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Residentes em Oncologia

Em número de vagas de primeiro ano de residência médica, a Oncologia Clínica já a sétima maior do país, com 339 R1, sem considerar especialidades básicas como Clínica Médica e Cirurgia Geral e outras generalistas como Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia e Medicina de Família e Comunidade. Em apenas três anos, houve aumento de quase 68% neste tipo de vaga para a especialidade. É o que mostram os números atuais de R2 (282) e de R3 (202). Além disso, o total de residentes na Oncologia Clínica (823) corresponde a quase um quarto (23%) do número absoluto de oncologistas clínicos no país (3.583). As informações são do estudo Demografia Médica 2018, realizado por Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Faculdade de Medicina da USP.

Na classificação geral, a Oncologia Clínica é a 12ª considerando-se o número de vagas de primeiro ano da residência, atrás ainda de Anestesiologia, Ortopedia e Traumatologia, Psiquiatria, Cardiologia, Radiologia e Diagnóstico por Imagem e Oftalmologia. No critério de vagas totais de residência, está no 13º lugar. Quando se considera o número total de especialistas, atualmente a Oncologia Clínica é a 26ª entre as 55 especialidades reconhecidas pelo CFM, Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM/MEC). Com aumento de vagas de residência, deve subir consideravelmente de posição nos próximos anos.

Outro dado que evidencia o crescimento da especialidade é a baixa média de idade dos oncologistas clínicos: 44,2 anos. Mesmo tendo como pré-requisito a residência em Clínica Médica, com duração de dois anos, e depois somando mais três anos de formação específca em Oncologia Clínica, a especialidade tem a quinta menor média de idade entre todas. Neste quesito, fica atrás somente da própria Clínica Médica, da Medicina de Família e Comunidade, da Cirurgia Geral e da Cirurgia Oncológica. A média de idade dos médicos brasileiros, titulados e não titulados, é de 45,4 anos. Entre os especialistas, a média nacional equivale a 47,1.

Não titulados

Para aferir o número de médicos titulados em Oncologia Clínica e nas demais especialidades, o Demografia Médica 2018 cruzou os Títulos de Especialista concedidos pela AMB e os registros de especialidade nos Conselhos Regionais de Medicina. Estes últimos podem ser obtidos também mediante apresentação do certificado de conclusão de programa de residência médica credenciado pela CNRM/MEC.

Segundo o estudo, mais de um terço dos médicos brasileiros não têm registro de especialista. São cerca de 170 mil médicos nessa situação, “seja porque são jovens (ainda cursando residência), mais velhos (que começaram a atuar quando os critérios de titulação eram outros), fizeram cursos de pós-graduação lato sensu que não conferem Título de Especialista ou entraram no mercado de trabalho logo após a graduação, não tendo oportunidade ou interesse de especialização naquele momento”. Não há dados sobre em quais especialidades atuam esses profissionais.

Levantamento do site Metrópoles, de Brasília, mostra que 60 medicamentos para o tratamento de câncer foram aprovados pela agência reguladora americana entre 2013 e 2017, mas até hoje nenhum deles é oferecido aos pacientes oncológicos que dependem da saúde pública em nosso país. A reportagem revela também que, dos 60, mais da metade (32) receberam registro da Anvisa e somente cinco foram incorporados pelos planos de saúde.

De acordo com o presidente da SBOC, Dr. Sergio D. Simon, o maior obstáculo não está na aprovação pela Anvisa, mas em fazer chegar o medicamento aos pacientes. Os entraves estão esmiuçados no texto da jornalista Carolina Samorano.

Vale a pena ler a matéria completa: http://bit.ly/2zy7pBw

Rodrigo Dienstmann tornou-se um pesquisador com formação transversal guiado pela inovação em oncologia

Ainda um jovem oncologista de 39 anos, o Dr. Rodrigo Dienstmann acumula experiência como pesquisador no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Atualmente, é o investigador principal do grupo Oncology Data Science (ODysSey), do Vall d’Hebron Institute of Oncology, em Barcelona, na Espanha. Trata-se de uma área criada por ele e sua equipe há apenas três anos. O enfoque é integrar a identificação de marcadores moleculares ao desenvolvimento de fármacos para uma medicina de precisão e individualizada no combate ao câncer. Mas o homem que saiu de Estrela (RS) aos 16 para estudar medicina em Porto Alegre não quer trabalhar com biomarcadores em câncer para sempre. A ideia de superespecialização parece sufocá-lo.

Antes de conhecer seus planos de continuidade da carreira, saiba que ele começou como a grande maioria dos oncologistas clínicos brasileiros: na área assistencial. Durante a graduação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em um estágio opcional, descobriu o desafiador mundo da oncologia e decidiu chamá-lo de seu. Fez, então, residência em Clínica Médica no Hospital das Clínicas de Porto Alegre e em Oncologia Clínica no Instituto Nacional de Câncer. “Foi muito legal fazer o Inca pelo volume de pacientes atendidos e pelas oportunidades de pesquisa.” No primeiro ano, fez um estágio no Sylvester Comprehensive Cancer Center, em Miami. No terceiro, foi um dos selecionados pelo International Development and Education Award (IDEA), programa da American Society of Clinical Oncology (ASCO) que lhe proporcionou um mentorship em Memphis. Ganhou também uma bolsa para um workshop de Métodos de Pesquisa Clínica em Câncer, na Suíça, e um Susan G Komen grant para uma visita com foco em pesquisa no Institute Jules Bordet, na Bélgica.

