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Apenas entre 5 e 10% dos casos de câncer ocorrem por um fator hereditário — os outros 90% aparecem de maneira esporádica, seja por mutações genéticas ou por fatores externos e hábitos. Por isso, adotar um estilo de vida saudável evitando a exposição a fatores de risco é a principal maneira de se prevenir contra o câncer.
Com base nessa estatística, a Dra. Renata Cangussu, Oncologista Clínica especialista no tratamento de tumores femininos, membro da SBOC, e Fellowship em Oncologia Integrativa pelo Metabolic Medical Institute - GW School of Medicine and Health Sciences (EUA), decidiu não só tratar o câncer, mas tentar conscientizar as pessoas, de alguma forma, a preveni-lo. “Fala-se muito de rastreamento e diagnóstico precoce e pouco da prevenção primária, ou seja, daquilo que poderia evitar o câncer. E foi nessa área que resolvi atuar, além do tratamento dos pacientes.” Dra. Renata trabalha com programas de orientação para um estilo de vida saudável, que, segundo estudos, podem contribuir para diminuir o risco de câncer em 40%.
A orientação para prevenção primária inclui basicamente a adoção de uma alimentação saudável, a manutenção do peso, o controle do estresse e a prática regular de atividades físicas. “Não há nada disponível hoje para evitar o câncer mais eficaz do que a estratégia de prevenção primária.” A médica ressalta que, além dessas medidas, para o caso de câncer de colo de útero, também faz parte dessa estratégia a vacinação contra o HPV, que é o principal fator de risco para esse tipo de tumor.
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, que ouviu 1.500 pessoas em todo o país, mostra que metade das pessoas não fazem exercício físico e uma em cada quatro não vê a obesidade como problema relacionado ao câncer. As pessoas sabem da importância dessa medida, mas resistem a mudar o estilo de vida. Por isso, é extremamente importante investir em prevenção e campanhas de conscientização. “Precisamos disseminar, principalmente entre as mulheres, a mensagem de que o combate ao câncer começa na prevenção, pois além da prevenção em si mesmas, elas devem adotar um estilo de via saudável para seus filhos. Hoje a maioria das crianças tem uma dieta rica em alimentos industrializados e uma visa sedentária, inclusive, a obesidade já é muito frequente no público infantil”, alerta Dra. Renata.
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O objetivo da prevenção primária é impedir que o câncer se desenvolva. Isso inclui evitar a exposição aos fatores de risco de câncer e a adoção de um modo de vida saudável. Veja abaixo algumas dicas de prevenção, adote-as e compartilhe com outras mulheres.
Não fume!
Essa é a regra mais importante para prevenir o câncer, principalmente o de pulmão, o quarto mais incidente entre as mulheres. Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes.
Adote uma alimentação saudável
Uma ingestão rica em alimentos de origem vegetal como frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e pobre em alimentos ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou prontos para aquecer pode prevenir o câncer.
Mantenha o peso corporal adequado
Estar acima do peso aumenta as chances de desenvolver câncer. Por isso, é importante controlar o peso por meio de uma boa alimentação e realizar atividade física. Cerca de um terço de todos os casos de câncer podem ser evitados com alimentação saudável, manutenção de peso corporal adequado e atividade física.
Pratique atividades físicas
Não há necessidade de modalidades sistematizadas ou que demandem a contratação de serviços como academias. Você pode, por exemplo, caminhar, dançar, trocar o elevador pelas escadas, buscar modalidades como a corrida de rua, ginástica, musculação, entre outras.
Amamente
O aleitamento materno é a primeira ação de alimentação saudável. A amamentação até os dois anos ou mais, sendo exclusiva até os seis meses de vida da criança, protege as mães contra o câncer de mama e as crianças contra a obesidade infantil.
Vacine contra o HPV as meninas de 9 a 14 anos e os meninos de 11 a 13 anos
A vacinação contra o HPV, disponível no SUS, é fundamental para a prevenção do câncer do colo do útero.
