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A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) realizará em 2018 o primeiro exame para obtenção do Título de Especialista em Oncologia Clínica. A especialidade foi reconhecida no ano passado pela Comissão Mista de Especialidades, formada por Associação Médica Brasileira (AMB), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). O período de inscrições e a data do exame serão divulgados em breve.
No dia 18 de janeiro, membros da SBOC estiveram na sede da Associação Médica Brasileira para conversar sobre as regras estabelecidas para todas as sociedades de especialidade filiadas à AMB e os trâmites administrativos desde a elaboração do edital do exame até a entrega do Título aos médicos aprovados.
A SBOC também organizará o exame de suficiência para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Oncologia Pediátrica, em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.
Participaram do encontro o presidente da AMB, Dr. Lincoln Lopes Ferreira; o presidente da SBOC, Dr. Sergio D. Simon; o secretário-geral da AMB, Dr. Antonio Jorge Salomão; o membro da Comissão Mista de Especialidades Dr. Aldemir H. Soares; a diretora executiva da SBOC, Dra. Cinthya Sternberg; e a gerente jurídica da SBOC, Dra. Lucia Freitas.
Você sabe quantos oncologistas havia em Roraima dez anos atrás? Nenhum. Hoje são três. E são três também os ensaios clínicos fase 3 em andamento no Estado, dois em Oncologia (avaliação das mulheres que tiveram câncer de colo de útero e pesquisa de imunoterapia para câncer de bexiga) e outro em Infectologia (vacina contra a dengue). O oncologista clínico Allex Jardim da Fonseca, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) é de Niterói (RJ) e decidiu ir para Boa Vista (RR) depois de sofrer três assaltos no Rio de Janeiro. Ele e a esposa, neurologista, decidiram buscar trabalho longe da violência das grandes cidades. A oportunidade veio por meio do projeto Expande, do Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Hoje agradecemos ao ladrão”, brinca o oncologista clínico. Em Roraima desde 2007, ele fez mestrado, doutorado e pós-doutorado. Já soma 15 artigos publicados sobre a experiência no norte do país.
Para uma das pesquisas, o Dr. Allex visitou 13 aldeias indígenas de avião monomotor. Os achados foram impactantes: as variantes genéticas do Papilomavírus Humano (HPV) identificadas nas índias da aldeia Yanomami têm origem asiática, e não europeia. Segundo o oncologista, isso sugere que o vírus vem coevoluindo com esse grupo étnico há milênios. “As civilizações pré-colombianas trouxeram o HPV durante a migração Ásia-América na última era glacial, há aproximadamente 15 mil anos”, conta o Dr. Allex. “Isso quebra um paradigma de que todas as doenças infecciosas dos indígenas haviam sido trazidas pelos europeus”, completa. Leia o artigo aqui.
Outro trabalho publicado buscou elucidar as causas da baixa adesão à vacina contra o HPV. O Dr. Allex ressalta que houve divergências na comparação entre escolas públicas e privadas. “Enquanto nas públicas, onde a adesão foi substancialmente maior, foram mais frequentes posturas passivas dos pais, como desconhecer a vacina, esquecer ou não ter tempo, nas particulares surgiram motivos como percepção de que a vacina é de má qualidade, medo de induzir comportamento sexual de risco ou iniciação precoce da vida sexual”, relata. Confira também esse artigo.
O centro de pesquisa onde trabalha o Dr. Allex Jardim foi inaugurado em 2015 como parte da estrutura da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Também atuam lá as doutoras Cibelli Navarro, outra indicada pelo Inca, e Daliane Renale, formada em medicina pela UFRR e em Oncologia Clínica pelo Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (SP). “Atuamos juntos na assistência e na pesquisa”, orgulha-se o médico.
Em matéria exclusiva para o portal UOL, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) divulgou que 52% das mulheres no Brasil não fazem o Papanicolau, exame preventivo do câncer de colo de útero. Os Estados com índices mais baixos são Rio Grande do Norte (25%), Roraima (27%), Mato Grosso (27%), Tocantins (27%) e Bahia (29%). Os números fazem parte de uma pesquisa da instituição sobre os hábitos do brasileiro em relação ao câncer. De acordo com as pessoas ouvidas, os principais motivos para não realizar o exame são não ter plano de saúde e falta de tempo. Um quinto das entrevistadas diz não julgar necessário fazer o exame e 10% desconhecem o câncer de colo de útero. “A negligência é preocupante”, afirmou a Dra. Andreia Melo, diretora da SBOC, ao UOL. A oncologista lembra que o exame é capaz de reduzir em até 80% a incidência do câncer de colo de útero. “É um procedimento simples, que consegue rastrear lesões pré-invasoras para que possam ser devidamente tratadas antes que o tumor se desenvolva.” Leia a reportagem (texto): http://bit.ly/2D2K1wP
Veja outras matérias sobre o assunto veiculadas recentemente:
Jornal da Band (vídeo): http://bit.ly/2DCP0BZ
Claudia (texto): http://abr.ai/2FJbQZq
CBN Ribeirão (áudio): http://bit.ly/2D79EJt
Entrevista com a Dra. Maria Del Pilar Estevez Diz no Facebook da VEJA: http://bit.ly/2B9oHkj.