O mapa-múndi começava a ficar mais e mais nítido. Concluída a residência, continuou como médico pesquisador do Inca por quase três anos, orientado principalmente pelos doutores Carlos Gil e José Bines. Ao mesmo tempo, trabalhou como assistente deste último em clínica privada e mantinha seu consultório nas Clínicas Oncológicas Integradas, no Rio de Janeiro. Tinha ainda outro emprego: oncologista concursado do Hospital Federal dos Servidores do Estado. Ali vivenciou a realidade nua e crua do atendimento 100% público. Confessa não ter saudades. “O que sempre me atraiu para a pesquisa é a possibilidade de oferecer aos pacientes acesso aos tratamentos mais modernos e eficazes.”

E esse foi o caminho que escolheu. Gil e Bines o apresentaram ao Dr. Jose Bacelga, do Vall d’Hebron Institute of Oncology, que o convidou para atuar como pesquisador em estudos de fase 1 de uma unidade nova daquele centro de referência em Barcelona. Havia um grant do banco La Caixa disponível por dois anos. Ele foi. Aprovado em um exame de validação da European Society for Medical Oncology (ESMO), já começou a ver os pacientes inseridos em protocolos de pesquisa desde o primeiro dia, sob supervisão. “Esse processo é muito mais rápido na Europa do que nos Estados Unidos”, conta. “Mas, para trabalhar em um consultório, por exemplo, eu precisaria de uma validação mais específica de acordo com as exigências do país.” Até hoje, não foi o caso.

Escolhas

“Foi difícil deixar tudo no Brasil.” O pesquisador conta que o valor da bolsa, mesmo com extras como palestrante e revisor, é apertado para cobrir as despesas. À exceção do aluguel, o custo de vida não é alto. Não é preciso pagar plano de saúde, ter carro e a alimentação é barata. A remuneração é insuficiente, porém, para sustentar uma família, por exemplo.

Rodrigo Dienstmann mergulhou ainda mais no mundo da pesquisa clínica, continuou na instituição passados os dois primeiros anos até decidir buscar algo novo nos EUA. Não encontrou logo de cara. Ficou um ano em Harvard, no Massachusetts General Hospital Cancer Center, com nova bolsa do La Caixa. Adquiriu uma visão mais completa de um ambiente onde a colaboração público-privada em oncologia funciona. “Tem muita coisa acontecendo em Boston.” No entanto, o dia a dia tinha também “muita bancada, pipeta”. Foi, então, que se deu conta de que realmente buscava aprender mais sobre pesquisa em oncologia computacional, análise de dados, para somar ao seu conhecimento clínico. Conseguiu, ao transferir a bolsa para Sage Bionetworks, uma organização sem fins lucrativos em Seatle, onde ficou por quase dois anos.

Destacou-se em uma nova linha de pesquisa para o tratamento de pacientes com câncer colorretal. A ideia era analisar simultaneamente diversas mutações presentes no tumor, sua expressão gênica e ativação de vias de sinalização para entender porque os pacientes têm evolução clínica e respostas tão diferentes aos tratamentos. “Integrando múltiplas fontes de informação, inclusive das células imunes e estromais, identificamos quatro subtipos moleculares consenso de câncer colorretal.” O trabalho teve grande impacto na literatura e serviu como trampolim para outros projetos de pesquisa. “Eu estava no lugar certo, na hora certa.”

A distância da prática clínica em si apertou e o oncologista brasileiro retornou ao Vall d’Hebron, com o objetivo de formar o ODysSey, em 2015, com um grant da Fundación Fero. Era hora de aplicar e multiplicar o que havia aprendido na América, como gostam de chamar os estadunidenses. Mas (sempre tem um), apesar de assumir que saiu da assistência clínica para ficar atrás do computador de forma consciente, sente que precisa inovar, mais uma vez. “Daqui a pouco, minha equipe atual já vai trabalhar sozinha.”

Dienstmann afirma que, ao optar por fazer coisas novas e diferentes, abriu mão de ser um grande especialista em uma área específica, e agora tem uma necessidade constante de ficar mudando. “Meu mundo muda muito rápido; está em constante evolução.” Ele define sua formação como transversal, o que fez dele um generalista, isto é, sabe um pouco de tudo. Considera que o ambiente europeu favoreceu que fosse assim. “Nos EUA, o desenvolvimento da carreira é muito mais vertical”, compara novamente.

Sua experiência na Europa também o aproximou muito da ESMO. “A Sociedade é toda-poderosa”, define. As oportunidades oferecidas pelos membros vão desde fellowships até convites para aulas em cursos e congressos e para revisão de artigos e abstracts. Dienstmann recomenda. “Se cuidas da ESMO, ela cuida de ti”, diz, sem abondonar o linguajar gaúcho. E, assim, sua rotina inclui uma viagem internacional a cada duas semanas, em média.