Evite o consumo em excesso de bebidas alcoólicas
O hábito de ingerir bebidas alcóolicas em excesso contribui para o risco de desenvolver câncer. Além disso, combinar esse hábito com o tabagismo aumenta consideravelmente a possibilidade do surgimento da doença.
Evite comer carne processada
Carnes processadas como presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela e peito de peru podem aumentar a chance de desenvolver câncer. Os conservantes (como os nitritos e nitratos) podem provocar o surgimento de câncer de intestino, o segundo mais frequente entre as mulheres.
Na última terça-feira, 26 de março, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participou de audiência pública sobre câncer colorretal, realizada na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal.
O debate foi solicitado pela senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) com o o intuito de discutir políticas públicas para alertar a população sobre esse tipo de câncer, que é o segundo mais incidente em mulheres e o terceiro em homens. Em sua justificativa, a senadora destacou a campanha "Março em Cores", que busca, desde 2017, alertar para os riscos do câncer colorretal. A estratégia procura levar informação à população e empatia aos pacientes em processo de tratamento.
Estiveram presentes o Presidente da CAS, Senador Romário (PODE-RJ); o Vice-Presidente da CAS, Senador Styvenson Valentim (PODE-RN); o Senador Marcelo Castro (MDB-PI); o Senador Nelsinho Trad (PSD-MS); a Presidente da Frente Parlamentar Mista em Prol da Luta Contra o Câncer, Deputada Silvia Cristina (PDT-RO); o Vice-Presidente da Frente Parlamentar Mista em Prol da Luta Contra o Câncer, Deputado Dr. Frederico (PATRI-MG); o Diretor do Departamento de Atenção Especializada e Temática da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Marcelo Campos Oliveira; a Presidente e Diretora Executiva do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz; e, representando a SBOC, o Vice-presidente para Relações Nacionais e Internacionais da entidade, Dr. Gustavo Fernandes.
Os participantes destacaram temas como a necessidade de conscientização sobre a doença, de promoção do diagnóstico precoce e de garantia de condições à rede pública para fornecer o tratamento adequado.
De acordo com Dr. Gustavo, são aproximadamente 36 mil novos casos de câncer colorretal por ano, com uma mortalidade de 12 mil pessoas, aproximadamente um terço dos pacientes. A realidade do tratamento no Brasil varia no sistema público e no privado e há também variações dentro do próprio SUS, dependendo da região no Brasil. Segundo ele, três medicamentos estão disponíveis no SUS. "Ainda é preciso incorporar novos medicamentos, mas há outras prioridades. Uma delas é aumentar o acesso à cirurgia e aumentar as campanhas de prevenção", alertou. Também destacou que, quando se fala em priorização de orçamento, o melhor é investir em prevenção do que em tratamento. E sugeriu duas opções: conversar com a indústria farmacêutica para diminuir o valor de venda do medicamento ou fabricar medicamentos similares no Brasil com o objetivo de reduzir o preço.
No encerramento, o representante do Ministério da Saúde propôs a criação de um grupo de trabalho para tratar o assunto de forma técnica.
Por meio de ofício encaminhado ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) se manifestou contra a Portaria MJSP/GM nº 263, de 23.03.2019, que institui Grupo de Trabalho para avaliar a conveniência e oportunidade da redução da tributação de cigarros fabricados no Brasil.
Por meio de ofício encaminhado ao Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) se manifestou contra a Portaria MJSP/GM nº 263, de 23.03.2019, que institui Grupo de Trabalho para avaliar a conveniência e oportunidade da redução da tributação de cigarros fabricados no Brasil. Confira abaixo o teor do manifesto.
MANIFESTO DE INCONFORMISMO À PORTARIA MJSP/GM nº 263, de 23.03.2019.
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), associação sem fins lucrativos filiada à Associação Médica Brasileira, vem manifestar seu inconformismo em relação à Portaria MJSP/GM nº 263, de 23.03.2019, que institui Grupo de Trabalho, no âmbito do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para avaliar a conveniência e oportunidade da redução da tributação de cigarros fabricados no Brasil.