Até hoje, 15 de janeiro, é possível sugerir ao Ministério da Saúde medicamentos oncológicos para transferência de tecnologia e produção nacional. A medida pode garantir custos mais acessíveis das drogas que forem aprovadas e maior chance de incorporação ao SUS. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) está participando com uma série de sugestões de medicamentos essenciais para o tratamento de qualidade dos pacientes com câncer. Qualquer profissional pode participar da consulta pública pelo link http://bit.ly/2qYay9G.
O presidente da SBOC, Dr. Sergio Simon, lembra que os pacientes atendidos pelo serviço público têm muito menos acesso a medicamentos fundamentais ao tratamento em comparação com os que possuem planos de saúde. “Esta é uma realidade dolorosa para todos: a separação da população em dois grupos de cidadãos: o da saúde suplementar, seguindo o rol da ANS, e o da saúde pública, com muito menos acesso a drogas que realmente podem fazer diferença”, afirma.
“Se o Estado reconhece seu dever constitucional de prover tratamento, bem como o direito do cidadão de ser tratado, como explicar que em 2018 um paciente com melanoma maligno com mutação BRAF V600E tratado no serviço público receba dacarbazina como única opção terapêutica, enquanto um paciente com o mesmo quadro, tratado na saúde suplementar, receba seu bloqueador de BRAF? Ou que um paciente com adenocarcinoma de pulmão com del exon 19 do EGFR seja submetido a quimioterapia e não tenha os benefícios de um dos inibidores de tirosina cinase? (sim, os TKIs teoricamente são aprovados, mas não cabem na APAC!) Ou que um paciente com carcinoma de células renais não tenha à disposição nem pazopanibe nem sunitinibe no serviço público, sendo tratados com interferon?”, questiona o presidente da SBOC.
De acordo com o Dr. Sergio Simon, a SBOC está participando dessa consulta pública para que pelo menos algum tipo de medicamento atual seja introduzido em patologias para as quais o sistema público não proporciona tratamento eficaz. “A expectativa é, assim, poder diminuir o abismo entre a qualidade dos cuidados oncológicos no SUS e na saúde suplementar”, destaca. “Esperamos sinceramente contar com a boa vontade do Ministério da Saúde para que essa desigualdade de acesso diminua nos próximos anos.”
Pertuzumabe: avanço recente
O oncologista cita a incorporação do pertuzumabe em primeira linha para pacientes com câncer de mama HER2+ metastático, associado à trastuzumabe, como um avanço recente. O Dr. Sergio Simon escreveu uma carta ao ministro da Saúde, Ricardo Barros, congratulando-se com a medida.
“Tal passo é fundamental para a melhoria dos resultados do tratamento das pacientes, uma vez que essa associação de anticorpos aumenta significativamente a sobrevida geral em cerca de 16 meses. A iniciativa revela a disposição deste Ministério em melhorar o atendimento das pacientes tratadas no SUS, proporcionando um tratamento eficaz e atual para as mulheres brasileiras com câncer de mama”, diz o texto.
O presidente enfatizou também, no documento, que a SBOC está à disposição para ajudar o Ministério da Saúde a considerar a incorporação de novas terapias para os pacientes portadores de neoplasias ainda sem possibilidade terapêutica no sistema público.
Apesar de o brasileiro conhecer os riscos da exposição solar excessiva, pouco se previne contra o câncer de pele. Em entrevista à CBN Brasília, a Dra. Andréia Melo, diretora da SBOC, explica o porquê dessa dificuldade de converter o conhecimento em atitude. Além disso, a oncologista clínica reforça orientações como proteger-se também nos dias nublados, reaplicar o filtro solar durante o dia, não esquecer das regiões periféricas como orelhas, pés e couro cabeludo, notar manchas e lesões suspeitas em lugares do corpo fora do campo de visão da própria pessoa e não utilizar óleos bronzeadores. A especialista esclarece que pessoas de pele mais escura são igualmente suscetíveis a desenvolver câncer de pele, inclusive o tipo mais agressivo, o melanoma. “A chance de desenvolver melanoma está diretamente relacionada ao número de vezes em que ficamos vermelhos por queimadura solar durante a nossa vida”, afirma a médica. A duração do áudio é de 15 minutos. Confira.
