Residentes em Oncologia

O Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos lançou recentemente nas redes sociais a campanha “Nós seremos a primeira geração sem câncer do colo do útero”. A iniciativa, apoiada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), remete à prevenção desse tipo de tumor que, segundo dados do Ministério da Saúde, afeta cerca de 16 mil pessoas por ano no Brasil.

Além de alertar para a gravidade dessa doença, a campanha reforça a importância da vacinação contra o HPV (vírus do papiloma humano) – principal causador do câncer de colo do útero.

Atualmente, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde disponibiliza a vacina anti-HPV para:

• Meninas de 9 a 14 anos de idade;
• Meninas de 15 anos que já tenham tomado uma dose;
• Meninos de 11 a 14 anos;
• Indivíduos de 9 a 26 anos de ambos os sexos nas seguintes condições: convivendo com HIV/Aids; pacientes oncológicos em quimioterapia e/ou radioterapia; transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam a vacinação de meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e jovens de 9 a 26 anos. Homens e mulheres em idades fora da faixa de licenciamento também podem ser beneficiados com a vacinação, de acordo com critério médico.

Nós seremos a primeira geração sem câncer do colo do útero.
#BrasilSemCâncerDeColoDoÚtero: A SBOC apoia esta causa! E você?  

Alguns protocolos seguidos pelo SUS diferem muito do que é oferecido para os pacientes dos planos de saúde; entidade luta para mudar esse cenário

 

A fim de ampliar e possibilitar o acesso aos tratamentos oncológicos mais eficazes, que melhoram a qualidade de vida e aumentam a sobrevida dos pacientes, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) analisa constantemente os tratamentos oferecidos nos sistemas público e privado. Como em muitos casos existe uma discrepância significativa entre os dois, a SBOC busca formas de proporcionar condições semelhantes aos pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).

Um dos exemplos mais acentuados desse abismo entre o sistema público e os planos de saúde é o tratamento para câncer de pele melanoma em estágio metastático, quando a doença já se espalhou para outros órgãos do corpo. Anualmente, o Brasil registra 6.260 novos casos da doença e 1.794 óbitos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

"Os pacientes que dependem do SUS ficam a mercê de um quimioterápico-padrão que não proporciona mais anos de vida aos pacientes, além de ter efeitos colaterais bastante severos", lamenta Dr. Rodrigo Munhoz, Vice-Presidente da SBOC. Já no sistema privado, desde janeiro de 2018 estão disponíveis tratamentos que permitem aos pacientes um aumento considerável de sobrevida, como a imunoterapia e a terapia-alvo.

A imunoterapia é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como "medicamento essencial" para o tratamento de melanoma metastático desde agosto de 2019. Esse título implica na responsabilidade de proporcionar esse medicamento aos pacientes de todos os países membros das Nações Unidas, incluindo o Brasil.

"Para se ter uma ideia, a chance de um paciente com melanoma metastático estar vivo em três anos com a quimioterapia oferecida pelo SUS é de 10% a 12%. Esse número chegou a quase 60% com combinação de imunoterapias. Ou seja, os pacientes que antes viviam de 6 a 9 meses, hoje podem viver até mais de 5 anos e, em alguns casos, até atingir a cura", aponta Dr. Munhoz.

A boa notícia é que atualmente há uma forma de mudar a realidade do tratamento no sistema público e qualquer cidadão pode participar. Está acontecendo uma consulta pública para avaliar a incorporação dos medicamentos de imunoterapia e terapia-alvo para pacientes com melanoma no SUS, que ocorrerá até dia 21 de janeiro.

O procedimento das consultas públicas funciona da seguinte forma: a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC), órgão do Ministério da Saúde, realiza uma reunião sobre o assunto em questão; apresenta um relatório preliminar e abre a consulta pública para que a população também possa opinar nas decisões do governo sobre políticas públicas de saúde. Após encerrado o período de contribuições da consulta, o órgão avalia os comentários recebidos e emite o relatório final, que determina se o medicamento/tecnologia será incorporado ao SUS.

No relatório inicial, a CONITEC se posicionou contrária à incorporação das imunoterapias e terapia-alvo. Por conta disso, a SBOC recomenda que a população participe da consulta, visto que as contribuições podem interferir na recomendação final da instituição e assegurar o acesso dos pacientes com melanoma metastático às melhores terapias do mercado. A razão para a recomendação da CONITEC se deve essencialmente ao custo das medicações, uma vez que o parecer deles mesmos reconhece a eficiência dos tratamentos.