Medidas para pôr fim ao contrabando de cigarros são louváveis, mas elas jamais se justificam quando seus efeitos colaterais amplamente conhecidos são o aumento da taxa de mortes e de doenças evitáveis. É aí que reside a impertinência da Portaria MJSP/GM nº 263, de 23.03.2019.
A redução da carga tributária sobre a fabricação de cigarros diminui o preço do produto e, consequentemente, aumenta o seu consumo. Há inúmeros estudos comprovando essa relação de causa e efeito. Não à toa, o artigo 6 da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), tratado ratificado pelo Brasil e mais 180 países, recomenda o aumento de preços e impostos como a medida mais eficaz para prevenção e redução de consumo de cigarros.
O cigarro é o principal fator de risco para diversos tipos de câncer e doenças cardiorrespiratórias. Estima-se que o custo do tabagismo representa R$ 56,9 bilhões por ano no país , chegando perto de 1% do PIB anual. Esse custo é cerca de quatro vezes superior ao que se arrecada com os tributos sobre produtos de tabaco, como bem pontuou a ACT Promoção da Saúde em nota pública contra a referida portaria, posicionamento firmemente apoiado por esta sociedade.
Se o objetivo é colocar fim ao contrabando de cigarros, outras medidas podem ser implementadas, como esforços diplomáticos e ações de inteligência e fiscalização.
Assim, considerando que as evidências científicas existentes e a própria adesão do Brasil à convenção-quadro para o controle do trabalho mostram de forma categórica que não há nenhuma conveniência para o interesse público na adoção de medidas que visam reduzir a tributação sobre produtos derivados do tabaco, a criação do grupo de trabalho, conforme proposto, se apresenta como medida disparatada, capaz apenas de desperdiçar tempo e recursos públicos com discussões absolutamente ultrapassadas.
Desse modo, esperamos que o costumeiro bom senso de Vossa Excelência se traduza no ato de revogar a Portaria MJSP/GM nº 263, de 23.03.2019, e apoiar amplamente medidas de elevação da carga tributária sobre produtos derivados do tabaco.
No ensejo, reiteramos nossos protestos de elevada estima e distinta consideração.
Dr. Sergio D. Simon
Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC)
Durante este mês, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) está homenageando as mulheres compartilhando informações sobre prevenção e diagnóstico precoce dos tipos de câncer mais incidentes no público feminino. Mas vamos compartilhar também a história de uma de nossas associadas que, além de lutar contra o câncer como Oncologista Clínica, teve que enfrentar a doença em sua vida pessoal.
Mineira, de Uberaba, há 12 anos em São Paulo, Dra. Renata Colombo Bonadio, 30 anos de idade, conta que sempre gostou de oncologia, desde a faculdade. Mas o que realmente a fez escolher sua área de atuação foi o contato com os pacientes oncológicos. “Gosto muito desse contato. É gratificante dar o cuidado ao paciente em todos os aspectos. Quando alcançamos bons resultados, é recompensador comemorar junto com o paciente e, em qualquer que seja a situação, de alguma forma conseguimos ajudar. Então, sempre tem a relação de contribuição, independentemente do que aconteça”, diz a médica. E foram eles, seus pacientes, que a inspiraram em um dos momentos mais difíceis de sua vida.
No ano passado, após um dia normal de trabalho, Dra. Renata sentiu uma dor lombar, teve um pico febril e buscou atendimento médico, imaginando se tratar de uma infecção urinária. Após alguns exames, recebeu o diagnóstico: linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer que tem origem nas células do sistema linfático e que se espalha de maneira não ordenada. No caso da Dra. Renata, o linfoma começou no rim direito. “No mesmo dia em que eu havia realizado vários atendimentos como Oncologista, em poucas horas, me tornei paciente.”