No ano passado, foi um dos 15 selecionados da ESMO para o Leaders Generation Programme, imersão com a proposta de desenvolver habilidades de comunicação e liderança. Atuou também como membro do ESMO Press and Media Affairs Committe no Congresso anual da Sociedade, em Madri.

Começou um MBA executivo em 2018. Seu próximo passo será gestão empresarial dentro da Oncologia. E voltar ao Brasil para ser consultor é uma chance real. “Penso no legado, nas oportunidades que o país oferece na esfera público-privada. Aqui, por mais que tenha tido boas condições até agora, sou mais um. No Brasil e na América Latina, posso fazer a diferença.” Não descarta antes passar um novo período nos Estados Unidos preparando-se para o empreendedorismo.

E o mundo vai girando. O de Dienstmann e o de todos os oncologistas clínicos. “Em cinco anos, a maneira de tomar decisões mudará radicalmente: não apenas com medicamentos dirigidos a alvos moleculares, mas também com novos biomarcadores para quimioterapia convencional e imunoterapia. Os dados clínicos e moleculares evolutivos deverão ser integrados para, assim, otimizar os resultados.” E finaliza: “Big data e inovação chegarão ao consultório. Dessa vez, nas mãos dos próprios pacientes... Estamos preparados para essa mudança de paradigma?” Dienstmann quer estar ao lado dos oncologistas, ajudando nesse processo de revolução tecnológica digital na medicina de precisão.

Já está publicada a sexta edição da Brazilian Journal of Oncology, revista científica da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).

Prospecção das redes de pesquisa em radioterapia no contexto da oncologia no Brasil é tema de artigo original.

Há também uma revisão sobre as principais mudanças e implicações na prática diária da TNM 8ª edição em relação ao câncer de mama.

A BJO também traz um relato de caso a respeito do tratamento fisioterapêutico no trismo radioinduzido após câncer de cabeça e pescoço.

O acesso é livre e gratuito: www.brazilianjournalofoncology.com.br

Sobre a BJO

A Brazilian Journal of Oncology está se preparando para alcançar a indexação no Pubmed, principal base de dados médicos e científicos do mundo. A expectativa é que todos os trabalhos publicados na BJO, desde a primeira edição, sejam indexados retrospectivamente quando a revista entrar no Pubmed. “É um grande estímulo para que os autores submetam seus artigos desde agora e estejam alinhados conosco para o cumprimento dessa meta”, diz a editora executiva do periódico, Dra. Rachel Riechelmann, membro da SBOC.

O Dr. Gustavo Fernandes, editor-chefe de Oncologia Clínica no periódico, explica que a regras atuais contemplam essa indexação retrospectiva de todos os trabalhos publicados. Vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da SBOC, ele trabalha ao lado da Dra. Rachel e dos editores-chefes de Radioterapia, Dr. Harley Francisco de Oliveira, e de Cirurgia Oncológica, Wilson Luiz da Costa Jr.

Durante o mês de julho, o site e o sistema de submissões da BJO estão passando por mudanças. Em breve, todos conhecerão as novidades.

Foi realizada em Chicago, durante o ASCO 2018, a primeira reunião iberoamericana de sociedades e grupos colaborativos de Oncologia. O Dr. Sergio D. Simon representou a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Participaram também representantes de Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, México e Panamá. O objetivo foi identificar ideias e iniciativas conjuntas para benefícios mútuos.

Entre as atividades de divulgação científica e eventos educativos propostos, estão: compartilhar informações sobre ações de cada instituição já em desenvolvimento; criar um site para divulgar os congressos nacionais, as publicações e as experiências em pesquisa; editar um boletim informativo a cada novo encontro da rede; realizar o Congresso Iberoamericano de Oncologia; desenvolver registros epidemiólogicos por país; e elaborar programas conjuntos para intercâmbio internacional de residentes.

A longo prazo, a ideia é criar uma Sociedade Iberoamericana de Oncologia Clínica que tenha seu próprio encontro anual e publicações. “Esta primeira reunião foi muito interessante e cumpriu seu objetivo de definir linhas de atuação viáveis e de impacto para todas as sociedades e grupos envolvidos”, afirma o Dr. Simon, presidente da SBOC. “Sinto-me privilegiado ao representar a SBOC e o Brasil nesta nova rede”, completa.

As próximas atividades da rede são um encontro virtual, em agosto, e a segunda reunião presencial no ESMO 2018, em setembro. A expectativa é que sejam detalhados os planos de trabalho para efetivar as ações consensuadas.

Ibero Oncologia2

Pelo segundo ano consecutivo, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) promoveu o Oncogenética em Foco – Programa Internacional para Residentes. Os quatro médicos voltaram de Chicago impressionados com a amplitude dessa nova área de conhecimento e a profundidade das discussões durante as atividades propostas. A experiência começou com o Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2018) e teve continuidade com um preceptorship no Center for Clinical Cancer Genetics da Universidade de Chicago, no início de junho.

