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Residentes em Oncologia

Uma droga de produção inédita no Brasil, que reduz os efeitos colaterais do tratamento de câncer, deve chegar ao mercado no ano que vem, depois de ter sido aprovado há pouco mais de um mês pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Fiprima (filgrastim) é o primeiro medicamento biossimilar inteiramente desenvolvido no Brasil - e o primeiro da América Latina. Biossimilares são parecidos a medicamentos biológicos, que por sua vez são produzidos a partir de um organismo vivo, e não apenas por meio da manipulação química de sais em laboratório. Isso torna o seu desenvolvimento muito mais complexo.

Para se ter uma ideia, em todo o mundo existem apenas 20 biossimilares registrados, incluindo o produto brasileiro, que são considerados uma nova fronteira para a indústria farmacêutica global.

A nova droga é uma versão de um medicamento biológico originalmente desenvolvido pela Roche, cuja patente expirou no início dos anos 2000.

Ela é indicada para pacientes que apresentam o sistema imunológico comprometido pela realização de tratamento quimioterápico. O medicamento permite o restabelecimento da imunidade, evitando o surgimento de doenças infecciosas oportunistas.

O novo biossimilar foi desenvolvido pela Eurofarma. Por meio de um acordo de transferência de tecnologia, será produzido pela Fiocruz e distribuído gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Com a produção própria, o Ministério da Saúde diz esperar economizar R$ 9,3 milhões por cinco anos.

Glóbulos brancos

O remédio é fundamental para os pacientes submetidos a tratamentos quimioterápicos e que acabam apresentando uma contagem muito baixa de neutrófilos - glóbulos brancos que ajudam no combate às infecções.

Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 12 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer em todo o mundo a cada ano. Apenas no Brasil, o Inca estima 580 mil novos casos em 2015.

A aprovação do remédio foi publicada no último dia 20 de outubro no Diário Oficial da União. O desenvolvimento do biossimilar contou com financiamento de R$ 12 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e levou dez anos para ser concluído.

Organismo vivo

Remédios biológicos como o Fiprima são muito mais complexos do que os remédios tradicionais justamente porque não são sintéticos. Ou seja, não dependem apenas de uma manipulação de substâncias químicas em laboratório para serem produzidos.

Os remédios biológicos são em geral proteínas produzidas por um organismo vivo - que pode ser uma bactéria, uma levedura ou uma célula de mamífero. Os cientistas alteram geneticamente esses organismos vivos para que passem a produzir exatamente aquela substância de que precisam e nada mais. Eles cultivam, então, os organismos para que se transformem em "fábricas" de proteínas.

"Os primeiros remédios biológicos surgiram nos anos 80", explica a vice-presidente da Eurofarma, Martha Pena.

"Quando parecia que a indústria farmacêutica tinha começado a ficar limitada, que tínhamos resolvido parte das doenças e que outras, simplesmente, não conseguiríamos resolver, surgiu essa nova tecnologia que nos permitiu interferir em mecanismos biológicos, receptores de células, algumas formas de vírus."

Tanto é assim, diz Martha Pena, que a Filgastrima foi um dos primeiros medicamentos biológicos desenvolvidos no mundo e, só agora, foi possível criar uma cópia. No caso, o Fiprima.

A farmacêutica tem hoje uma parceria em andamento com o Instituo Bio-Manguinhos, via Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que garante o abastecimento do mercado público e a transferência de tecnologia. Segundo Martha, o mercado privado deve absorver 50% das vendas do biossimilar e o governo, a outra metade.

"O processo de transferência (de tecnologia) prevê a incorporação das diversas etapas de produção paulatinamente", explicou o diretor de Bio-Manguinhos/Fiocruz, Artur Couto.

"Neste caso, podemos dizer que o início dos processos se dá imediatamente a obtenção do registro por parte da Fiocruz, o que tem prazo para ocorrer até 12 meses após a assinatura do contrato. Estamos trabalhando para ter o contrato assinado ainda no primeiro semestre de 2016."

Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/12/brasil-cria-1o-remedio-a-partir-de-organismo-vivo-contra-efeito-de-quimioterapia.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1

Washington, EUA. Os homens que passam por tratamento hormonal por causa de um câncer de próstata correm um risco quase duas vezes maior de desenvolver o mal de Alzheimer que as pessoas que não recebem tal terapia, segundo um estudo norte-americano publicado nesta quarta.

Os cientistas autores da pesquisa não puderam estabelecer nenhuma causalidade definitiva entre a prática hormonal, chamada "Terapia de privação de andrógenos (ADT)”, e o Alzheimer, mas sustentam que a associação encontrada é preocupante e merece continuar sendo estudada.

"Queríamos contribuir para o debate sobre os relativos riscos e as vantagens da ADT, e ninguém havia estudado a associação entre a ADT e a doença de Alzheimer”, explicou Kevin Nead, médico da Escola de Medicina Perelman, da Universidade da Pensilvânia, e principal autor do informe.

"Baseando-se nos resultados de nosso estudo, um aumento do risco da doença de Alzheimer pode ser um potencial efeito secundário da terapia de privação de andrógenos, mas ainda precisamos de mais investigações (sobre isso) antes de avaliar se as práticas clínicas devem ser mudadas”, ponderou.

Os resultados foram norteados por duas grandes bases de dados dos históricos clínicos de cerca de 5 milhões de pacientes, dos quais 16.888 receberam tratamento em virtude de um câncer de próstata. Desses, aproximadamente 2.400 foram tratados com a terapia hormonal ADT e receberam o acompanhamento necessário para permitir a análise dos dados, explicou o estudo.

Comparativo. Os pesquisadores compararam os pacientes de ADT com um grupo controle de pessoas com câncer de próstata que não receberam tal terapia e encontraram uma diferença significativa no número de homens que desenvolveram a doença de Alzheimer no início do tratamento com o ADT.

"Os métodos estatísticos mais sofisticados mostraram que a probabilidade de contrair Alzheimer era 88% maior entre os pacientes que receberam ADT durante o período de acompanhamento”, explicou o estudo.

Quanto mais longo foi o período de terapia de privação de andrógenos, mais alto era o risco de desenvolver a doença.

A terapia de privação de diminui a produção dos hormônios masculinos, chamados "andrógenos”, que podem desempenhar um papel importante no crescimento das células da próstata.

A supressão dos andrógenos pode acarretar diversos efeitos secundários, como baixos níveis de testosterona, impotência, diabetes, doenças cardiovasculares e depressão.

Estudos anteriores sugeriram que baixos níveis de testosterona podem debilitar a resistência do cérebro à doença de Alzheimer.

Metodologia

Entre 5 milhões de pacientes, 16 mil receberam tratamento por causa de um câncer de próstata.

Fonte: O Tempo

A biópsia é o recurso mais utilizado na medicina para detectar se um paciente está com câncer. Devido à necessidade de retirada do tecido que precisa ser analisado, porém, incomoda o paciente e exige presteza de quem realiza o procedimento. Na busca por facilitar essa etapa importante do enfrentamento à doença, cientistas da Alemanha desenvolveram uma técnica menos invasiva e mais eficiente de diagnóstico. Com o auxílio de uma tomografia avançada e que dispensa o uso de radioatividade, eles conseguiram resultados melhores de descoberta do melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele, do que pelo método tradicional. Os autores do trabalho, publicado na revista Science Translational Medicine desta semana, acreditam que a opção se torne uma alternativa mais segura e possa ser usada em outras versões da doença.

A ideia de buscar uma técnica mais avançada surgiu com base em estudos anteriores que utilizaram tomografias computadorizadas com visualização em 3D para identificar tumores. "Em 2014, um trabalho de colegas nossos mostrou que 79,2% dos pacientes com melanoma submetidos a essa análise obtiveram resultados negativos; ou seja, quase 80% deles poderiam ser poupados de cirurgias de biópsia”, destacou ao Correio Joachim Klode, pesquisador da Universidade de Duisburg-Essen (Alemanha).

A técnica usada por Klode e equipe chama-se tomografia optoacoustic multiespectral (MSOT, pela sigla em inglês). Primeiro, o paciente recebe a injeção de um corante fluorescente na região que existe a suspeita de tumor. Logo em seguida, entra no MSOT para a realização do exame. Depois, um detector de MSOT de mão é usado para deixar a análise mais localizada. Ambos os exames são baseados em uma resposta de luz criada pelo corante, que reage ao ser exposto à tomografia.

