Dando continuidade ao ciclo de diálogos com parlamentares pela inclusão urgente dos brasileiros diagnosticados com diferentes tipos de câncer no Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a COVID-19, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) se reuniu, no dia 22 de abril, com o deputado federal Ricardo Augusto Machado da Silva (PSB-SP), obtendo mais um importante apoio à causa.
Com atuação no controle da pandemia, o deputado já havia solicitado ao Ministério da Saúde (MS), por meio de Indicações ao Poder Executivo (INC), que fossem “envidados esforços destinados à inclusão das pessoas com câncer, que estejam em tratamentos de quimioterapia, radioterapia, que tenham feito cirurgia há menos de um mês ou que fazem uso de medicamentos imunossupressores no rol de prioritários no Plano Nacional de Vacinação contra a COVID-19”. A SBOC solicitou a reunião com o parlamentar para falar da importância de serem incluídos todos os pacientes oncológicos, sem restrições.
A presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, apresentou ao parlamentar os dados científicos que embasam a defesa da entidade e a urgência por alguma medida do poder público que garanta a imunização irrestrita dessa parcela da população. “A literatura científica internacional é eloquente ao elucidar por que o paciente oncológico, em sua jornada de enfrentamento de uma doença que não espera e que pode trazer agravamentos consideráveis em caso de infecção pelo Sars-Cov-2, também não pode esperar para ser vacinado. Trata-se de um duplo risco a ser combatido”, explica.
Após a reunião, o deputado Ricardo Silva solicitou agenda ao Ministério da Saúde para tratar do assunto. Além do parlamentar, já receberam a SBOC em reuniões virtuais as deputadas federais Silvia Cristina (PDT-RO), presidente da Frente Parlamentar Mista em Prol da Luta Contra o Câncer, Carla Zanotto (CIDADANIA-SC) e Tereza Nelma (PSDB-AL). A entidade também enviou carta ao Ministério da Saúde solicitando atenção à questão e a inclusão oficial dos pacientes oncológicos nos grupos prioritários para vacinação.
Evidências científicas
Estudo brasileiro publicado no Journal of Clinical Oncology (JCO) identificou e acompanhou 198 pacientes com câncer que desenvolveram COVID-19 entre março e julho de 2020. Destes, 33 morreram: uma taxa de mortalidade de 16,7%, seis vezes mais que o índice global, de 2,4%.
Ainda de acordo com o estudo, a maior taxa de mortalidade foi encontrada em pacientes com neoplasias do trato respiratório (43,8%), principalmente câncer de pulmão metastático, e tumores hematológicos, como linfomas e leucemia, sendo que o pior prognóstico está relacionado à fase da doença em que o paciente se encontra, com maior risco para quem tem câncer ativo, progressivo ou metastático.
“Esse e outros estudos evidenciam que não apenas os pacientes imunossuprimidos estão mais susceptíveis a manifestações graves da doença, mas também aqueles em diversos outros espectros da doença, sendo inviável estratificá-los e urgente incluí-los entre aqueles que precisam ser imunizados contra um mal que pode ter consequências fatais para sua saúde e a própria vida”, enfatiza Dra. Clarissa Mathias. Ainda de acordo com a presidente, “a SBOC seguirá vigilante e em diálogo com os organismos responsáveis e entidades parceiras até que o plano inclua os pacientes oncológicos e todos sejam vacinados”.
Saiba mais sobre a atuação da SBOC para o enfrentamento da pandemia e o fortalecimento do trabalho do oncologista clínico brasileiro em prol dos pacientes oncológicos de todo o território nacional em coronavirus.sboc.org.br.