Segundo o Dr. Tiago Farina Matos, Gerente Jurídico da SBOC, um dos pontos mais questionáveis é que o atual processo de avaliação de tecnologias no SUS vem sendo conduzido de forma apática, sem um protagonismo consistente do Ministério da Saúde na busca por soluções que possibilitem a incorporação de tecnologias cujos benefícios clínicos são inquestionáveis. "Talvez isso se dê por barreiras legais ou regulatórias, mas não podemos nos conformar com um modelo que permite decisões do tipo ‘não é custo efetivo’ e ponto final. Além disso, sequer temos clareza quanto ao limite orçamentário, o que poderia possibilitar negociações mais assertivas para precificação e aquisição de medicamentos pelo setor público".

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica defende que o bem-estar dos pacientes deve estar em primeiro lugar e, por isso, é fundamental negociar preços com afinco para poder viabilizar o acesso desses tratamentos para os pacientes do SUS. A SBOC se compromete em buscar o sim da CONITEC, para garantir que essa realidade mude. Por isso, desde 2016 vem concentrando seus esforços para a introdução de imunoterápicos para tratamento de melanoma no SUS. Agora, submeterá sua contribuição à consulta pública, honrando seu compromisso de defender os pacientes e a boa prática oncológica.

Confira aqui o posicionamento completo da SBOC sobre a consulta pública para o tratamento de melanoma.

 

O melanoma representa um subtipo de câncer de pele diagnosticado em aproximadamente 6,2 mil pessoas por ano no Brasil, conforme estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ainda que não figure entre os tumores de pele mais frequentes, trata-se de um dos mais letais, o que ressalta a importância de programas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequados.

Para pacientes com doença avançada, as opções de tratamento disponíveis até o começo de 2010 se baseavam em quimioterapias convencionais (exemplo: dacarbazina), medicamentos com eficácia muito limitada, baixa chance de sucesso terapêutico e toxicidades muito pronunciadas. A partir de 2011, esse cenário foi drasticamente modificado por meio da introdução de novos medicamentos, tanto na forma da terapia-alvo quanto da imunoterapia. Agentes como dabrafenibe/trametinibe, vemurafenibe/cobimetinibe, pembrolizumabe, nivolumabe e ipilimumabe (ou a associação dos dois últimos) resultaram em ganhos sem precedentes aos pacientes, com reduções no risco de morte passando de 50% em diferentes estudos. Hoje, esses medicamentos são considerados mundialmente como tratamento padrão para pacientes com melanoma avançado, inclusive todos já possuem registros no Brasil junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Todavia, apesar do indiscutível benefício para os pacientes, tais avanços não foram uniformemente incorporados ao Sistema Único de Saúde (SUS), onde a antiga quimioterapia convencional ainda permanece como tratamento padrão na maior parte do país. Logo, todos os pacientes com melanoma avançado que dependem do SUS ainda sofrem com tratamentos de alta toxicidade e, principalmente, com eficácia limitada.

Em dezembro de 2019, a Consulta Pública Nº 85 trouxe uma recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) contrária à incorporação desses novos agentes para o tratamento de pacientes com melanoma metastático. Apesar de reconhecidos os ganhos e avanços com esses novos medicamentos nessa recomendação, onde se explicita que “quando comparadas ao tratamento padrão com dacarbazina, todas as terapias demonstraram superioridade estatisticamente significativa, tanto no desfecho de sobrevida livre de progressão (SLP) quanto em sobrevida global (SG), exceto dabrafenibe isolado.” , conclui-se que “(...) o tema deve ser submetido à consulta pública com recomendação preliminar desfavorável à incorporação(...)”, tendo, para tal posicionamento, essencialmente o custo elevado dessas tecnologias.

Apesar do impacto orçamentário significativo apresentado no relatório, o que justificou o parecer negativo da CONITEC, é clara a necessidade da incorporação de novas tecnologias consideradas revolucionárias para os pacientes com melanoma avançado tratados pelo SUS.