A tecnologia foi testada em 20 pacientes e nenhum deles apresentou falsos negativos — quando o paciente tem a doença, mas o exame não a acusa. "O corante e o MSOT provaram ser uma excelente abordagem de detecção, eliminando a necessidade de uso de radioatividade. Ainda foram capazes de melhorar a análise patológica, aumentando as taxas de detecção de metástases. Se validada em estudos maiores, essa abordagem poderia aliviar a necessidade de cirurgia invasiva em um número significativo de pacientes”, destacou Klode.

Radioatividade

Eduardo Vissotto, oncologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, e membro da Associação Brasileira de Oncologia, explica que já são usadas atualmente técnicas semelhantes de diagnóstico, como a linfocintilografia. Segundo o médico, o procedimento também é menos invasivo e funciona de forma parecida, com uma substância injetada na região de suspeita do tumor para que ele possa ser localizado mais facilmente.

"Mas ela utiliza material radioativo, diferentemente dessa técnica nova da Alemanha, o que é uma vantagem, já que esse é um material que pode trazer perigo ao paciente e ao profissional de saúde”, compara. "(O MSOT) é um exame de alta sensibilidade e que não mostrou falsos negativos. Isso auxilia a evitar as cirurgias, um procedimento muito invasivo, mas é claro que precisa ser confirmado em trabalhos maiores”, pondera.

Com os resultados positivos obtidos no primeiro experimento em humanos, os autores da pesquisa adiantam que mais análises são necessárias. "Nossos resultados precisam ser validados em um estudo com pacientes de perfis diferentes e acreditamos que eles também possam ajudar na detecção do carcinoma de células escamosas”, adiantou Klode. Vissoto também acredita que a tecnologia tem chances de aplicação ampliada. "Caso a eficácia seja comprovada em outros experimentos, ajudaria na busca de outros tumores, como o câncer de mama”, opina.

Na terceira idade

É um tumor maligno com origem nas células escamosas, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele. Os carcinomas podem ocorrer em todas as partes do corpo, mas costumam se desenvolver em regiões que são expostas ao sol, como braços, pernas, rosto, pescoço e couro cabeludo. É uma enfermidade mais frequente em homens e raras vezes se manifesta antes dos 50 anos. Os diagnósticos começam a surgir após os 70 anos.

Fonte: Correio Braziliense

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A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro de dois medicamentos no Brasil que irão auxiliar no tratamento de um tipo de câncer no rim e de doenças pulmonares.

Um dos medicamentos é o INLYTA® (axintinibe), comprimido de uso oral, indicado para pacientes com um tipo avançado de câncer de rim, o RCC. O medicamento pertence à classe das terapias-alvo e inibe o crescimento de novos vasos sanguíneos que aumentam o tumor e favorecem a progressão da doença.

Tipo mais comum de câncer renal, o RCC avançado esteve historicamente entre os tumores mais resistentes ao tratamento. Dados do Globocan, um projeto da Organização Mundial da Saúde, apontam que, em 2012, 6.255 pessoas receberam o diagnóstico de câncer de rim no Brasil, sendo 3.761 homens e 2.494 mulheres.

O câncer renal está entre os 10 tipos de tumores mais comuns em homens e mulheres. No geral, o risco de desenvolver a doença é cerca de 1 em 63 (1,6%). Esse risco é maior em homens do que em mulheres.

Outro medicamento registrado foi o ANORO® ELLIPTA, que pode ser usado no tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), bronquite crônica e enfisema pulmonar.

A DPOC, também conhecida como tosse de fumante, mata uma pessoa a cada 10 segundos e se tornará a terceira maior causa de morte em todo o mundo até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Fonte: http://brasileiros.com.br/2015/12/anvisa-aprova-dois-medicamentos-importantes-de-combate-ao-cancer-de-rim-e-de-doencas-pulmonares/

 

 

A técnica descoberta por cientistas americanos induz o tumor a se autodestruir - daí o nome "terapia do gene suicida". A pesquisa identificou um aumento de 20% no índice de sobrevivência de pacientes com câncer de próstata após cinco anos de tratamento.

