A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica - SBOC segue preocupada com a divulgação de mensagens sobre o câncer por profissional autodeclarado "especialista em modulação hormonal".
A afirmação de não existência de células malignas, a atribuição do surgimento do câncer à carência de hormônio e a divulgação da cura da doença por meio do uso de reposição de testosterona são um absurdo científico e não encontram amparo em qualquer publicação médica respeitável. Mais que isso, são um desrespeito aos doentes que, na natural busca por tratamentos para seus males, veem-se sensibilizados a aceitar informações de indivíduos que oferecem promessas de cura.
A SBOC se vê na obrigação de esclarecer que a reposição de testosterora não tem ação significativa contra tumores, pode ter efeito deletério sobre o paciente em tratamento oncológico e, em alguns casos, tem mesmo a capacidade de acelerar a progressão do câncer e de aumentar o risco de morte.
A SBOC apoia o alerta emitido pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - SBEM, em 4 de janeiro de 2019, sobre o não reconhecimento de especialista em modulação hormonal. O posicionamento da SBEM vem ao encontro da Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1999/2012, que estipula que a reposição de deficiências de hormônios e de outros elementos essenciais se fará somente em caso de deficiência específica comprovada e com benefícios cientificamente comprovados.
Em face ao potencial dano da divulgação de supostos benefícios antitumorais da assim chamada modulação hormonal sobre pacientes com câncer, a SBOC acompanhará com atenção o desenrolar das denúncias já feitas junto aos órgãos criminais e de defesa profissional, com a expectativa de que tais afirmações sejam retiradas de circulação.
Dr. Sergio D. Simon
Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica - SBOC