O Dr. André P. Fay, chefe do Departamento de Oncologia do Hospital São Lucas (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), aponta as principais atualizações do Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) em tumores geniturinários. Confira a seguir.
- O Dr. Dean F. Bajorin, médico do Memorial Sloan Kettering Cancer Center e professor da Weill Medical College da Cornell University em Nova York, apresentou a atualização dos dados de sobrevida do estudo KEYNOTE-045, que avaliou o uso de pembrolizumabe comparado à quimioterapia em pacientes com carcinomas uroteliais avançados e refratários a platina. Um maior seguimento dos pacientes confirmou os dados previamente apresentados. Aos 18 meses de acompanhamento, 36,1% dos pacientes que receberam pembrolizumabe estavam vivos em comparação a 20,5% no braço da quimioterapia. Esses dados corroboraram o uso de pembrolizumabe como o tratamento de escolha nesse cenário.
- Os dados do estudo KEYNOTE-052 também foram atualizados. Este estudo foi desenhado para avaliar o papel do uso de pembrolizumabe na primeira linha de tratamento em pacientes com carcinoma urotelial metastático inelegíveis à cisplatina. Taxas de resposta na ordem de 29% foram reportadas, sendo 7% respostas completas. Dados de sobrevida e um acompanhamento prolongado são aguardados para definição do uso deste agente imunoterápico nessa população de pacientes.
- O estudo de fase III PROTECT avaliou o uso de pazopanibe comparado ao placebo como tratamento adjuvante em pacientes com carcinoma renal de células claras submetidos a nefrectomia como tratamento definitivo. Este estudo falhou em demonstrar benefício em sobrevida livre de doença (desfecho primário). Dados de sobrevida global ainda são aguardados. Esta é mais uma evidência sugerindo que o uso da terapia antiangiogênica no cenário adjuvante não é eficaz.
- O estudo LATITUDE (Abstract LBA3) foi apresentado na sessão plenária do Congresso pelo Dr. Karin Fizazi, pesquisador do Instituto Gustave Roussy. Este estudo avaliou a combinação de abiraterona com terapia de privação androgênica em pacientes com câncer de próstata metastáticos hormônio-sensíveis de alto risco. Houve ganhos muito significativos em termos de sobrevida global com a combinação comparada à castração exclusiva. Os dados foram corroborados pelo estudo STAMPEDE (Abstract LBA5003). O estudo LATITUDE randomizou 1.199 pacientes de alto risco definidos pela presença de dois de três fatores prognósticos adversos: G8, três lesões ósseas na cintilografia óssea ou doença visceral. Após 30,4 meses de seguimento, o estudo atingiu o desfecho primário (sobrevida global). A sobrevida mediana foi de 34,7 meses no grupo que recebeu apenas castração e não foi atingida no grupo de combinação, resultando num HR de 0,62, IC 95% 0,51-0,76, p<0,0001). Aos três anos, as taxas de sobrevida foram de 66% versus 49%, respectivamente. Todos os desfechos secundários também foram atingidos: sobrevida livre de progressão, tempo para progressão de dor, tempo para evento ósseo, tempo para início de quimioterapia e tempo para início de tratamento subsequente. Este estudo, bem conduzido e com resultados muito consistentes, define a adição de abiraterona ao bloqueio hormonal como o novo tratamento padrão nesse cenário.
Mais novidades da ASCO 2017
O Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) aconteceu de 2 a 6 de junho, em Chicago (EUA). Acompanhe as novidades aqui no site da SBOC.