De 26 a 29 de dezembro de 2017, os escritórios nacionais da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) não terão atendimento presencial ou por telefone.
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Desejamos a todos boas festas e um excelente Ano Novo!
Publicar na Brazilian Journal of Oncology (BJO) é um investimento. Esta é a mensagem que o corpo editorial da publicação científica divulgará entre seus pares com veemência a partir de 2018. A força-tarefa tem como objetivo atrair artigos originais de qualidade e, com isso, alcançar a indexação no Pubmed, principal base de dados médicos e científicos do mundo. De acordo com a nova editora executiva do periódico, Dra. Rachel Riechelmann, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a expectativa é que todos os trabalhos publicados na BJO, desde a primeira edição, sejam indexados retrospectivamente quando a revista entrar no Pubmed. “É um grande estímulo para que os autores submetam seus artigos desde agora e estejam alinhados conosco para o cumprimento dessa meta”, diz a editora.
O Dr. Gustavo Fernandes, que assume o cargo de editor-chefe de Oncologia Clínica no periódico, explica que a regras atuais contemplam essa indexação retrospectiva de todos os trabalhos publicados. Vice-presidente de Relações Nacionais e Internacionais da SBOC, ele trabalhará ao lado da Dra. Rachel e dos editores-chefes de Radioterapia, Dr. Harley Francisco de Oliveira, e de Cirurgia Oncológica, Wilson Luiz da Costa Jr. A partir de 2018, a BJO aceitará somente artigos em inglês. Aqueles publicados anteriormente em português serão traduzidos.
“Desde o lançamento da Brazilian Journal of Oncology, há um ano, trabalhamos para construir uma revista à altura da oncologia brasileira, de forma que seja também um veículo agregador e impulsionador da nossa pesquisa”, diz a Dra. Cinthya Sternberg, diretora executiva da SBOC e que atuou como editora executiva e editora de Oncologia Clínica da publicação neste período. “É muito gratificante constatar o comprometimento de toda a equipe e passar o agora bastão para os novos editores; certamente terão muito sucesso.”
Oportunidade
De acordo com a Dra. Rachel Riechelmann, a Brazilian Journal of Oncology representa uma oportunidade única para que os autores brasileiros tenham seus artigos aceitos em uma publicação open access – isto é, sem custo para submissão nem para o acesso dos leitores – de grande potencial. “Com a indexação, a visibilidade da revista aumentará dramaticamente, o que fortalece o periódico e, consequentemente, seus autores. Para chegar lá, precisamos de artigos originais de qualidade”, convida a editora executiva.
A união das três especialidades – Oncologia Clínica, Radioterapia e Cirurgia Oncológica – é mais um diferencial da BJO, ao favorecer as submissões de cada uma delas em um periódico mais robusto. “Sabemos que ter um artigo aceito em uma revista internacional é muito mais difícil porque a demanda é maior e a prioridade são autores dos países de origem desses periódicos”, comenta a Dra. Rachel. “A Brazilian Journal of Oncology representa uma excelente oportunidade nesse sentido e também contribui para fortalecimento da pesquisa nacional, refletindo as nossas particularidades”, enfatiza.
Além dos autores brasileiros, a ideia é atrair trabalhos de pesquisadores de outros países da América Latina. Segundo o Dr. Gustavo Fernandes, hoje não existe no continente um periódico de oncologia indexado ao Pubmed. “A mesma energia que dedicamos no sentido de tornar a SBOC mais dinâmica e atraente colocaremos agora para fazer crescer a BJO”, diz o oncologista, presidente da SBOC na gestão 2015-2017. O médico conta que as pessoas que já integraram soluções para outros desafios da SBOC estão sendo convidadas também a participar mais ativamente da revista. “É uma iniciativa que envolve credibilidade. Precisamos alcançar colegas que confiem no futuro da publicação”, resume.