“O Congresso é sensacional; reúne pessoas do mundo inteiro”, destaca a Dra. Katia Regina Marchetti, R3 no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). “Oportunidade única de contato com os projetos mais atuais e os líderes mundiais”, descreve o Dr. Lucas Ferreira Sant’Ana, R3 no AC Camargo Cancer Center. As atividades durante o evento foram preparadas pelo coordenador do Programa, Dr. Rodrigo Guidalini, como preparação para o preceptorship. “Foi um embasamento importante para o que estava por vir”, confirma o Dr. Fernando Augusto Batista Campos, também residente do terceiro ano no AC Camargo.

Ainda durante o ASCO 2018, os selecionados reuniram-se com grandes nomes da Oncologia brasileira: Dr. Sergio D. Simon, presidente da Sociedade; Dr. Gustavo Fernandes, vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da SBOC; e Dr. José Bines, oncologista do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. “É muito positivo conhecer a experiência de quem já está na especialidade e tem trajetórias diversas e vencedoras”, pontua a Dra. Kátia. “Tivemos uma noção muito boa de como encarar esse início de carreira, como nos portar diante das possibilidades e manter nossos objetivos em pé”, completa o Dr. Fernando.

Aprofundamento

Para o Dr. Guilherme Harada, também residente do terceiro ano no Icesp, o preceptorship na Universidade de Chicago superou as expectativas. “A Oncogenética é uma porta que se abre à nossa frente. Com certeza, o Programa da SBOC nos estimulou a estudar mais e nos capacitou para uma análise crítica e multiangular das informações dentro dessa nova área de atuação”, afirma. “A sensação é de que é um campo muito maior do que imaginávamos. O preceptorship nos propiciou mais familiaridade inclusive com o linguajar da Oncogenética, com a interpretação dos exames”, completa a representante feminina do grupo.

Cada momento dos residentes na instituição foi planejado com antecedência pela equipe da SBOC e pelo Dr. Rodrigo Guindalini, que havia sido visiting scholar do Center for Clinical Cancer Genetics da Universidade de Chicago em 2012 e 2013. “Nossos colegas de lá são muito solicitados e é um período intenso pós-ASCO, por isso nos organizamos antes para tê-los à disposição e eles foram, mais uma vez, extremamente receptivos”, conta Guindalini. O resultado foi concreto para os residentes: “Um programa detalhado, feito para nós”, define o Dr. Lucas. “Tudo muito produtivo do ponto de vista técnico e científico e do contato com os profissionais especializados.”

Nesta edição do Programa, os journal clubs do preceptorship foram aprofundados com discussões por tópicos, o que levou à inclusão de mais de um artigo científico por sessão. “Dentro da universidade, expusemos os residentes aos diferenciais de um centro de Oncogenética já com muita experiência”, narra Guindalini. “Demos ênfase à característica de multidisciplinaridade da Oncogenética; os residentes conheceram desde aconselhadores genéticos até o pessoas do laboratório de pesquisa e de análises clínicas, passando por profissionais de TI que desenvolvem softwares para facilitar o trabalho de toda a equipe.”

Oncogenetica Universidade Chicago

Trajetórias

A Dra. Funmi Olopade, reitora de Global Health da Universidade de Chicago, conversou por uma hora e meia com o grupo da SBOC logo no primeiro dia. Referência mundial em Oncogenética, a pesquisadora deu detalhes de seus primeiros passos como médica nigeriana e das decisões-chave que a tornaram uma das pioneiras na área em um concorrido meio como a medicina e a ciência dos Estados Unidos. “Ela instigou nossos residentes sobre o que eles vislumbram para suas carreiras e como podem atingir nível de excelência”, compartilha o Dr. Rodrigo Guindalini, também fundador e coordenador do Centro de Genética e Prevenção do Câncer do Grupo CAM, na Bahia. “É um grande privilégio para o Brasil, para a SBOC e para os participantes termos essa oportunidade de realizar o preceptorship de forma tão especial”, ressalta.

“Os avanços tanto em prevenção quanto na personalização dos tratamentos farão com que todos os oncologistas lidem com Oncogenética; ao participar do preceptorship, estamos um passo à frente”, observa a Dra. Katia. Por sua vez, o Dr. Lucas e o Dr. Fernando estão decididos pela Oncogenética. “Já me interessava pela área antes. A experiência em Chicago serviu para consolidar ainda mais o desejo de vê-la crescer e de crescer com ela”, diz o primeiro, enquanto o segundo já está procurando um mestrado com esse enfoque. O Dr. Guilherme também está empolgado com o impacto da Oncogenética nos tratamentos e na qualidade de vida dos pacientes oncológicos.

Os selecionados elogiaram bastante o Programa como um todo. “A SBOC tenta abraçar os futuros oncologistas desde o início, o que é fundamental porque uma Sociedade forte tem mais condições de defender a Oncologia e o melhor para os nossos pacientes do SUS e da saúde suplementar”, resume o Dr. Fernando.