Mas um especialista em câncer consultado pela BBC disse que estudos adicionais são necessários para comprovar a eficácia do tratamento.

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais frequente entre homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. É também o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens - representa cerca de 10% do total de cânceres.

O estudo, conduzido por pesquisadores do Hospital Metodista de Houston, no Texas, parece mostrar que essa "terapia do gene suicida", combinada com radioterapia, pode ser um tratamento promissor para o câncer de próstata no futuro.

A técnica envolve a modificação genética de células cancerosas, que passam a emitir um "sinal" ao sistema imunológico para atacá-las.

Em geral, o corpo não reconhece células cancerosas como inimigas, porque elas se desenvolvem a partir de células saudáveis comuns.

Diferentemente de uma infecção, que motiva reação do corpo, o sistema imunológico não reage para matar células cancerosas.

Usando um vírus para transportar a terapia genética até o tumor, o resultado é que as células se autodestroem, alertando o sistema imunológico do paciente para lançar um ataque em massa.

Sobrevivência

Em dois grupos de 62 pacientes, um recebeu a terapia genética duas vezes e o outro grupo - todos com uma forma agressiva de câncer de próstata - foi tratado três vezes.

Os dois grupos também receberam radioterapia.

As taxas de sobrevivência após cinco anos foram de 97% e 94%, respectivamente. Embora o estudo não tenha empregado grupo de controle, os pesquisadores dizem que os resultados mostram um avanço de 5% a 20% em relação a estudos anteriores sobre tratamentos de câncer de próstata.

Leia também: Os elementos do seu dia a dia que causam câncer

Biopsias realizadas dois anos após o estudo deram negativo em 83% e 79% dos pacientes dos dois grupos.

Brian Butler, da equipe do Hospital Metodista de Houston, disse que a descoberta poderá mudar a forma como o câncer de próstata é tratado.

"Poderemos injetar o agente diretamente no tumor e deixar o corpo matar as células cancerosas. Uma vez que o sistema imunológico tenha conhecimento das células cancerosas, se elas voltarem, o corpo saberá como matá-las."

'Nova geração'

Kevin Harrington, professor de imunoterapia oncológica no Instituto para Pesquisa do Câncer, em Londres, disse que os resultados são "muito interessantes", mas citou a necessidade de mais estudos.

"Podemos precisar de um teste aleatório para mostrar se esse tratamento é melhor do que apenas a radioterapia. Os vírus usados nesse estudo não se reproduzem. A nova geração de terapias virais pode se replicar seletivamente em células cancerosas - algo que pode matar o câncer de forma direta - e também ajudar a espalhar o vírus para células cancerosas vizinhas", afirmou.

Harrington disse ainda que seria "interessante" testar o tratamento com vírus que podem se reproduzir, para verificar se os resultados podem ser ainda mais efetivos.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151214_cancer_terapia_tg

Pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Oncogenômica (INCITO), do A.C. Camargo Cancer Center, identificaram um conjunto de genes que servem de biomarcadores para o diagnóstico da forma mais prevalente de câncer tireoidiano.

A descoberta possibilitou a criação de um método preciso, barato e rápido para identificar o carcinoma papilífero de tireoide, para o qual já foi solicitada a patente. Os resultados do estudo, realizado durante o doutorado de Mateus de Camargo Barros Filho, foram divulgados no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

A pesquisa foi orientada por Luiz Paulo Kowalski, coordenador do INCITO – um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) apoiados pela FAPESP em São Paulo.

Silvia Rogatto, membro do INCT e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, foi coorientadora do projeto.“A biópsia pela punção aspirativa por agulha fina é hoje o principal método para determinar se um nódulo tireoidiano é benigno ou maligno. Mas em torno de 20% dos casos o resultado é indeterminado e, por precaução, o paciente é submetido à cirurgia para retirada da glândula. Análises posteriores, no entanto, revelam que em 60% dos pacientes com diagnóstico indeterminado a cirurgia seria desnecessária”, contou Rogatto.

