do Ministério”, ressalta.

Com 57 anos, a Dra. Lucilda acaba de concluir um longo ciclo como diretora técnica do Cepon, que é a maior instituição de referência em oncologia em Santa Catarina. Agora coordena, no mesmo centro, o serviço de adolescentes e jovens adultos, criado recentemente e idealizado por ela. O atendimento a pacientes com sarcoma sempre foi seu maior interesse na área clínica.

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