A SBOC parabeniza a iniciativa do Governo pela avaliação dos imunoterápicos e das terapias-alvo e por reconhecer os grandes benefícios desses medicamentos para os pacientes brasileiros, mas o parecer desfavorável não pode, de forma alguma, ser o capítulo final dessa importante decisão. Essa Consulta representa um grande momento para a história da Oncologia brasileira, e o Governo deve assumir um papel propositivo para a negociação de preços a fim de viabilizar a incorporação de medicamentos de alto custo. O Brasil pode e deve se valer de exemplos e colaborações nacionais e internacionais para que a Oncologia do nosso país não fique no passado, e um modelo viável seja concebido.

A SBOC vem concentrando seus esforços pela introdução de imunoterápicos para tratamento de melanoma no SUS desde 2016. Apesar da negativa para incorporação de um medicamento (ipilimumabe) por horizonte tecnológico (quando há medicamentos mais novos disponíveis para o tratamento da mesma doença), a SBOC realizou a submissão das duas imunoterapias de excelência (pembrolizumabe e nivolumabe) para a CONITEC no final de 2019. Além disso, ambos os medicamentos acima submetidos pela SBOC estão presentes na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde (OMS), lista que deve ser seguida por todos os países membros das Nações Unidas, incluindo o Brasil. A SBOC submeterá sua contribuição à consulta pública nos próximos dias, e manterá a mesma proposta realizada em sua submissão. Dessa forma, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), como demonstração de seu compromisso com a sociedade civil, e com a boa prática da Oncologia, persistirá com afinco para que o Governo busque alternativas para disponibilizar tais medicamentos à população brasileira.

 

Dr. Rodrigo Munhoz
Vice-presidente da SBOC

Dra. Clarissa Mathias
Presidente da SBOC

Os principais acontecimentos sobre o câncer em 2019 e as perspectivas sobre a doença para o ano que se inicia são os assuntos deste mês na coluna da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), “Câncer em pauta”, na Revista Saúde É Vital, da editora Abril.

No artigo, Dra. Clarissa Mathias, Presidente da SBOC, destaca os avanços mais relevantes em diagnóstico, tratamento e acesso com relação ao câncer. Ela também aponta quais são as expectativas para os próximos meses e em quais frentes a SBOC trabalhará.

Clique aqui para ler o artigo na íntegra.

 

O residente em Oncologia Clínica e membro da SBOC, Dr. Gustavo Gössling, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), conquistou o primeiro lugar no Exame de Acreditação da European Society for Medical Oncology (ESMO), realizado no último congresso anual da entidade, em setembro de 2019, na cidade de Barcelona.

O exame, que foi realizado por 429 oncologistas de todo o mundo, tem como objetivo certificar profissionais com conhecimento de excelência em todos os aspectos da oncologia e é parte da titulação de oncologista em alguns países da Europa. “É um resultado importante, pois demonstra que conseguimos fazer oncologia tão bem quanto os países europeus, desde que pacientes e médicos tenham acesso aos recursos necessários”, diz o médico, que receberá o prêmio ESMO Best Exam Award em Madri neste ano, durante o próximo congresso europeu.

O Dr. Evandro de Azambuja, oncologista do Instituto Jules Bordet, em Bruxelas, e Chair do Fellowship Committee da ESMO, salienta a importância da premiação: “Essa premiação representa um reconhecimento mundial da Oncologia brasileira, demonstrando que, apesar das dificuldades, podemos ter uma formação de excelência. O Brasil tem um potencial de jovens brilhantes que estão sedentos por fazer pesquisa e a possibilidade de mais fomentos para esses fins seria crucial para avançar a ciência no país”, conclui o brasileiro.

O câncer é uma das doenças mais incidentes no mundo com 18,1 milhões de novos casos e 9,6 milhões de mortes anuais. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados cerca de 600 mil novos casos da doença a cada ano.

E é preocupante a falta de conhecimento sobre oncologia na população em geral. Uma das evidências que comprova isso é a pesquisa “Os brasileiros e o câncer: entendimentos e atitudes”, de propriedade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), realizada em 2018. Alguns exemplos de dados alarmantes identificados nessa pesquisa: 84% das pessoas relacionam o câncer à hereditariedade; quase 40% dos homens não fazem nenhum exame preventivo para diagnóstico precoce do câncer; uma em cada cinco mulheres acredita na existência de uma quantidade segura de consumo do cigarro; uma em cada quatro pessoas não vê a obesidade como problema relacionado ao câncer.