A médica conta que o momento do diagnóstico não foi fácil. O apoio do marido, dos familiares, de amigos e dos colegas oncologistas foi fundamental, mas algo que também fez a diferença foi a inspiração em seus pacientes. “Como Oncologista, eu percebo que quando os pacientes são positivos, o tratamento flui melhor. Então, me inspirei nesses pacientes e decidi que ia encarar tudo isso de forma positiva”. Ela também focou em algo que sempre disse em seu trabalho: o câncer pode acometer qualquer pessoa. “Uma das maiores dúvidas e angústias do paciente é por que isso está acontecendo com ele. Algumas vezes existem fatores genéticos, hábitos que podem ter levado ao desenvolvimento da doença, mas em muitas outras vezes não há explicação. Então, eu sempre digo que pode acontecer com qualquer pessoa. E, claro, entendi que também poderia acontecer comigo”, diz Dra. Renata. O conhecimento técnico também a ajudou bastante, pois ela sabia das etapas pelas quais passaria e pôde se preparar para cada uma. “Me preparei para o tratamento, para os efeitos da quimioterapia. Eu cuidei do meu corpo para tolerar essas etapas. Eu sabia que era necessário passar por tudo aquilo.”
Em fase final de tratamento, Dra. Renata faz uma análise positiva sobre essa experiência e tem certeza de que a relação com seus pacientes nunca mais será a mesma. “A gente estuda muito, adquire conhecimento técnico e científico, mas é diferente quando você passa pela mesma experiência dos pacientes. Hoje eu sei o que eles sentem, sei das dificuldades físicas e psicológicas, das angústias, dos medos, da esperança, e também da alegria enorme quando vem o resultado de um exame com resposta completa. Eu vivenciei tudo isso e me sinto muito mais preparada, como pessoa e como médica, para cuidar deles.”
Não há uma forma efetiva de prevenção para o linfoma não-Hodgkin. No caso da Dra. Renata, o que fez a diferença para o sucesso do tratamento foi o diagnóstico precoce. Ela sentiu algo diferente e procurou investigar. O linfoma pode surgir em qualquer parte do corpo, e os sintomas dependem da sua localização. Caso se desenvolva em linfonodos superficiais do pescoço, axilas e virilha, formam-se ínguas (linfonodos inchados) indolores nesses locais. Se a doença ocorre na região do tórax podem surgir tosse, falta de ar e dor torácica. Quando se apresenta na pelve ou no abdômen, os sintomas são desconforto e distensão abdominal. Outros sinais de alerta são febre, cansaço, suor noturno, perda de peso sem motivo aparente e coceira no corpo.
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Nesta terça-feira, 26 de março, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) participou da Reunião do Conselho Científico da Associação Médica Brasileira (AMB), realizada com as filiadas da AMB.
Dr. Rodrigo Ramella Munhoz, Vice-presidente para Ensino da Oncologia da SBOC, apresentou os avanços da Imunoterapia no tratamento oncológico. De acordo com Dr. Munhoz, o tratamento vem sendo capitaneado pela oncologia, mas, pelo seu perfil de tolerância e efeitos colaterais, é de interesse também das outras especialidades, além de despertar muita curiosidade pelo impacto profundo que teve na prática da oncologia. "É um tema que fará parte também do dia a dia de outras especialidades como dermatologia, gastroenterologia, terapia intensiva etc., e que vai transformar cada vez mais o cuidado dos pacientes em algo multidisciplinar, que necessita de uma integração entre as diferentes equipes. Então, discutir esse assunto em um fórum relevante como este permite a interação entre as diferentes especialidades e a troca de informações entre as sociedades médicas."
Segundo o Diretor Científico da AMB, Antonio Carlos Palandri Chagas, “a reunião do conselho científico é uma das atividades mais importantes da AMB, pois reúne suas federadas e as sociedades de especialidade e é um importante fórum de discussão dos temas de atualidade da medicina.”
Em outubro de 2017, a SBOC foi a vencedora do pleito para ocupar a vaga no Departamento de Oncologia Clínica da Associação Médica Brasileira (AMB). Em razão de sua representatividade, estrutura, número de associados e da atuação da entidade, a SBOC foi a escolhida para ser filiada à AMB na sua especialidade. Como sociedade de especialidade filiada à AMB, a SBOC participa das instâncias de decisão da entidade nacional, representa a Associação Médica Brasileira em todos os assuntos relacionados à especialidade e concede o Título de Especialista em Oncologia Clínica em conjunto com a AMB.