Embora seja possível fazer a reposição artificial dos hormônios produzidos pela tireoide, comentou Rogatto, a retirada cirúrgica da glândula costuma trazer efeitos adversos e requer tratamento para o resto da vida. “Em alguns casos, a paratireoide deixa de funcionar e o paciente torna-se dependente de suplemento de cálcio. Ocorre um descontrole na absorção de fósforo, magnésio e outros minerais importantes para o organismo”, disse.

Segundo o banco de dados Surveillance, Epidemiology and End Results (SEER), do National Cancer Institute (Estados Unidos), a incidência do câncer de tireoide triplicou nos últimos 35 anos. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) estimou 9.200 casos novos em 2014, sendo 8.050 em mulheres.

Estudos brasileiros indicam que a cidade de São Paulo apresenta uma das maiores taxas, com um aumento de incidência ainda superior ao dos Estados Unidos. Entre as causas apontadas estão a melhora no diagnóstico, graças ao exame de ultrassonografia com punção por agulha fina.

“Esse aumento na incidência de câncer tireoidiano é quase exclusivamente atribuído ao carcinoma papilífero de tireoide (CTP), que é o subtipo mais frequente. Embora esse tumor tenha, de maneira geral, um bom prognóstico, representa um problema de saúde pública por ser muito comum e requerer procedimentos cirúrgicos”, comentou Rogatto.

A busca por biomarcadores

Com o intuito de aumentar a precisão diagnóstica e reduzir o número de cirurgias desnecessárias, o grupo do INCITO iniciou em 2011 uma busca por marcadores moleculares que ajudassem a diferenciar as lesões benignas das malignas.

O estudo foi feito com amostras de tecido tireoidiano extraídas cirurgicamente de mais de 350 pacientes – armazenadas no biobanco do A.C. Camargo Cancer Center. Foram incluídas tanto amostras com diagnóstico de câncer e lesão benigna confirmada histopatologicamente quanto amostras não neoplásicas. Nesta casuística também se encontravam os casos indeterminados.

Por um método conhecido como microarray, os pesquisadores analisaram a expressão de transcritos codificadores de proteína, os RNAs mensageiros.

“Inicialmente fizemos estudos com amostras pareadas, isto é, comparando o perfil de expressão do tecido normal e tumoral de um mesmo indivíduo. Depois comparamos várias amostras de tecidos normais com várias amostras de tumores, não pareadas. Por último comparamos o perfil final das análises feitas com amostras pareadas e não pareadas e encontramos enorme concordância dos resultados”, contou Rogatto.

Em seguida, foi feita a validação dos biomarcadores em um grupo diferente de amostras (138 pares de carcinoma papilífero e tecido não neoplásico adjacente) de tecido tireoidiano com bancos de dados externos, armazenadas no banco do The Cancer Genome Atlas (TCGA), consórcio ligado ao National Cancer Institute que reúne dados genômicos e clínicos de pacientes de diversos países, e do Gene Expression Omnibus (GEO). “Observamos uma identidade muito grande, mostrando que nossos achados têm validação externa e não são específicos da população brasileira”, disse Rogatto.

Com o auxílio de ferramentas estatísticas, os pesquisadores selecionaram uma lista de genes que permitisse diferenciar nódulos benignos e malignos. As primeiras validações foram feitas por meio de simulações computacionais, até chegar a um grupo de cinco genes que apresentaram alta seletividade e especificidade para identificar o carcinoma papilífero de tireoide. “Três desses genes estão diferencialmente expressos no tumor e os outros dois servem como referência”, explicou a pesquisadora.

Foi desenvolvido um método para avaliar a expressão desses cinco genes-alvo por meio de um ensaio baseado na PCR (reação da cadeia da polimerase) em tempo real – patenteado pelo grupo do INCITO.

Segundo Rogatto, a análise também permite identificar os pacientes com maior risco de comprometimento dos linfonodos cervicais e que, portanto, necessitam de uma cirurgia mais agressiva.“É possível fazer o ensaio com uma pequena amostra de tecido, com baixo custo. Acreditamos que seria viável desenvolver um kit diagnóstico muito útil para a prática clínica”, disse Rogatto.