Além de representar os oncologistas clínicos e atuar em frentes como educação continuada, defesa profissional e de contribuir na construção de políticas públicas mais efetivas, a SBOC entende que também é seu papel disseminar informação sobre câncer para a população leiga. Nesse contexto, lançou a coluna mensal “Câncer em pauta” na Revista Saúde É Vital, da editora Abril, para abordar temas estratégicos de conscientização e de políticas públicas relacionadas ao tratamento do câncer no Brasil. Os conteúdos têm como fontes especialistas da SBOC nas mais diversas áreas.

A revista tem cerca de 197 mil exemplares em circulação e o blog da revista é acessado por aproximadamente 3,8 milhões de pessoas. Dr. Renan Clara, Diretor Executivo da SBOC explica que a ideia é essencialmente informar a população sobre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer, a importância do diagnóstico precoce e os hábitos de vida saudáveis como fatores de combate à doença e levantar questões sobre os problemas de acesso aos tratamentos no Brasil. “A SBOC já tem um trabalho com foco em levar informação de referência sobre o câncer e gerar mudança de comportamento e engajamento com o tema nas redes sociais e no relacionamento com imprensa. Com essa iniciativa, vamos ampliar ainda mais o nosso alcance, considerando que se trata da maior revista direcionada ao público leigo sobre saúde no país”, conclui.

Dentre os assuntos já divulgados desde o início da coluna, estão:

  • Jovens devem repensar maus hábitos para evitar o câncer colorretal
  • Por que estão faltando remédios contra o câncer no SUS?
  • Baixa adesão a exames afeta o tratamento do câncer de cabeça e pescoço
  • Como o big data pode beneficiar os pacientes com câncer?
  • Desafios para melhorar o cenário do câncer de mama no Brasil
  • Novembro Azul: o câncer de próstata não é o único a afetar os homens


Acesse o blog da revista Saúde e confira a coluna "Câncer em pauta", da SBOC:
https://saude.abril.com.br/blog/cancer-em-pauta/

Informações apresentadas pela SBOC durante o inquérito foram consideradas pelo Ministério Público para seguir com a ação


O Ministério Público Federal (MPF) do Rio Grande do Sul propôs uma Ação Civil Pública (ACP) contra a União a fim de sanar impropriedades protagonizadas no processo de seleção e financiamento dos medicamentos oncológicos fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O MPF entende que tais práticas violam os direitos fundamentais dos usuários do SUS. 

A ação pede que a União seja condenada, por meio do Ministério da Saúde, a selecionar diretamente os novos medicamentos oncológicos a serem fornecidos pelo SUS, abstendo-se de delegar essa competência aos estabelecimentos de saúde habilitados, compartilhando as decisões referentes à seleção dos medicamentos e instituindo mecanismos que promovam o acesso igualitário a essas tecnologias no SUS. Também pede que a ré passe a ser responsável por realizar a compra direta ou pactuar, no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite, o financiamento dos novos medicamentos oncológicos incorporados ao SUS.

Para a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), essa Ação é de extrema importância e está diretamente relacionada com a estratégia da entidade na busca pelo acesso a diagnósticos e tratamentos. “Temos o compromisso com a sociedade brasileira de buscar diminuir as discrepâncias no acesso às novas, e em alguns casos até mesmo às antigas, tecnologias. Por isso nos vimos na obrigação de contribuir com o inquérito do Ministério Público da melhor forma possível”, afirma Dra. Clarissa Mathias, Presidente da SBOC. 