Além do câncer de mama e do câncer colorretal, entre os tipos mais incidentes nas mulheres estão também o câncer do colo do útero, de pulmão e de tireoide.
O câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente, com aproximadamente 16 mil novos casos por ano no Brasil. Associado a infecções por HPV, esse tipo de câncer é altamente pevenível. Além do uso de preservativo, especialistas defendem a fundamental conscientização sobre a vacina contra HPV, disponibilizada pelo SUS no Brasil desde 2014 e considerada a forma mais eficaz de prevenção. No sistema público, a disponibilização é gratuita para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 13; na rede privada, outras faixas etárias também podem ser vacinadas. “Apesar da disponibilidade da vacina contra o HPV pelo sistema público de saúde, a adesão ainda é muito baixa no mundo inteiro, principalmente nos países da América Latina. Precisamos trabalhar tanto em campanhas de vacinação quanto de rastreamento, pois a incidência e o diagnóstico da doença avançada é muito grande”, afirmou Dra. Andreia Cristina Melo, Oncologista Clínica e membro da SBOC.
Já o câncer de pulmão é o quarto mais incidente entre as mulheres, porém, é o tipo de tumor que mais mata. E um ponto de atenção: segundo um estudo publicado no ano passado no Cancer Research, publicação científica da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer (EUA), a taxa global de mortalidade por câncer de pulmão nas mulheres deve aumentar em 43% até 2030, de acordo com uma análise de dados de 52 países. O crescimento do hábito de fumar entre elas seria a causa.“Para prevenir o câncer de pulmão é fundamental parar de fumar, já que o cigarro é o principal fator de risco para esse tipo de câncer, além de contribuir para a incidência de vários outros tipos”, diz Dra. Andreia.
Pela mais recente estimativa brasileira, o câncer da tireoide é o quinto mais frequente em mulheres, principalmente na faixa etária entre 30 e 50 anos. Tão pequena e tão importante, a glândula tireoide atua no peso, na memória, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, na concentração, no humor e no controle emocional. O câncer da tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens. Alguns estudos apontam que fatores hormonais e alimentares estão ligados ao desenvolvimento desse tipo de tumor. O principal sintoma é o aparecimento de nódulo palpável ou visível na região da tireoide ou do pescoço e entre os fatores de risco para a doença estão histórico familiar de câncer de tireoide e tratamentos prévios com radiação para cabeça, pescoço e tórax.
A melhor atitude é a prevenção, SEMPRE!
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Em seu terceiro e último dia, o ESMO Summit, evento realizado pela primeira vez no Brasil em uma parceria entre a European Society of Medical Oncology (ESMO) e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), lotou o auditório do Renaissence e novamente trouxe temas relevantes para o avanço da oncologia no Brasil e na América Latina.
Na primeira sessão do dia, sétima do evento, especialistas debateram sobre cuidados paliativos e de suporte. Dr. Ricardo Caponero, Oncologista Clínico e membro da SBOC; Dra. Karin Jordan, da Alemanha; Dr. Rodrigo Ramella Munhoz, Vice-presidente da SBOC para Ensino da Oncologia; e Dr. João Luis Chicchi Tomé, Especialista em Medicina Paliativa; apresentaram as práticas atuais de suporte no cuidado e controle da dor no mundo e, principalmente, na América Latina. Também foram apresentadas diretrizes de manejo de toxicidades imunomediadas e gestão de efeitos adversos, finalizando a sessão com apresentação de casos clínicos e painel de discussões. Para Dr. Munhoz, “esse módulo veio compor uma programação extremamente rica que se desenvolveu nesses três dias de ESMO Summit”.
