A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o primeiro tratamento de imunoterapia para pacientes com câncer de mama no país. O registro do atezolizumabe foi publicado em 13/05, no Diário Oficial da União.
Esse tipo de terapia aumenta a sobrevida de mulheres com um tipo de câncer de mama específico, o triplo-negativo, relativamente raro e que constitui o subtipo mais grave dos tumores de mama. Isso representa cerca de 15% dos tumores de mama, que são normalmente tratados com quimioterápicos tradicionais, pouco eficazes contra a doença metastática. De acordo com Dr. Sergio Simon, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), dentro desse grupo de pacientes com câncer triplo-negativo, 40% irão se beneficiar desse tratamento. Isso é definido pela expressão da proteína PD-L1, um receptor localizado na superfície das células imunes que indica a possibilidade de sucesso com o tratamento de imunoterapia.
A aprovação foi baseada no estudo IMpassion 130, apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO), em outubro do ano passado, e publicado na revista científica The New England Journal of Medicine em novembro. "Foi o primeiro estudo de fase 3 a evidenciar benefícios significativos de imunoterapia em câncer de mama metastático", explica Dr. Sergio. O estudo comprovou a redução de 38% do risco de progressão da doença ou morte e ganho de 10 meses de sobrevida global.
O Brasil é um dos primeiros países do mundo a aprovar esse tipo de tratamento. Nos EUA, a aprovação pela agência norte-americana de medicamentos, o FDA, ocorreu em março deste ano. No mesmo mês, a SBOC divulgou um posicionamento sobre a importância da celeridade na aprovação pelas autoridades regulatórias brasileiras.
Agora, os próximos passos são as incorporações ao rol da ANS e ao SUS. "É importante ressaltar a necessidade de assegurar o controle de qualidade na identificação das pacientes triplo-negativo, e também de garantir o acesso e o treinamento dos patologistas para a correta testagem da expressão de PD-L1, pois em tempos de medicina de precisão e de custos elevados do tratamento oncológico a correta identificação garante a medicação certa para a paciente certa", conclui Dr. Sergio.