Durante o inquérito, a entidade auxiliou o MPF com dados relevantes que possibilitaram seguir com a ACP. Entre eles, o diagnóstico de que, na maioria dos casos de incorporação de tratamento sistêmico oncológico ao SUS, o modelo regulatório é marcado por uma abissal desigualdade no acesso. Salvo raríssimas exceções em que a compra é feita de forma centralizada pelo Ministério da Saúde, não existe uma lista de medicamentos que o SUS deve disponibilizar aos pacientes, a exemplo da RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais). Cabe a cada hospital habilitado definir o seu próprio protocolo terapêutico. Esse modelo ocorre em razão do sistema de remuneração do SUS (APAC-Onco): os hospitais recebem um valor mensal por paciente (dependendo do tipo de câncer) e esse valor é usado para cobrir todos os custos do tratamento, incluindo os medicamentos, as soluções em geral (soro glicosado, fisiológico, eletrólitos etc), os materiais em geral (luvas, agulhas, máscaras, aventais etc.), profissionais (incluindo os médicos), impressos, limpeza e manutenção da unidade de quimioterapia, etc. Como não há uma efetiva política de fiscalização das direções do SUS (Federal, Estadual, Municipal e Distrital) sobre o que cada hospital oferece ao paciente, somado ao fato de que não há obrigatoriedade na publicização dos protocolos clínicos pelos hospitais habilitados em oncologia, as iniquidades no acesso a tratamentos podem ser gritantes. “Há uma grande desigualdade no acesso a tratamento sistêmico para um mesmo tipo de câncer, não só entre diferentes regiões ou estados, mas dentro de um mesmo estado e até em instituições de uma mesma cidade. Acreditamos que estratégias como a negociação centralizada de preços máximos pelo Ministério da Saúde junto aos detentores de registro de medicamentos para compras efetuadas diretamente pelas unidades habilitadas em oncologia no SUS, além da transparência nas informações sobre o que de fato é oferecido ao paciente, poderiam gerar uma política de atenção oncológica mais confiável, igualitária e sustentável”, ressalta o Gerente Jurídico da SBOC, Tiago Farina Matos.

Outro grave problema levantado pela SBOC é a transferência de responsabilidade no fornecimento de medicamentos a prestadores públicos ou privados terceirizados de referidas demandas judiciais. O congelamento da tabela de procedimentos do SUS com tetos incompatíveis com o custo real das medicações oncológicas sob a alegação de que o pagamento não é por custo da medicação, mas sim por procedimento, traz, na prática, dificuldades financeiras permanentes. “Sabemos que os preços atuais praticados pela indústria farmacêutica dificultam a incorporação de novos medicamentos. Entretanto, não é justo o estabelecimento de políticas que transfiram, cada vez mais, o financiamento do tratamento oncológico para estados, municípios e prestadores públicos”, salienta Dr. Renan Clara, Diretor Executivo da SBOC. Para ele, em suas resoluções, os agentes reguladores omitem que a questão central é o custo, criando artificialidades científicas para negarem benefícios reais de muitas inovações, contrariando o consenso dos especialistas nacionais e internacionais e criando distanciamento crescente entre o atendimento no setor público e a saúde suplementar. “Para a SBOC é inaceitável uma divisão crescente entre o acesso ao tratamento no setor público e privado”, conclui.

A Ação Civil Pública foi proposta na Vara Federal de Porto Alegre e recebeu a numeração 5092135-70.2019.4.04.7100. E agora seguirá para as fases de defesa e instrução (apresentação de provas e oitiva de testemunhas). Clique aqui para ver a petição inicial na íntegra.

Nesta semana, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) protocolou a submissão de dois dossiês à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC) solicitando a incorporação de pembrolizumabe e nivolumabe para monoterapia no tratamento de melanoma metastático ou irressecável no Sistema Único de Saúde (SUS).

O melanoma é o mais agressivo dos tumores de pele, o tipo de câncer mais comum em todo o mundo, cuja incidência tem aumentado mais do que qualquer outra neoplasia. Apesar do bom prognóstico quando detectado em estágio inicial, o quadro metastático do melanoma apresenta alta taxa de mortalidade. Foram mais de 60 mil mortes no mundo em 2018, sendo que o Brasil é o país da América Latina com maior incidência e mortalidade pela doença.

Dr. Rodrigo Munhoz, Vice-Presidente da SBOC, explica que esse tipo de câncer sempre foi muito desafiador com poucas opções de tratamento, mas que o cenário foi totalmente modificado com a aprovação da imunoterapia, com a perspectiva de benefícios reais para um número maior de pacientes e inclusive a longo prazo. Essas opções foram aprovadas no Brasil nos últimos anos, mas, infelizmente, estão disponíveis apenas aos pacientes com acesso à Saúde Suplementar. “Para a maior parte da população, que depende do SUS, esses tratamentos não estão disponíveis e ficam restritos, em boa parte, a protocolos de pesquisa. As submissões realizadas pela SBOC têm por objetivo viabilizar o fornecimento da imunoterapia para o melanoma avançado por meio do SUS e é isso que a gente espera que a CONITEC interprete e entenda como correto. Precisamos resolver o atraso no tratamento desses pacientes de uma vez por todas”, ratifica o especialista.