O tema da sessão seguinte foi câncer de mama, trazendo os padrões atuais de tratamento, estudos e práticas para os casos de câncer de mama precoce, avançado e metastático, imuno-oncologia e o cenário do câncer de mama na América Latina. As apresentações dessa sessão ficaram por conta da Dra. Yanin Chávarri Guerra e Dr. Enrique Soto, ambos do México; Dr. Evandro de Azambuja, brasileiro, Head de Promoção Acadêmica da ESMO, que atua na Bélgica há 16 anos; e Dr. Enrique Díaz Cantón, da Argentina. Destaque para os estudos apresentados sobre imunoterapia e estratégias para transformar os chamados tumores frios em tumores quentes, ou seja, tumores que respondem à imunoterapia, e para os casos clínicos apresentados. De acordo com o Dr. Evandro de Azambuja, um evento como este é de extrema importância para os países da América Latina, especialmente para o Brasil por conta do crescimento do número de oncologistas no país, principalmente pela quantidade jovens oncologistas.
A última sessão do evento tratou de câncer de cabeça e pescoço. Dra. Nora Sobrevilla, Dra. Maritza Ramos Ramirez, Dr. David Heredia, todos do México; e Dr. Jean-Pascal Machiels, da Bélgica, apresentaram estudos, práticas e padrões de tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Foram abordados novos tratamentos e novos guidelines disponíveis que, segundo estudos, aumentam a taxa de sobrevida dos pacientes em estágios 3 e 4 desse tipo de tumor, entre elas a quimioterapia concomitante. Foi citado o aumento da incidência do câncer de cabeça e pescoço no mundo devido ao consumo de álcool, ao tabagismo e à contaminação com o vírus HPV. Sobre a realidade na América Latina, se falou sobre a dificuldade do acesso ao tratamento por conta da quantidade limitada de equipamentos de radioterapia (aceleradores lineares). Também foi citada a necessidade de politicas públicas e campanhas de vacinação contra o HPV.
Dra. Cinthya Sternberg, Diretora Executiva da SBOC e membro da comissão organizadora, encerrou o evento agradecendo a presença de todos e ratificou que trazer o ESMO Summit para o Brasil foi uma conquista não só para a SBOC, mas principalmente para a oncologia da América Latina, selando a parceria com essa importante entidade europeia. Aproveitou a ocasião para convidar a todos para II Semana Brasileira da Oncologia, que acontece de 22 a 26 de outubro, realizada em parceria entre a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).
O segundo dia de um dos principais eventos educacionais da European Society of Medical Oncology (ESMO), inédito no Brasil, teve início com estudos e padrões atuais de cuidado do câncer de próstata e discussão sobre a gestão do tratamento desse tipo de tumor na América Latina, falando também sobre acesso, com a apresentação da Dra. Maria Teresa Bourloun e do Dr. Luis Antonio Mejia, do México, e do Dr. Ronald de Wit, da Holanda.
Ainda no período da manhã, a quinta sessão do ESMO Summit tratou sobre melanoma, mostrando guidelines, estudos e casos clínicos, com o Dr. Paolo Ascierto, da Itália, o Dr. Rafael Aron Schmerling e a Dra. Ana Cláudia Galdino, ambos Oncologistas Clínicos e membros da SBOC. Foram apresentados os avanços no tratamento do melanoma desde 2010 e abordadas questões sobre aprovações de novas drogas mas sem padrão de utilização definido, novas drogas que já têm resultados comprovados e não são aprovadas na América Latina e na Europa, e outras que são aprovadas mas ainda não são viáveis financeiramente, dificultando o acesso e o tratamento do melanoma.