“A SBOC considera que os residentes têm grande potencial de inovação nos serviços onde atuam. Sendo assim, é muito importante apresentar a eles o modelo de trabalho da Oncogenética e fomentar o interesse por essa área nova e já tão fundamental”, explica a diretora executiva da SBOC, Dra. Cinthya Sternberg. Embora exista uma grande demanda hoje em dia para a Oncogenética, segundo a diretora, ainda há pouco contato durante o treinamento como oncologista. “O programa visa justamente chamar a atenção para a Oncogenética e incentivar os participantes a considerarem como uma área de atuação no futuro”, conclui.

ASCO2018 Oncogenetica 1

Renan Clara, Lucas Ferreira Sant’Ana, Fernando Augusto Batista Campos, Sergio D. Simon, Katia Regina Marchetti e Guilherme Harada

ASCO2018 Oncogenetica 2

Cinthya Sternber, Katia Regina Marchetti, Lucas Ferreira Sant’Ana, Fernando Augusto Batista Campos, Guilherme Harada e Gustavo Fernandes

Via de acesso facilita a realização de procedimentos complexos e traz ganhos na recuperação dos pacientes

O robô Da Vinci foi lançado em 1999 nos Estados Unidos. Com a proximidade do aniversário de duas décadas, o mercado, inclusive o brasileiro, prepara-se para a queda da patente e a chegada de máquinas de fabricantes concorrentes. A expectativa é que, com isso, a tecnologia torne-se mais acessível. Enquanto nos EUA há 3 mil robôs e na Europa, 700, na América Latina são menos de 90; quase 40 no Brasil.

A primeira cirurgia robótica no país ocorreu há dez anos, mas somente em 2012 ganhou fôlego. O número total de equipamentos triplicou de lá para cá. Metade deles está em São Paulo. No Rio, são oito. Os demais distribuem-se por Minas Gerais (3), Pernambuco (2), Rio Grande do Sul (2), Ceará (1), Distrito Federal (1), Pará (1) e Paraná (1). Sete, ou 18%, estão em instituições públicas ou filantrópicas: Icesp, AC Camargo e Hospital de Barretos, em São Paulo; Inca e Hospital da Marinha, no Rio de Janeiro; Erasto Gaertner, em Curitiba; e Hospital das Clínicas de Porto Alegre.

“Tudo em cirurgia começa caro e, com o tempo, o custo cai”, observa o Dr. Luiz Paulo Kowalski, diretor do Núcleo de Cabeça e Pescoço do AC Camargo Cancer Center. O robô custa, hoje, cerca de R$ 10 milhões na aquisição e R$ 800 mil anuais em manutenção. Além da iminente oferta de plataformas de outras empresas a preços menores, os especialistas ouvidos pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) acreditam que a divulgação dos benefícios (veja quadro abaixo) pressionará os serviços de saúde a disponibilizar a cirurgia robótica a mais e mais pacientes.

robotica beneficios

O coordenador do Serviço de Cirurgia Torácica do Icesp, Dr. Ricardo Terra, lembra que a maior parte do investimento em inovações na área cirúrgica envolverá a plataforma robótica. “A videolaparoscopia será restrita a cirurgias bem simples”, prevê. Em sua avaliação, o uso do robô torna casos difíceis procedimentos mais fáceis. Como exemplo, cita tumores complexos, centrais, que exigem reconstrução brônquica.

“Quanto mais complexo e delicado o procedimento, mais a robótica se sobressai”, concorda o Dr. Gustavo Guitmann, coordenador de Ginecologia Oncológica do Americas e do programa de residência médica em Ginecologia Oncológica do Inca. As principais indicações em sua área são para tratamento dos tumores de colo uterino e endométrio.

O Dr. Armando Melani, especialista em tumores gastrintestinais também do Americas e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva e Robótica, conta que, na área biliopancreática, onde se trabalha com pequenas estruturas e, por vezes, ressecção vascular, a robótica oferece vantagem técnica importante. Outro exemplo são casos difíceis, como câncer de reto em pacientes masculinos e obesos, em que a plataforma permite finalizar a cirurgia pela via minimamente invasiva.

Para operar os tumores de orofaringe, segundo Kowalski, é muito melhor não precisar serrar ossos nem agredir tecidos sadios. Na Coreia e na Tailândia, pesquisadores estão desenvolvendo técnicas com acessos por trás da orelha e por dentro da boca para evitar maior trauma aos pacientes.

Para quem pode

Com o aumento do número global de cirurgias, Guitmann ressalta que há diminuição do custo por procedimento, em especial pelo menor menor tempo de internação e de utilização de unidades de terapia intensiva no pós-operatório. “Cada vez mais os oncologistas clínicos receberão, em seus consultórios, pacientes operados por robótica.” Na opinião de Kowalski, se existe o robô na cidade em que o oncologista clínico atua, a cirurgia robótica nas indicações já realizadas tem que ser considerada como alternativa.

“Os pacientes não querem cirurgia nem pós-operatório longos”, pontua o chefe da equipe de Urologia do Icesp, Dr. Rafael Coelho. Nos hospitais de São Paulo onde atua, a maioria dos pacientes operados por robótica é de outros Estados. “A maior parte se interna pelo plano de saúde e paga de forma particular as pinças do robô”, explica. Sua expectativa é que procedimentos urológicos pela via robótica, os mais disseminados no Brasil, sejam incorporados ao rol de cobertura obrigatória da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2020.

