Por Cristiane DÁlmeida, Olivia Galvão De Podestá e Thais Manfrinato Miola
O acompanhamento nutricional durante o tratamento do câncer é fundamental para contribuir com a melhor tolerância ao tratamento, redução das interrupções e melhor qualidade de vida do paciente. Um dos motivos que faz o paciente com câncer perder peso durante o tratamento são os sintomas de impacto nutricional, que reduzem a ingestão alimentar. O cuidado nutricional pode auxiliar a melhorar o consumo de alimentos mesmo na presença destes sintomas, através das estratégias alimentares e receitas diferentes e enriquecidas dentro dos hábitos e padrões alimentares do paciente, que podem ser incorporadas durante este período1-5.
Estratégias alimentares para os sintomas de impacto nutricional apresentados durante o tratamento oncológico1,2,4:
Inapetência e anorexia: aumente o fracionamento das refeições, comendo pequenas porções ao longo do dia; enriqueça as preparações, colocando azeite e queijo ralado em sopas, mel nas frutas e iogurtes, por exemplo.
Náuseas: aumente o fracionamento das refeições, comendo pequenas porções ao longo do dia; evite ficar muito tempo em jejum; evite alimentos gordurosos e açucarados; prefira alimentos frescos e frios; o limão e gengibre ajudam nas náuseas, podendo consumir como picolé de limão e chá gengibre.
Xerostomia: se não apresentar as feridas na boca, utilize alimentos ácidos para estimular a salivação; prefira preparações com caldos e molhos; aumente a hidratação; chupar gelo feito de água, água de coco, sucos e chás ajudam a umidificar a boca.
Mucosite: prefira alimentos macios, como bisnaga e purês, em temperatura ambiente ou morna; evite alimentos secos e duros, extremos de temperatura, condimentos fortes e alimentos ácidos.
Alteração do paladar: acentue o sabor dos alimentos com ervas e especiarias; se não apresentar as feridas na boca, utilize alimentos ácidos para estimular a salivação; enxague a boca antes das refeições; se sentir gosto metálico acentuado, evite talhares de metal.
Obstipação: aumente a hidratação; faça atividade física, se possível e liberado pelo seu médico; aumente o consumo de fibras que ajudam no funcionamento do intestino, como fibras presentes nas verduras (folhas) e nas cascas de frutas e legumes; acrescente cereais e grãos integrais, como aveia, linhaça e chia.
Diarreia: aumente a hidratação; evite grãos e cereais integrais; prefira fibras que ajudam a “prender” o intestino, como mandioca, batata, pera, melão.
Disfagia: alterar a consistência da dieta conforme o grau da disfagia e aumentara oferta calórica e proteica das refeições com técnicas dietéticas e suplementação oral. Acompanhamento juntamente da fonoaudióloga. Evitar alimentos secos e duros, preferir alimentos umedecidos e macios. Durante a alimentação manter a cabeceira elevada durante a alimentação. Discutir a possibilidade de uma via alternativa de alimentação se, disfagia grave, como uma sonda nasoentérica.
Odinofagia: alterar a consistência da dieta, de acordo com a aceitação do paciente, aumentando a oferta calórica e proteica das refeições através da técnica dietética e indicar suplementação oral. Evitar alimentos secos, duros, cítricos, picantes e condimentados, e os extremos de temperatura.
Referências Bibliográficas
- BRASPEN. Diretriz Braspen De Terapia Nutricional No Paciente Com Câncer. Braspen Journal, v. 34, Supl3, p. 2–32, 2019.
- INCA. MINISTÉRIO DA SAÚDE Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Consenso Nacional de Nutrição Oncológica. Rio de Janeiro. 2016.
- Miola TM, Matayoshi MAV, Cunha AF. Terapia nutricional na quimioterapia e radioterapia. In: Miola TM, Pires FRO. Nutrição em Oncologia. São Paulo: Manole, 2020. 119-134p.
- ESMO. ESMO HANDBOOK OF NUTRITION AND CANCER. European Society for Medical Oncology. 2ed. 2023. 164p.
- Mathias C, Chaves ALF. Guia de Nutrição para o Oncologista. Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, 2021.