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VIII Breast Cancer Weekend difunde conhecimento multidisciplinar

Notícias Quinta, 06 Abril 2017 20:43

Fortaleza sediou, nos dias 31 de março e 1º de abril, o VIII Breast Cancer Weekend. Esta foi a primeira edição organizada em conjunto pelas Sociedades Brasileiras de Oncologia Clínica (SBOC) e de Mastologia (SBM). Os especialistas da região puderam assistir palestras e interagir com convidados internacionais e nacionais.

Dos Estados Unidos vieram quatro médicos. O Dr. Andrew Seidman, oncologista clínico do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC), de Nova York, e professor de medicina no Joan and Sanford I. Weill Medical College of Cornell University foi um dos destaques. Outro oncologista clínico do grupo era o Dr. Otto Metzger Filho, do Dana-Farber Cancer Institute, em Boston.

O cirurgião plástico Peter Cordeiro, do MSKCC, e Terry Mamounas, diretor médico do UF Health Cancer Center, de Orlando, também compartilharam suas experiências com o público brasileiro. O evento contou, ainda, com o Dr. Romualdo Barroso, oncologista clínico que atualmente realiza um Postdoctoral Fellowship em Oncologia Mamária no Dana-Farber Cancer Institute.

“A ideia foi aproximar os associados da SBOC da região dos maiores avanços na área e das discussões com líderes globais de opinião”, diz o Dr. Markus Gifoni, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. “Vimos salas cheias e discussões muito interessantes que confirmam a importância de haver eventos de qualidade com convidados de primeiro nível”, avalia.

De acordo com o Dr. Gifoni, o Breast Cancer Weekend era um evento já relevante no calendário regional e a participação de oncologistas clínicos sempre tinha sido marcante. “Dividir a organização com a SBM foi um passo natural e deu à iniciativa um caráter ainda mais interativo”, explica. “Pela sua relevância, a SBOC deve ter sempre um protagonismo em iniciativas de difusão do conhecimento em oncologia, com ênfase na multidisciplinaridade”.

Realidade brasileira

VIII Breast Cancer Weekend 353Fez parte do evento uma discussão sobre desafios do acesso ao diagnóstico e tratamento oncológico no Brasil, considerando a desigualdade entre as regiões do país. Segundo o Dr. Gifoni, em eventos dessa natureza, é possível contribuir para o amadurecimento da questão e para que os problemas sejam superados. “Tão importante quanto a difusão das informações e da evolução do conhecimento é que confrontemos essas inovações com a realidade que enfrentamos, de forma responsável”, enfatiza.

Um exemplo da dificuldade de acesso para as brasileiras é a mastectomia redutora de risco. O Dr. Renato Torresan, mastologista de Campinas (SP) e um dos palestrantes do Breast Cancer Weekend, conta que o Sistema Único de Saúde ainda não disponibiliza a pesquisa de mutações genéticas, como a do BRCA. O acesso, neste caso, se restringe às pacientes incluídas em protocolos de pesquisa.

Segundo ele, nos grandes centros, a mastectomia é oferecida pelo SUS, mas com base em uma avaliação de risco a partir de algoritmos que tentam predizer a chance de existir a mutação do BRCA. “Cada vez mais, observamos que estes caminhos têm sido seguidos em várias regiões do país, tornando a abordagem de cirurgia em pacientes de alto risco para câncer de mama uma realidade no Brasil”, conclui.

Inovação

O evento também apresentou um resumo de Saint Gallen, tradicional conferência médica sobre a doença, que ocorreu duas semanas atrás. Uma das questões debatidas foi o papel da genética na prevenção e no tratamento do câncer de mama em estágio inicial. O Dr. Otto Metzger Filho, do Dana-Farber Cancer Institute, abordou os possíveis benefícios da adição de platina ao tratamento neoadjuvante de pacientes portadoras de mutações BRCA. “Dados pré-clínicos indicam um potencial de prevenção de recidiva em pacientes com mutação BRCA por meio de agentes inibidores de remodelação óssea”, enfatiza, ao citar estudo publicado na Nature Medicine.VIII Breast Cancer Weekend 527

Perguntado sobre o potencial dos testes moleculares para pacientes jovens, com menos de 35 anos, no contexto adjuvante, o Dr. Otto responde que eles proporcionam uma leitura precisa da biologia tumoral em tumores luminais – por exemplo, o hormônio positivo – e que a interpretação e o uso dos resultados devem levar em conta variáveis clínico-patológicas, incluindo idade. “Apesar de dados limitados sobre o uso de testes moleculares em pacientes jovens, eles podem classificar tumores com muito baixo risco para os quais a quimioterapia não traria benefício”, pontua.

Última modificação em Quinta, 06 Abril 2017 20:50

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