Atualmente, no Brasil, a dacarbazina ainda é o tratamento disponível e recomendado pelo SUS para pacientes com melanoma metastático. No entanto, mesmo após décadas de sua aprovação inicial, ainda não apresentou benefício de sobrevida global em ensaios clínicos realizados, e seu uso é comprovadamente associado a diversos eventos adversos que prejudicam consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes. Já os estudos clínicos realizados com imunoterápicos demonstram claramente o benefício significativo em relação à taxa de sobrevida global, em comparação com o uso de dacarbazina. “Os benefícios da imunoterapia são claros e globalmente reconhecidos. Precisamos de muito mais agilidade para que os sistemas de saúde suplementar e público não continuem a ter padrões tão discrepantes. Essa é uma premissa que norteia os trabalhos da SBOC para ampliar o acesso aos medicamentos para tratamento do câncer no Brasil”, ressalta Dr. Renan Clara, Diretor Executivo da SBOC.

O verão está chegando e é possível aproveitá-lo mesmo longe das praias. Com o calor e dias de sol, o número de pessoas em atividades ao ar livre tende a aumentar. Mas engana-se quem pensa que não são necessários os mesmos cuidados de quem preferiu as praias. O protetor solar continua sendo o principal aliado em qualquer cidade ou estação do ano.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) reuniu algumas orientações simples que podem reduzir os riscos de desenvolver o câncer de pele ao longo da vida.


O cuidado deve ser levado a sério mesmo em dias nublados

Tomar sol é um hábito saudável, mas a exposição acumulada a raios ultravioletas (UV) é um fator de risco para o câncer de pele, que pode ser carcinoma ou melanoma, este último mais agressivo e com alta taxa de mortalidade. Para evitar os prejuízos causados pelos raios UV sobre a pele, a SBOC recomenda o uso de protetor solar de fator 30 ou mais em toda exposição ao ar livre. O uso deve ser mais frequente se a exposição acontecer entre 10h e 16h e se a pessoa tiver pele mais clara.

“Nuvens não protegem da radiação, o que vai garantir a proteção é o uso de protetor solar. Para quem pratica atividades ou esportes ao ar livre, bonés e camisetas com proteção ultravioleta também são aliados por conta da praticidade”, reforça o Dr. Rodrigo Munhoz, Diretor da SBOC.


A proteção precisa ser incluída na rotina diária

É verdade que os riscos dos raios solares aumentam durante o verão, mas o cuidado vale para o ano todo. “Os níveis de radiação ultravioleta em São Paulo, no inverno, são quase tão altos quanto os de Paris no verão”, compara Dr. Munhoz. Por isso, é importante incluir na rotina o uso de protetor solar em partes expostas no dia a dia e não esquecer de partes normalmente negligenciadas como mãos, nuca, orelhas e nariz.


Observar também é prevenir
Além da proteção diária a raios UV e UVA, fique atento às pintas no corpo, pois elas podem indicar que algo está errado. Profissionais em contato direto com a pele das pessoas, como depiladoras, tatuadores, massagistas, manicures, entre outros, podem ajudar no diagnóstico precoce. “É preciso ficar atento ao surgimento de novas manchas na pele ou a alterações em manchas já existentes, como modificações de cor, tamanho ou assimetria. Se isso acontecer, é recomendável procurar um dermatologista para que se faça o diagnóstico correto e encaminhe o paciente a um oncologista, se necessário”, reforça Dr. Munhoz.

 

A presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dra. Clarissa Mathias, e o Diretor Executivo da entidade, Dr. Renan Clara, estiveram na sede da Associação Médica Brasileira na última sexta-feira, 06/12, para uma reunião de delineamento estratégico.

Recebidos pelo Presidente da AMB, Dr. Lincoln Ferreira, discutiram os projetos e a atuação da SBOC, bem como o apoio entre as entidades para o próximo ano. “Como representantes da especialidade de Oncologia Clínica, vamos continuar concentrando nossos esforços em projetos que visam a educação médica, a defesa profissional e melhorias nas políticas de saúde em benefício dos pacientes oncológicos, e é muito importante podermos contar com o apoio da AMB nessas iniciativas”, ressaltou Dra. Clarissa.

Como sociedade de especialidade filiada à AMB, a SBOC participa das instâncias de decisão da entidade nacional, representa a Associação Médica Brasileira em todos os assuntos relacionados à especialidade e concede o Título de Especialista em Oncologia Clínica em conjunto com a AMB.