A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no dia 10 de abril, o paclitaxel nanoparticulado albuminado (Abraxane®) como tratamento em primeira linha de pacientes com adenocarcinoma de pâncreas metastático. “A aprovação ocorre com algum atraso, mas é um avanço com certeza”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. Gustavo Fernandes. “Ficamos felizes de poder utilizar essa substância sem ter que importá-la”, completa.
De acordo com o presidente da SBOC, esta formulação do paclitaxel está disponível nos Estados Unidos há aproximadamente uma década, utilizada para câncer de mama e de pulmão. “É uma opção terapêutica bastante consolidada no mundo”, observa. Em 2013, estudo fase 3 publicado no New England Journal of Medicine mostrou que a mediana da sobrevida global foi de 8,5 meses no grupo nab-paclitaxel-gemcitabina em comparação com 6,7 meses no grupo gemcitabina (razão de risco para óbito 0,72).
A taxa de sobrevivência foi de 35% no grupo nab-paclitaxel-gemcitabina versus 22% no grupo gemcitabina ao ano, e 9% versus 4% em dois anos. A média de sobrevida livre de progressão foi de 5,5 meses no grupo nab-paclitaxel-gemcitabina, em comparação com 3,7 meses no grupo gemcitabina (razão de risco para a progressão da doença ou morte 0,69).
Os eventos adversos mais comuns de grau 3 ou superior foram neutropenia (38% no grupo nab-paclitaxel-gemcitabina versus 27% no grupo gemcitabina), fadiga (17% versus 7%) e neuropatia (17% versus 1%). No grupo nab-paclitaxel-gemcitabina, a neuropatia de grau 3 ou superior melhorou para grau 1 ou inferior numa mediana de 29 dias.
Segundo o Dr. Gustavo Fernandes, não existe estudo comparativo com a terapia padrão utilizada no Brasil hoje, que é o protocolo FOLFIRINOX (leucovorina, fluorouracil, irinotecano, oxaliplatina). “A aprovação do paclitaxel vai mudar a conduta de parte dos oncologistas. Outros permanecerão usando FOLFIRINOX”, avalia.
O câncer de pâncreas tem comportamento agressivo e costuma ser diagnosticado tardiamente devido a ausência de sintomas nos estágios iniciais. Segundo o Instituto Nacional de Câncer, esse tipo de câncer é responsável por cerca 4% das mortes provocadas pela doença no Brasil.