Já na saúde pública, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) ainda batalha pela incorporação da laparoscopia. “Alguns hospitais públicos fazem cirurgia robótica com recursos advindos de doações e de pesquisa”, descreve o Dr. Claudio Quadros, presidente da SBCO. “Fato é que, para a grande maioria da população, a cirurgia robótica é um recurso distante da sua realidade”, pondera Kowalski.

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Como são capacitados os cirurgiões

“Na cirurgia de câncer, mais importante que a via de acesso é seguir os preceitos de radicalidade oncológica que conferem ganho de sobrevida e evitam recidiva do tumor”, frisa o presidente da SBCO, Dr. Claudio Quadros. “Deve ocorrer a adequação da tecnologia aos preceitos oncológicos, e não o contrário.” O especialista esclarece que os preceitos técnicos oncológicos de radicalidade necessários ao controle de doença devem ser os mesmos pela via aberta, laparoscópica ou robótica. A SBCO defende que as cirurgias minimamente invasivas tenham os mesmos preceitos de radicalidade oncológica das cirurgias laparotômicas, em que, para serem consideradas procedimentos curativos, precisam ressecar toda a neoplasia com margens livres e, quando necessário, realizar linfadenectomias adequadas e ressecções multiviscerais em caso de invasão de órgãos contíguos.

“Quem opera é o cirurgião que está sentado no console comandando o robô”, recorda Melani. “Justamente por isso, o médico deve ser, primeiro, altamente treinado na sua especialidade em cirurgia convencional (laparotomia)”, continua Guitmann. De acordo com ele, antes de operar pela via robótica, os cirurgiões passam por treinamento e certificação online; treinamento em simuladores reais na própria plataforma robótica, com exercícios que mimetizam as sequências das cirurgias; e certificação em centro de treinamento especializado com cirurgia em animal vivo.

Esta última está disponível no exterior por enquanto, mas o Dr. Gustavo Guitmann diz que, logo, centros brasileiros irão oferecê-la. “Somente cumpridas essas etapas, o cirurgião estará habilitado a realizar seu primeiro procedimento robótico. Um instrutor deverá auxiliá-lo em sua primeira série de casos até que ultrapasse a curva de aprendizado.

Terra conta que a simulação para treinamento é bastante realística. Kowalski considera a tecnologia robótica mais intuitiva do que a endoscópica. “Em média, depois da 10ª cirurgia, a maioria dos médicos já atinge o tempo cirúrgico esperado e domina a técnica”, afirma o especialista do AC Camargo. No Icesp, informa Coelho, os residentes em Urologia já começarão a ser treinados em cirurgia robótica a partir deste ano.

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) realizará três board reviews em 2018 no mês de setembro. O primeiro será em Recife (PE), no dia 13.09, durante o II Onconordeste. Na semana seguinte, é a vez do Rio de Janeiro (RJ), em 20.09, no X Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia. O último será em Porto Alegre (RS), no dia 27.09, no Sheraton Hotel. A atividade faz parte da Escola Brasileira de Oncologia, braço educacional da SBOC.

Cada board review terá duração de um dia inteiro, das 8h às 18h, com aulas sobre as principais áreas da especialidade: rastreamento, prevenção e síndromes hereditárias; câncer de mama; tumores geniturinários; câncer de pulmão; câncer gastrintestinal; tumores ginecológicos; tumores de pele e sarcomas; e neuro.

Os conteúdos serão desenvolvidos por especialistas convidados pela SBOC por sua experiência clínica e assistencial, assim como didática, acadêmica e na área de pesquisa. Em cada cidade, as aulas serão ministradas por palestrantes locais ou regionais também selecionados pela Sociedade com os mesmos critérios.

As aulas serão expositivas, contemplando de forma objetiva o conteúdo programático mínimo para cada tema e também respeitando a aplicabilidade de relevância conforme legislação e aprovações vigentes no Brasil, sempre em linha com as Diretrizes da SBOC.

O público-alvo dos board reviews é formado por residentes em Oncologia Clínica interessados em revisar o conteúdo programático geral de sua formação e oncologistas em busca de atualização de seus conhecimentos.

Não há pré-requisito para a participação, mas as vagas são limitadas. As inscrições serão abertas em breve e são gratuitas para associados adimplentes da SBOC. O valor para os demais será R$ 250.