Na opinião das estudantes de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro Nathalia Lopez Duarte e Aline de Souza Busnardo, falta informação para a população sobre a gravidade do câncer de pele. Elas e outros alunos que integram a Liga Acadêmica de Hematologia e Oncologia (LAHO) e de Dermatologia (LAD) da UFRJ produziram um vídeo animado de menos de três minutos para explicar as principais formas de prevenção primária (evitar a exposição excessiva ao sol) e secundária (identificar precocemente lesões suspeitas). A professora da UFRJ e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) Maria de Fátima Dias Gaui conta que são frequentes atendimentos a pacientes com carcinomas de pele tão grandes, negligenciados por tanto tempo, que levam a cirurgias mutiladoras e até se tornam irrescecáveis. A iniciativa está alinhada com a campanha Dezembro Laranja.
Embora seja o tipo de neoplasia mais frequente no Brasil, o câncer de pele também é um dos que têm medidas de prevenção mais efetivas. O paradoxo pode ser explicado pela falta de conscientização das famílias, cultura do corpo bronzeado, trabalhadores expostos ao sol durante sua jornada e dificuldade de acesso ao sistema de saúde para rastreio e tratamento. A infância é um período crítico, mas a prevenção deve ocorrer durante toda a vida. Nathalia acredita que os médicos de família deveriam ser treinados para o rastreio e para orientar quanto a medidas de prevenção primária, de acordo com a realidade das pessoas atendidas. A acadêmica conta que, de certa forma, o vídeo serviu de ferramenta para isso. Aline reforça que, além de utilizar uma linguagem simples, o vídeo mostra medidas simples de prevenção como usar mangas compridas e chapéu de aba larga. “O protetor solar é caro e não está disponível pelo sistema público de saúde, infelizmente”, diz Nathalia.
Atitudes transformadoras
O vídeo explica ainda as características das pintas e manchas que podem ser consideradas suspeitas. A ideia é que as pessoas façam o autoexame e procurem o agente de saúde ou uma unidade de saúde se encontrarem uma possível lesão para encaminhamento ao dermatologista. O diagnóstico precoce é essencial para a cura. “Cada vez mais o ensino médico leva em consideração a promoção da saúde e a prevenção da doença”, frisa Aline. “Para nós, internos, é muito gratificante pois já conseguimos aplicar o conhecimento. Não precisamos esperar nossa formação como especialistas para fazer algo de relevante pelos pacientes; conseguimos isso desde já”, pontua.
Na opinião da Dra. Maria de Fátima Gaui, que orientou o trabalho, os alunos ficam muito mais interessados quando estão em contato a real necessidade da população. “O conhecimento se aplica e se consolida. Eles conseguem entender o impacto dessas medidas e ficam bastante sensibilizados”, afirma. “É difícil as pessoas adotarem medidas preventivas em seu dia a dia, mesmo diante da gravidade do câncer de pele. Estamos perdendo algo nessa comunicação. O vídeo é uma iniciativa bem-vinda de esforço para transformarmos essa realidade”, finaliza a professora.
A Globonews noticiou esta semana o início da realização do teste de origem tumoral (TOT) por um laboratório brasileiro. O Dr. Jorge Sabbaga, membro da SBOC, participou ao vivo respondendo dúvidas após a exibição da reportagem. Ele esclareceu que esse teste se aplica aos pacientes com metástase em que a origem do tumor é desconhecida. “As estratégias de tratamento, seja cirúrgico, radioterápico ou quimioterápico, são absolutamente dependentes da origem do órgão onde o câncer se instalou primeiro”, afirmou.
O teste levou sete anos para ser desenvolvido e agora já está disponível, por meio de parceria, aos pacientes do Hospital de Câncer de Barretos que tiverem essa indicação. O resultado sai em 10 dias, tempo bem mais curto do que quando o material genético precisava ser enviado para laboratórios dos EUA. Segundo a reportagem, estima-se que todos os anos, no Brasil, há 30 mil novos casos de câncer de origem desconhecida. “O teste genético utiliza algoritmo e inteligência artificial para avaliar 95 genes e cruzar essas informações com um banco de dados que analisa 4,5 mil padrões genéticos de diferentes tipos de câncer. Serve para o diagnóstico quando não se sabe a origem primária e também para confirmar a origem do tumor em caso de dúvida diagnóstica”, diz a pesquisadora Jeane Tsutsui.
