Em meio às discussões e reflexões propostas pelo Outubro Rosa ao redor do mundo, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participou, na última sexta-feira (16/10), de dois debates na Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados: primeiro, sobre o impacto da Lei dos 30 dias na vida das mulheres com suspeita de câncer; em seguida, sobre a importância de instituições da sociedade civil na jornada daquelas diagnosticadas com a doença na pandemia.
Dra. Daniele Assad, membro do Comitê de Tumores Mamários da SBOC, representou a entidade nas discussões e chamou a atenção para a queda da circulação de pacientes e da oferta de centros cirúrgicos e tratamentos, como radioterapia e quimioterapia, durante a pandemia. “Isso porque a COVID-19 desorganizou o sistema de saúde. Diante dessa realidade e dos graves riscos envolvidos, a SBOC liderou uma série de ações para orientar os médicos e pacientes no enfrentamento do novo coronavírus e do câncer”, conta.
Entre as iniciativas voltadas especificamente para o controle do câncer de mama, destacou-se nas reuniões recomendação técnica para tratamento de pacientes elaborada nos primeiros meses da pandemia e publicada na Brazilian Journal of Oncology (leia mais). “O material, fruto do trabalho de especialistas SBOC, comenta todos os passos do tratamento e orienta sobre diversos temas, desde os esquemas de quimioterapia a às decisões cirúrgicas relacionadas a subtipos biológicos do câncer de mama, passando por especificidades, como o uso da terapia anti-HER2 e endócrina adjuvante, e aconselhamento genético, entre outras abordagens.”
Sobre a Lei dos 30 Dias (Lei 13.896, de 30 de outubro de 2019), que estabelece que os exames necessários para a confirmação do diagnóstico de câncer sejam realizados no Sistema Único de Saúde (SUS) no prazo máximo de um mês, o coordenador do Comitê de Tumores Mamários da SBOC, Dr. Bruno Pacheco, reforça que sua aplicação pode ser decisiva na jornada da paciente com câncer de mama. “Todo paciente oncológico tem pressa, porque o câncer não espera, mas a demora no diagnóstico e no tratamento da paciente com tumores mamários pode fazer com que a mulher passe por uma mastectomia perfeitamente evitável. Além disso, a taxa de sobrevivência cinco anos após o diagnóstico aumenta consideravelmente quando a doença é diagnosticada ainda em seus primeiros estágios”, explica.
Também foram apresentadas iniciativas da SBOC para orientação e suporte ao oncologista clínico e à população em geral sobre diferentes tipos de câncer e demais assuntos relacionados ao cuidado oncológico durante a pandemia, como telemedicina e saúde mental, reunidas no especial coronavirus.sboc.org.br.
Os debates, mediados pela senadora Zenaide Maia (PROS-RN) e pela deputada Rejane Dias (PT-PI), integraram a programação do Outubro Rosa na Câmara, com o apoio da Primeira-Secretaria e da Comissão dos Direitos da Mulher do órgão e em parceria com o Senado, por meio da Procuradoria Especial da Mulher, da Comissão Permanente Mista de Combate à Violência contra a Mulher, do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça e da Liga do Bem.