Antes, porém, o grupo pretende validar o método com tecido tireoidiano obtido por meio de biópsia.“Estamos aguardando autorização do Comitê de Ética da nossa instituição para testar a metodologia em restos de tecido que sobram após o exame citológico feito após a biópsia”, contou.

Paralelamente, o grupo do INCITO trabalha na validação de outros biomarcadores que permitam diferenciar o carcinoma papilífero de outros subtipos de câncer tireoidiano menos frequentes e mais agressivos, como o carcinoma folicular e o carcinoma anaplásico.

Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/novo-metodo-deve-melhorar-diagnostico-do-cancer-de-tireoide

Uma nova abordagem de pesquisa identificou pequenas variações genéticas que podem aumentar o risco de câncer de mama. O método foi desenvolvido por uma equipe internacional composta por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Universidade de Adelaide (Austrália) e da Universidade de Cambridge (Reino Unido). Os resultados da pesquisa foram publicados no periódico científico Nature Genetics, no dia 1º de dezembro. “O grande diferencial dessa abordagem é poder mapear em uma única análise os riscos que são distribuídos em vários genes, variações que normalmente são vistas de maneira isolada. Nós criamos uma metodologia que integra todos esses pequenos componentes do risco”, explica Mauro Antônio Alves Castro, primeiro autor do artigo e professor do Programa de Pós-Graduação em Bioinformática, do Setor de Educação Profissional e Tecnológica da UFPR.

O risco para câncer e outras doenças pode ser herdado da família, assim como outras inúmeras características transmitidas geneticamente. Minúsculas variações nos genes são responsáveis por aumentar o risco para câncer de mama. Até o momento, essas variações são estudadas uma a uma, o que é uma tarefa longa e difícil.

Os pesquisadores descobriram uma nova maneira de ver o efeito combinado de todos esses genes, e como esses efeitos podem ser influenciados pelo ambiente. Isto permite um panorama mais claro de como o risco genético influencia o desenvolvimento de câncer, quem tem maior risco, e do que será possível no futuro para diminuir o risco. Os autores do estudo esperam que o novo método ajude no desenvolvimento de novas abordagens para diagnóstico precoce, prevenção ou tratamento da doença.

Com o método, foram identificados 36 coleções de genes, chamadas de “regulons”, associadas ao aumento do risco para câncer de mama. Este é o primeiro estudo do tipo que ligou fatores de risco genético muito pequenos e diversos aos fatores causadores de câncer.

O estudo exigiu a análise de uma grande quantidade de dados, feita pela UFPR em seu Laboratório de Bioinformática, equipado para trabalhar com o que se chama de “big data”.

Segundo Mauro Antônio Alves Castro, a pesquisa já está em continuação. “Já estamos pensando em outros tipos de câncer que podem se beneficiar de uma abordagem semelhante, como o câncer de cólon”, afirmou.

Link para o artigo:

http://www.nature.com/ng/journal/vaop/ncurrent/full/ng.3458.html

O Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) vai coordenar a pesquisa para testar a substância fosfoetanolamina sintética no tratamento de pacientes com câncer. A substância nunca foi testada em humanos, mas foi distribuída durante anos pela USP de São Carlos. Atualmente, a distribuição está suspensa por decisão judicial. A previsão é que, no prazo de seis meses, os pesquisadores tenham uma ideia da eficácia da droga.

Segundo informou o SPTV, ainda não há data para o início dos estudos porque ainda será necessário um consenso da Secretaria Estadual da Saúde, Ministério da Saúde e os pesquisadores da USP de São Carlos, que vão repassar detalhes da fórmula da substância. A escolha dos pacientes que vão participar dos testes vai depender de critérios técnicos, definidos pelo instituto.

O investimento total para os testes deve ser de aproximadamente R$ 2 milhões, informou o SPTV. Todos os pacientes serão monitorados continuamente por uma equipe multiprofissional com experiência em testes clínicos, no Icesp. A produção da substância ficará sob responsabilidade da Fundação para o Remédio Popular (Furp).