Assista ao vídeo completo: https://glo.bo/2kz7ATz
Em janeiro, os caminhões do programa Cuide-se + Prevenção do Câncer completarão quatro anos de estrada no Paraná. Até o final de outubro, o número de pessoas atendidas era de 46,5 mil. A iniciativa do Sistema Fiep, por meio do Sesi PR, inclui exames de PSA (15,6 mil), avaliação de pele (29,2 mil), Papanicolaou (15,5 mil) e mamografia (9,3 mil). As ações ocorrem em indústrias, cooperativas rurais e espaços organizados por prefeituras e clubes; 948 instituições já participaram. De 2014 a 2016, 884 casos foram encaminhados como suspeitos para centros de referência,13 deles confirmados, todos em estágio inicial. As histórias são emocionantes. Assista a uma delas clicando aqui.
O Hospital Erasto Gaertner, centro de referência no tratamento de câncer no Estado, localizado na capital Curitiba, recebe a maior parte dos encaminhamentos para exames complementares e eventual confirmação do diagnóstico de câncer de próstata, de pele, de colo do útero ou de mama. Outros parceiros do Cuide-se + são o Hospital UOPECCAN, em Cascavel e Umuarama, regiões oeste e noroeste do Paraná, respectivamente, e o CEONC Hospital do Câncer, também em Cascavel.
O Cuide-se + começou com apenas um caminhão. Hoje, o programa, que só existe no Paraná, tem três caminhões rodando de segunda a sexta-feira. Cada equipe é composta por um motorista, duas enfermeiras e um técnico de radiologia, que têm o suporte dos médicos clínicos nas unidades do Sesi. Os laudos dos exames são feitos em laboratórios credenciados. O programa é custeado por recursos do chamado Sistema S (1,5% sobre a folha de pagamento dos trabalhadores da indústria) e por um valor pago a cada exame pela empresa ou instituição que agenda o serviço. A iniciativa não tem fins lucrativos e passa por quatro auditorias anuais.
A coordenadora do programa, Fabiana Tozo, conta que é frequente participarem mulheres de mais de 50 anos que nunca haviam feito um exame como esses (confira nesse vídeo). Os profissionais do Cuide-se + têm notado que, em boa parte das cidades, falta estrutura e incentivo para que os moradores sejam atendidos em outas localidades. “Muitas vezes, o mamógrafo mais próximo está a 120 km; as mulheres têm receio de faltar no trabalho para fazer exames em outra cidade”, relata Fabiana. “Em outros casos, o marido não deixa ela se consultar se o médico for homem”, exemplifica.
Mais que exames
De acordo com o diretor técnico do Hospital Erasto Gaertner, Dr. João Soares Nunes, esse tipo de ação itinerante para rastreamento oportunístico de câncer tem grande valor. As empresas ou instituições que recebem o caminhão desencadeiam uma campanha prévia, conscientizando aquele público sobre a importância da prevenção e criando um ambiente propício para que as pessoas participem, por meio do apoio mútuo entre colegas, amigos e familiares. “A mobilização em torno das carretas contagia as pessoas. Elas se sentem fortalecidas e menos tímidas. Quebra-se uma barreira cultural e cria-se um movimento muito importante em termos de prevenção”, avalia.
O oncologista clínico explica que, na comunidade científica, há críticos do rastreamento oportunístico em razão de estudos publicados nos quais esse tipo de ação não conseguiu atingir seu objetivo principal: reduzir a mortalidade por câncer. “Mas Barretos, por exemplo, onde já atuei, faz esse trabalho há décadas em seu entorno, num raio que abrange cerca de 600 mil habitantes, e os casos de câncer são estádio I na grande maioria, ao contrário do que acontece em outras cidades próximas, mas não assistidas pelas carretas, onde prevalecem os tumores avançados”, relata. O Dr. João Nunes faz uma comparação com o sistema de transporte: “Não dá para afirmar que o trem é mais importante que o ônibus; ambos têm o seu papel, assim como nas estratégias de rastreamento e prevenção”.
Além da realização dos exames, Fabiana Tozo informa que, no Cuide-se +, são fornecidas orientações de saúde, materiais explicativos e preservativos. “Quanto mais as pessoas falarem sobre câncer e aprenderem a se prevenir, mais casos avançados da doença serão evitados”, acredita. O programa tem despertado interesse. Algumas empresas já chamaram os caminhões pelo terceiro ano seguido. Segundo Fabiana, é uma forma de cuidar dos colaboradores quando não oferecem planos de saúde. Há ainda aquelas que ficam sabendo da ação do concorrente e também querem oferecer o serviço aos seus funcionários. “Outra situação comum é trabalhadores que participaram pela primeira vez cobrarem a empresa no próximo ano”, diz a coordenadora.