Mais informações sobre os eventos conjuntos

II Onconordeste
Data: 13 a 15/09/2018
Local: Hotel Sheraton Reserva do Paiva, PE
Endereço: Avenida A, 4, Praia do Paiva, Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco
Instituição organizadora: SBOC Nordeste
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Telefone: (81) 3414-7622
Site: www.sbocnordeste.org.br

X Congresso Franco-Brasileiro de Oncologia
Data: 20 a 22/09/2018
Local: Windsor Barra Hotel Rio de Janeiro
Endereço: Avenida Lúcio Costa, 2630 - Barra da Tijuca, Rio de Janeiro
Instituição organizadora: Sociedade Franco-Brasileira de Oncologia
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Telefones: (21) 2247-7874 / (21) 97024-1161
Site: https://sfbo.com.br/xcongresso/

De Ijuí para o mundo

Notícias Quarta, 27 Junho 2018 20:51

Cidade de 80 mil habitantes atrai o maior número de estudos clínicos em Oncologia no Brasil

A ideia de mudar o mundo começando por uma real transformação em seu microambiente circula na internet como receita de cidadania. A história de Fábio Franke e de Ijuí representa uma aplicação prática desse conceito na Oncologia brasileira. Sem flertar com assistencialismo. A cidadezinha gaúcha tem 80 mil habitantes. Está a 400 km de Porto Alegre, próxima à fronteira com a Argentina e ao oeste de Santa Catarina. A média de estudos em andamento no Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia do Hospital de Caridade de Ijuí (RS) – Oncosite é 20, enquanto unidades de mesmo perfil em São Paulo e no Rio de Janeiro têm de 6 a 10. O aeroporto mais próximo com voo direto para a capital paulista fica a 180 km e já teve avião atolado duas vezes na lama da pista de pouso. Monitores da indústria chegaram a ficar presos nessa situação. Mas eles continuam indo para Ijuí e cada vez mais.

Isso porque, um dia, já especialista em Oncologia Clínica, o Dr. Fábio Franke, filho da terra, voltou para lá. Ajudou a criar no hospital um Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon), em 2003. “O paciente não precisar viajar para longe em busca de um tratamento de câncer, manter o convívio com seus familiares, dormir na própria cama faz toda a diferença”, define. Trabalhando, então, na assistência do Cacon, deparou-se com outra dificuldade: a falta de medicamentos modernos e eficientes para oferecer aos pacientes. “Eu poderia ter me conformado, focado em outra área ou ido embora, mas comecei a pensar em como resolver aquela situação”, narra. E assim nasceu, no ano de 2005, o Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia.

Começou a formar, capacitar e treinar pessoas para a equipe. “Você não encontra profissionais de pesquisa clínica no mercado”, constata. Bateu na porta de patrocinadores de estudo, mostrando o que eram capazes de fazer com a estrutura montada. “As pessoas não entendiam muito bem onde era Ijuí, mas, depois de muita insistência, começaram a nos mandar estudos”, lembra. Logo o volume de trabalho cresceu em progressão geométrica. Nesses 13 anos, são 144 estudos registrados no www.clinicaltrials.com e cerca de 2 mil pacientes beneficiados.

De acordo com Franke, a pesquisa clínica é um trabalho de alta pressão. “Você tem que dar respostas rápidas, saber priorizar e não deixar nada para trás.” Para manter a motivação da equipe, passou a incurtir a ideia de que os pacientes atendidos pela pesquisa, com acesso aos mesmos medicamentos de pacientes dos Estados Unidos, da Europa ou do Japão, poderiam amanhã ser os seus familiares ou amigos.

A sensação não se restringiu às enfermeiras, farmacêuticas e demais pessoas da equipe. Ao longo dos anos, toda a cidade já estava identificada com a pesquisa clínica. “Treinamos as equipes de Radiologia, de laboratório, o pessoal da recepção para entenderem que a pesquisa clínica tem toda uma logística diferente. Busquei serviços de transporte de material biológico e para a logística de receber os monitores da indústria farmacêutica”, conta Franke. Segundo o oncologista, desde os funcionários do aeroporto próximo até o motorista de táxi e o garçom do restaurante, todo mundo sabe hoje que tem pesquisa clínica em Ijuí, entende o que é, valoriza e respeita. “O nosso hospital é uma associação, pertence à comunidade. Sempre procuro compartilhar esse orgulho com a população. Construindo e fortalecendo essa rede, as pessoas se sentem parte da conquista.”

Burocracia regulatória

Em 2013, a pesquisa clínica chegou ao fundo do poço no Brasil, na opinião do especialista. “CROs [contract research organizations] fechando, equipes diminuindo, médicos abandonando a pesquisa. O processo regulatório estava extremamente burocrático, difícil e lento. Não conseguíamos participar da maioria dos estudos a tempo.”

Conversando com um paciente sobre essa dificuldade, ouviu dele a sugestão de levar a demanda à senadora Ana Amélia Lemos, com quem tinha amizade. Essa foi a origem do projeto de lei para estabelecer um marco regulatório em pesquisa clínica no Brasil, já aprovado pelo Senado e em tramitação na Câmara.

As idas a Brasília, audiências públicas e todo o diálogo que se abriu com os diversos setores envolvidos fizeram de Franke um defensor da causa e jogaram luz sobre Ijuí como referência em enfrentar as adversidades para fazer pesquisa clínica no país. O oncologista tornou-se vice-presidente para Pesquisa Clínica e Estudos Corporativos da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica na atual gestão e assumiu com a SBOC o desafio de incentivar a criação de centros de pesquisa em outros lugares do Brasil.

A visibilidade para os entraves à realização de pesquisa clínica fez com que os órgãos regulatórios diminuíssem os tempos das aprovações. “Atualmente, conseguimos atrair três vezes mais estudos do que há cinco anos. Mas muito pode melhorar ainda”, enfatiza. O Brasil responde por 2% dos estudos clínicos em Oncologia no mundo. Para Franke, seria possível chegar entre 6% e 8%.