No ínicio, 10 pessoas vão receber a substância. Se nenhum paciente tiver efeitos colaterais graves, o estudo continua. Serão separados 10 grupos de cada tipo de câncer, com 21 pacientes cada. Se pelo menos dois pacientes responderem bem, a pesquisa será ampliada. Progressivamente, a inclusão de novos pacientes continuará até atingir o máximo de 1 mil pessoas.

A estratégia, segundo a equipe, permitirá melhor compreensão da droga. O oncologista e diretor-geral do Icesp, Paulo Hoff, disse que a prioridade é a segurança dos pacientes. Por isso, nesse primeiro momento, a pesquisa vai avaliar se a droga é segura e se há evidência contra o câncer.

Distribuída pela USP de São Carlos por causa de decisões judiciais, a fosfoetanolamina é alardeada como cura para diversos tipos de câncer, mas não passou por esses testes em humanos, por isso não é considerada um remédio. Ela não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e seus efeitos nos pacientes são desconhecidos.

Até o momento, o grupo de pesquisadores que desenvolveu a síntese da fosfoetanolamina alegava que os testes clínicos não tinham sido concluídos pois havia má vontade por parte da Anvisa.

Pesquisa polêmica

A fosfoetanolamina sintética começou a ser estudada no Instituto de Química da USP em São Carlos, pelo pesquisador Gilberto Chierice, hoje aposentado. Apesar de não ter sido testada cientificamente em seres humanos, as cápsulas foram entregues de graça a pacientes com câncer por mais de 20 anos.

Em junho do ano passado, a USP interrompeu a distribuição e os pacientes começaram a recorrer da decisão na Justiça. Em outubro deste ano, a briga foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a produção e distribuição do produto.

Mas, desde novembro, por causa de uma nova decisão judicial, a distribuição da substância está proibida. A polícia chegou a fechar um laboratório em Conchal (SP), que estava produzindo ilegalmente a substância.

Um levantamento do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) diz que 5 mil pessoas no estado estão sem receber a fosfoetanolamina sintética. Segundo o pesquisador que desenvolveu a droga, a substância ajuda a célula cancerosa a ficar mais visível ao sistema imunológico. Com isso, o organismo combate com mais facilidade essas células.

A Anvisa diz que é preciso comprovar a eficácia e a segurança do produto, e que os prazos dos estudos devem ser respeitados. Agora, o Instituto do Câncer de São Paulo vai começar os testes em pacientes. A produção da substância será feita por uma fundação.

Primeira fase de testes

Em novembro, o ministério da Ciência, Celso Pansera, informou que a primeira fase de testes da fosfoetanolamina deve ser concluída por laboratórios parceiros do governo em sete meses. No mês passado o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) já tinha anunciado um plano de trabalho do governo para validar tecnicamente a molécula, que poderia vir a ser usada no tratamento do câncer, caso tenha sua efetividade comprovada.

Na ocasião, a pasta afirmou que R$ 10 milhões seriam destinados para as atividades ligadas à pesquisa da fosfoetanolamina em um período de 2 anos. Pansera afirmou também que o MCTI já tinha colocado à disposição dos laboratórios R$ 2 milhões para pesquisar a fosfoetanolamina e que o ministério solicitaria à USP uma amostra da molécula sintetizada pela universidade para realizar os testes.

Segundo o MCTI, depois da primeira etapa de análises, estão previstas as fases seguintes do estudo em humanos. Ainda não é possível prever em quanto tempo o grupo poderá determinar se a substância é segura e eficaz para o tratamento de câncer.

"Existem pessoas usando uma substância da qual nós não temos efetivamente nenhum estudo seguro da eficácia e segurança. O governo tem que estar olhando para isso de outra forma, temos que dar uma resposta para a situação", disse Pansera.

Para que a população possa acompanhar os andamentos dos testes, será criado um site que deve divulgar a evolução das pesquisas. Uma comissão de representantes da sociedade civil também foi criada para acompanhar a pesquisa. O Ministério da Saúde enfatizou que não recomenda que as pessoas usem a fosfoetanolamina como tratamento contra o câncer antes da conclusão dos resultados dos testes.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2015/12/instituto-do-cancer-de-sp-coordenara-teste-em-humano-da-fosfoetanolamina.html