Na parte da tarde, o evento teve como tema os tumores gastrointestinais. A sexta sessão abordou a evolução dos tratamentos, com o Dr. Paulo Hoff, Oncologista Clínico e membro da SBOC, que citou que a imunoterapia será o grande diferencial para o tratamento desse tipo de câncer no futuro, pois atualmente, por questões de acesso, ainda não é viável na América Latina. Dr. Fortunato Ciardiello, da Itália, apresentou algumas práticas de rastreamento e terapias utilizadas na Europa para canceres gastrointestinais. Dr. Jorge Gallardo, do Chile, falou sobre tratamentos do câncer de vesícula e apresentou ações realizadas com o governo chileno para diminuir a incidência desse tipo de câncer no país. Dr. Ardnt Vogel, da Alemanha, trouxe as práticas e terapias disponíveis para o câncer de fígado, e destacou que a quimioterapia deveria ser mais utilizada no tratamento de primeira linha para esse tipo de tumor, antes da cirurgia ou transplante. Andrés Cervantes, da Espanha, Chair do Comitê Educacional da ESMO, apresentou cuidados e padrões no tratamento do câncer gástrico e destacou a avaliação multidisciplinar como a chave do sucesso no tratamento. A sessão se encerrou com a apresentação de casos clínicos pela Dra. Maria Ignez Braghiroli, Oncologista Clínica e membro da SBOC.
Ao final do evento, em entrevista à Assessoria de Comunicação da SBOC, Dr. André Cervantes elogiou a qualidade do evento e afirmou estar impressionado com o nível de excelência dos palestrantes latino-americanos e com a apresentação de dados regionais. “A parceria com a SBOC para a realização deste evento foi muito positiva. Estou ansioso para estabelecer novas parcerias com sociedades latino-americanas”, concluiu.
O evento teve início com dois workshops simultâneos, com a participação de especialistas internacionais e nacionais, que discutiram guidelines e práticas adotadas pelas principais instituições do mundo, inclusive pela ESMO. Um dos workshops abordou um assunto inédito: a plataforma internacional Magnitude of Clinical que Benefit Scale (MCBS), uma escala com o propósito de mensurar o benefício das medicações oncológicas à disposição, com uma abordagem padronizada, genérica, validada e reprodutível. Coordenado pelo presidente da ESMO, Josep Tabernero, e pelo Dr. Felilpe Roitberg, Oncologista Clínico, membro da SBOC e da ESMO, o Workshop mostrou a plataforma que pode modificar a forma como a indústria farmacêutica tem desenhado os estudos clínicos, bem como a priorização de análise pelas fontes pagadoras, públicas ou privadas, por meio de discussões e exercícios práticos.
O outro workshop tratou sobre o câncer do colo do útero, o terceiro mais incidente entre as mulheres e com estimativa de 16 mil novos casos por ano no Brasil. Além de debater sobre tratamentos e guidelines, foram discutidas políticas nacionais para melhorar a prevenção e o controle do câncer do colo do útero e o papel das entidades médicas nas campanhas educacionais. “Apesar da disponibilidade da vacina contra o HPV pelo sistema público de saúde, a adesão ainda é muito baixa no mundo inteiro, principalmente nos países da América Latina. Precisamos trabalhar tanto em campanha de vacinação quanto de rastreamento, pois a incidência e o diagnóstico da doença avançada é muito grande”, afirmou Dra. Andreia Cristina Melo, Oncologista Clínica, membro da SBOC, e responsável pela apresentação de estudos e casos clínicos durante o workshop. Também coordenaram e participaram das discussões do tema a Dra. Susana Banerjee, Consultora Médica Oncologista, Líder de Pesquisa da Universidade de Ginecologia da Royal Marsden, Londres, Reino Unido, e membro da ESMO; a Dra. Luisa Villa, Bióloga, especialista em Biologia Molecular e em HPV; a Dra. Angelica Nogueira e o Dr. Eduardo Paulino, Oncologistas Clínicos e membros da SBOC.
E, por último, as mais de 300 pessoas presentes puderam se atualizar com estudos e padrões de tratamento do câncer de pulmão, incluindo um painel de discussões com a participação do Dr. Oscar Arrieta e do Dr. Roberto Sanches Reyes, ambos do México, e da Dra. Solange Peters, da Suíça. Um dos destaques sobre esse assunto foi a abordagem sobre casos de câncer de pulmão não relacionados ao tabagismo, ou seja, casos genéticos. Também foram trazidas questões sobre acesso a medicamentos e exames de rastreamento no mundo, principalmente no Brasil, no Uruguai e na Argentina, países da América Latina com maior incidência de câncer de pulmão.