Mesmo em Ijuí, ele considera haver potencial de crescimento, quando ocorrer a desburocratização regulatória e começarem a integrar estudos de fase 1. Com base no parâmetro de países mais desenvolvidos, sua meta é atender 10% dos pacientes oncológicos dentro de protocolos de pesquisa. “É fundamental ter mais tempo para recrutá-los. Ainda recebo estudos com apenas um mês para recrutamento. Já tive três dias, sete dias, 15 dias”, expõe.

Profissionalismo e legado

“Nosso ‘segredo’ em Ijuí é encarar a pesquisa clínica com profissionalismo”, revela o Dr. Fábio Franke. “Não pode ser vista como uma atividade a mais; requer dedicação e foco.” Apesar de ser o coordenador da área assistencial do Centro de Oncologia e preceptor da residência, com uma vaga por ano, na maior parte do tempo atua como investigador principal, gerenciando a equipe, cuidando da qualidade do atendimento e dos dados e buscando novos estudos. “Quando a pesquisa é fragmentada, não se consegue um resultado completo, porque muita coisa se perde.”

O envolvimento direto do investigador principal, segundo o oncologista, é essencial. “Para ter sucesso no recrutamento e ao longo do estudo, você tem que se interessar pelo paciente, conversar com ele, explicar como é aquele protocolo. Também ter a equipe engajada, cada um entendendo o seu papel e o do outro. Isso leva tempo”, relata.

E o crescimento tem seu preço. “Quanto maior o número de estudos, mais somos cobrados em termos de qualidade. É necessário investir em atualização, treinamento; ter força para assumir as responsabilidades.” Outro desafio é não perder o foco do atendimento. “É preciso o tempo todo mostrar para o paciente que você se importa com ele, que ele não é um número.”

Sempre questionam o Dr. Fábio Franke se ele não vai embora. A pergunta até o ofende. “Meu lugar é aqui. Cresci pelo envolvimento com esse trabalho e meu compromisso é com a cidade. Essa é a minha missão e sou muito feliz com tudo o que já fizemos.” Um de seus sonhos é que o trabalho continue sendo feito pelas próximas gerações. Outro é que a pesquisa clínica em Oncologia ganhe novas Ijuís Brasil afora.

Saiba mais sobre as inscrições abertas até 29/06, sexta-feira, a jovens oncologistas para o Programa de Capacitação em Pesquisa Clínica da SBOC, a ser realizado em Ijuí.

Ijui Pesquisa Clinica equipe

Equipe de Pesquisa Clínica em Oncologia: conquistas compartilhadas

Hyrlana Leal Barbosa Passos, R3 do Hospital Português, em Salvador (BA), e Marcos Dumont Bonfim Santos, R1 da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), são os residentes selecionados para o Programa de Capacitação em Pesquisa Clínica da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Será uma semana de imersão no Centro de Pesquisa Clínica em Oncologia do Hospital de Caridade de Ijuí (RS) – Oncosite, entre 2 e 6 de julho. O Programa ainda tem inscrições abertas para jovens oncologistas de todo o Brasil até o dia 29 de junho, sexta-feira.

Natural de Feira de Santana (BA), a Dra. Hyrlana nutre interesse por pesquisa desde a sua primeira graduação, que foi em Odontologia, quando participou de um núcleo de câncer de boca. Ela pretende aplicar os conhecimentos em pesquisa clínica para favorecer o tratamento de pacientes oncológicos em sua região. Embora esteja a apenas 110 km da capital da Bahia, Feira de Santana é o polo de uma microrregião com 2 milhões de habitantes.

A médica já tinha ouvido falar sobre o trabalho pioneiro da equipe de Ijuí e ficou ainda mais estimulada com o depoimento do Dr. Fábio Franke, vice-presidente para Pesquisa Clínica e Estudos Corporativos da SBOC e coordenador do Programa, no evento Getting Ready, realizado em abril. “Estou animada para conhecer uma realidade diferente do dia a dia do SUS onde só oferecemos o que é possível”, diz, ressaltando que a pesquisa clínica, além de permitir o acesso a novas drogas, proporciona um cuidado diferenciado do paciente. “Tenho certeza de que aprenderemos bastante sobre como o Centro do Ijuí superou e supera as adversidades, porque é bem difícil fazer pesquisa clínica no Brasil.”

Marcos, que nasceu em Brasília (DF) e faz a residência em São Paulo capital, tem a mesma expectativa. “Será muito importante conhecer toda a dinâmica, como são selecionados os pacientes e vivenciar de perto a condução dos estudos, algo que não ocorre na residência”, pontua. Ainda no primeiro ano da formação como oncologista, ele nunca tinha ouvido falar de Ijuí. “Fui pesquisar e fiquei muito interessado em conhecer os caminhos possíveis para reproduzir essa experiência no futuro”, considera.

Ambos os selecionados relatatam ter recebido estímulo e apoio de seus preceptores para participar do Programa da SBOC.

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